20190815 - Festival Vodafone Paredes de Coura'19 @ Praia Fluvial do Taboão
Crónicas Opinião

Os momentos do ano para a equipa Música em DX

Já é hábito, o de testemunharmos no final de cada ano os momentos que mais recordamos com saudade. Este ano não é exceção, e damos a oportunidade a muitos de nós, passem o ano a escrever ou a fotografar, de partilhar com todos quais os momentos que mais os marcaram neste ano de 2019.

ELIANA BERTO

“É sempre difícil fazermos aquelas qualificações que a sociedade pede e o povo adora. No entanto, é fácil lembrarmo-nos de momentos marcantes que nos tiraram o chão aquando a observação/audição de um concerto. Feliz ou infelizmente música não nos falta e deixo aqui aqueles foram os momentos que melhor recordo do ano de 2019 (ano intenso este) ordenados cronologicamente. Começo por frisar a surpresa da força da natureza chamada Dead Club, no Sabotage. De seguida é bom referir mais um formigueiro causado pelos Toy, desta vez no Mercado Time Out; a estreia dos enormes The Zeros em Portugal, no Sabotage; a loucura sã dos Suicide Generation, no Sabotage; a loucura infinita carregada de explosões de adrenalina do concerto de Biznaga e The Parkinsons, no Sabotage; a viagem quente, intensa e brutal dos Mondo Generator, no Sabotage; o sempre magnífico concerto de Black Rebel Motorcycle Club, em Londres; a beleza leve e intimista de Phosphorecent, no LAV; o levitar da alma atingido com Bill Ryder-Jones, no Musicbox; o labiríntico concerto dos Servo, no Sabotage; o poderoso e denso concerto de Red Fang, no LAV; o frenetismo dos Bea Bea Sea, no Rodellus; o melhor concerto do ano e um dos melhores da vida com New Order em Paredes de Coura; o inacreditável momento com Spiritualized, em Paredes de Coura e a representação da força humana com Patti Smith no mesmo sítio; o transtorno físico e psicológico de Black Bombaim com João Pais Filipe, na ZDB e, por fim, a surpresa magnética dos All Them Witches, na Sala Tejo. Que nunca nos falte música!”

 

NUNO CRUZ

“Mais um ano chega ao fim para a MDX e como é normal muitos concertos passaram para os blocos de notas e pelos nossos cartões de memória, portanto aqui fica o que mais me marcou no ano de 2019. 

O começo de fevereiro trouxe-nos de novo os Mastodon na sala Tejo, uma banda que quase todos os anos nos presenteia com a sua presença em Portugal ( e ainda bem! ).

Com a chegada do mês de julho, chega-nos o NOS Alive onde os míticos The Cure com 3 horas de concerto nos deixam completamente de rastos; os Idles num palco onde não pertenciam, saltaram, rasgaram e destruíram tudo o que mexia ao seu redor. Para finalizar, o tão aguardado regresso d’os Ornatos Violeta também ao NOS Alive, uma banda que sempre admirei e cresci com ela, que finalmente pude imortalizar quer na minha memória quer no meu ambiente de trabalho. 

Que venha 2020 !!! Mal posso esperar \m/”

 

DANIEL JESUS

“No fim de cada ano, seja no conforto do lar, na participação social das festividades públicas, ou até mesmo num Sabotage perto de vós, há uma retrospectiva que inconscientemente nos percorre levando-nos a repetir a viagem feita.

Creio que, neste final de década, foi algo mais atípico que o habitual com tanto com pontos altos assim como baixos.

Começando pelos aspectos menos relacionados com MDX e mais a nível pessoal, pois doil mil e dezanove trouxe-me surpresas inesperadas: mais um concerto de Mastodon para o cinto, experiência etérea em Tool, a densidade mimadora do Under The Doom e perder a virgindade de Amplifest. Inter Arma, Author & Punisher e Amenra foram-me sentimentos.

Em contraste, já no cerne da coisa e da situação, Sonicblast teve um arranque mais “adamastorizado” este ano. Há um provérbio de Confúcio que realça o cenário: “se há chuva em Moledo, o pessoal gosta na mesma”. Apesar da alegria espalhada no warmup, no dia 1, infelizmente, a intensidade da chuva obrigava a escolher qual das bandas se arriscava a molha. Breves instantes iriam surgindo no decorrer mas nunca uma estabilidade assentada. Tal salvação acabaria por aparecer em doses polacas através dos Belzebong, quando finalmente as nuvens dissiparam, a afluência adensou e o por si só, um expoente máximo, apesar de estarem a substituir um dos nomes cancelados. No mesmo festival, nota para Eyehategod e Windhand a regressarem ao cartaz pois em 2016 acabariam por cancelar a presença. O círculo completou-se. Lágrimas.

No mesmo ano houve também coisas mais agridoces: a despedida dos Slayer e o desaparecimento gradual dos nossos clubes. A idade é um inimigo invencível mas sempre gostamos de nos iludir que as nossas referências são eternas. Apesar da longevidade limitada, o legado é imortal. Lágrimas.

Sabotage é apenas mais um exemplo de esquemas nefastos na aniquilação da cultura, maioritariamente musical. Não alongando e repetindo o que a equipa já disse sobre o tema, cada vez mais estamos a seguir uma linha recta para o abismo. Mas atenção, não é necessário preocupar-nos, pois no fundo estará um escritório à nossa espera.

Para 2020, nova década, aproveitemos aquilo que nos resta pois tudo é finito. Aquele concerto que não nos apeteceu ir não se repete, aquela tournée da banda que queríamos ver foi cancelada porque um membro faleceu, a sala fechou de vez, festival cancelou pois não vendeu ingressos suficientes. Para o número tão redondo e preciso, aproveitemos um pouco mais do que ainda existe.”

 

ANA PEREIRA

“Vamos diretos ao assunto, houve muitos e bons concertos, e outros menos bons ou até mesmo secantes!…Mas vou agora destacar apenas aqueles que me encheram o ego, a alma e que me fizeram realmente vibrar…

Em Janeiro, a voz e o estilo muito especial de Micah P. Hinson regressa ao Musicbox para meu deleite. Ainda tenho em mente o leite com chocolate e a imperial que bebeu ao longo do concerto, mas uma coisa é certa, é sempre um enorme prazer ouvir este senhor. 

No mês seguinte, num ambiente mágico, os Dead Combo encheram o Coliseu dos Recreios para celebrar  o belíssimo Odeon Hotel.

Em Março tive o privilégio de ver dois grandes senhores da cena musical portuguesa e  do rock’n Roll a tocarem em Lille (França) no L’ Aéronef, refiro-me ao The Legendary Tigerman e Mazgani.

Em Abril e pela primeira vez em Portugal, a multi instrumentalista marroquina Hindi Zahra encheu o Capitólio, encantando com a sua voz mágica e surpreendendo-nos a todos com a sua incrível simpatia e proximidade ao público.

Em Maio, King Salami and The Cumberland 3 deram um concerto no Sabotage como se não houvesse amanhã.

Não podia faltar um festival na minha lista, o EDP CoolJazz trouxe este ano os grandes The Roots que deliciaram o público fazendo-o rapidamente largar as suas confortáveis cadeiras para dançar ao som do seu hip-hop/rap com sonoridade funky disco. Sendo eu uma grande  admiradora da cultura chinesa, a curiosidade levou-me ao Musicbox para fotografar Wu Tiao Ren e saí de lá rendida com a sua musicalidade e energia contagiante. A sala estava muito bem composta e os presentes cantavam e dançavam com muito entusiasmo.

Outubro foi farto em grandes actuações, John Mayall, figura emblemática do blues inglês passou pelo CCB para nos mostrar que o blues não tem idade. Já no Lisboa Ao Vivo, pude ver um dos grandes concertos de Mão Morta, banda icônica que simplesmente envelhece como o vinho do porto. Para finalizar o mês, tive o prazer de ver pela primeira vez os D3O no Sabotage, rock’n’roll puro e duro, com uma cumplicidade em palco bonita de se ver. Fizeram deste concerto um momento inesquecível a nível musical.

No meu coração estarão sempre os meus Blind Zero, que passaram pela Avenida Café-Concerto, e os enormes A Jigsaw que vi ora em Coimbra, ora em Aveiro e Lisboa…enfim em qualquer sítio desde que valha a pena! “

 

PEDRO CÔRTE-REAL

“2019 foi estranho. Decidido a fazer a minha parte na divulgação da nova música portuguesa através deste excelente meio de comunicação que é a Música em DX, posso desde já dizer que foram parcos os discos sobre os quais tive a oportunidade de falar, comentar e escrever, e de dissertar numa crónica sobre as suas qualidades – sim, qualidades. Não vale a pena gastar recursos para falar mal. Vale sim, destacar coisas novas que podem e devem na minha modesta opinião, ouvir. Ainda assim, tive oportunidade de escrever sobre os novos discos de Solar Corona, Barry White Gone Wrong, ou Cosmic Mass. Uma ninharia é certo no vulto que é a produção nacional, pelo menos em quantidade. Foram poucos, mas são garantidamente bons discos. Foram poucos no geral, por falta de tempo ou porque os promotores de outros tantos discos não estavam assim tão interessados na sua divulgação. Mas o ano não deverá fechar ainda sem falar de mais um disco de música feita em Portugal e no que a aventuras de concertos ao vivo, relato que estive ausente do âmbito dos grandes festivais, pelo menos no âmbito da escrita, mas vi, ouvi e escrevi sobre concertos em pequenas e grandes salas, e foram todos na sua maioria inesquecíveis: Pixies, The Psychedelic Furs, Sieben, The Manchesters, Actors, Madrugada, A Jigsaw, The Underground Youth de entre outros mais, é que simplesmente não cabem aqui todos. Mais vale mencionar que foram várias as peripécias que sofri ao tentar chegar a horas decentes e não perder o início de nenhum, mais vale dizer que movido pelo amor à música e por todas as gratificações que daí advêm, escrever sobre cada pormenor das noites vividas, tentando transportar os leitores para o lugar de ouvintes, trazendo-os connosco ao lugar onde tudo acontece: o palco, a sala, o público. Noites com poucas horas de sono, é certo, mas um trabalho muito gratificante nesta aventura Música em DX, casa que me acolheu tão bem, talvez há já mais de dois anos. O tempo voa, ainda me sinto a criança iniciante a quem é permitido as suas aventuras literárias tal qual um Shakespeare do rock’n’roll mimado pelo profissionalismo de quem coordena, orienta e gere, e é por isso que após ter fechado o meu ano com a viagem ao Porto no dia 7 de Dezembro para relatar sobre o Post Punk Strikes Back Again 3, outro evento impossível de não mencionar aqui (e que festa de música foi), sinto-me agora com a energia renovada ao escrever estas linhas e que venha 2020 e que continue a aventura. Vou agora no conforto do lar escrever sobre mais um disco de música feita em Portugal. Imaginem-me pois a escrever, com a lareira acesa num ambiente confortável e acolhedor. Boas Festas. “

 

NUNO FERNANDES

“Mais um ano que passou com a Música em DX, mais um ano em que cimentei o meu estatuto como “a mascote DX”. A alcunha creio que se deva à personalidade, gosto por música mais “fofinha” quando em contraste com os meus colegas ou pela idade. Esta última opção levou a que muitas das grandes referências por estas bandas me passasse ao lado. Menos uma: Ornatos Violeta

Infelizmente, a idade não me permitiu viver ou até assistir a uma das maiores referências na música portuguesa. Conformei-me com a situação, porém 2019 surgiu e com ela a oportunidade de finalmente ver ao vivo Ornatos Violeta – não uma, mas duas! E tudo graças à Música em DX. Para esta mascote foi, sem dúvida, o melhor momento deste ano que se viveu por Portugal no que à música diz respeito. “

 

LUÍS MACEDO

“O meu ano de estreia neste projecto não foi muito bem aquilo que eu pretendia inicialmente. Porque assim tinha de ser: vários motivos pessoais e profissionais obrigaram-me a afastar-me da fotografia de concertos (não da fotografia de música) e por isso colaborei com o “Musica Em DX” menos vezes do que eu planeava inicialmente quando falei com o Luis sobre a possibilidade de me juntar a esta belíssima Equipa.

Ainda assim são boas as memórias as que ficam desta minha estreia ténue neste lindo projecto que associa fotografia, escrita e música. E o que desejo verdadeiramente é que haja muito mais destas coisas em 2020 e que consigamos criar mais actividades de promoção destas três vertentes e da unidade do grupo de colaboradores do “Musica em DX”.

Será sempre complicado dar uma banda sonora à minha retrospectiva porque Música é Música, e não consigo definir limites e fronteiras no que oiço. No entanto, se tivesse de optar por um projecto, escolheria uma das bandas que mais me marcou ao vivo este ano (no Sabotage) e porque sou um adepto incondicional da Musica Portuguesa e porque foi das primeiras bandas que fotografei quando comecei esta coisa de fotografar Musica em 2013.

Um Excelente 2020 para todos nós! :-)”

 

LUIS SOUSA

“O ano de 2019 que agora termina não será um ano que eu queira recordar com saudade daqui em diante. Não foi simpático para mim, pessoalmente, familiarmente, ou profissionalmente falando – apesar de,  neste aspeto, ter terminado em bem. Ainda assim, o Música em DX esteve sempre presente, mais, menos, a tempo, ou atrasado, nunca deixei que a minha relação com este projeto parasse. Afinal, já é parte da minha vida há quase 6 anos e, a mal ou a bem, tem-me ajudado a superar várias intempéries, e neste ano que agora termina não foi exceção. Quando decidi desafiar o team MDX a destacar momentos de 2019, também por aqui já pairavam várias sugestões. 

Já em Fevereiro, Echo and The Bunnymen num LAV esgotadíssimo. Black Bombaim na ZDB, TOY no Estúdio Timeout, Mundo Cão no Lux, e a entrevista a António Manuel Ribeiro (na sua casa), lançaram definitivamente este meu ano; Abril, com The Young Gods no LAV, dEUS no Coliseu e Mark Knofler (a “milhas de distância” do palco) no Altice Arena, mas, o mais esperado, estava guardado para Maio. Em jeito de brincadeira entre amigos eu costumava dizer que quando fotografasse os Metallica “arrumaria as botas” no projeto MDX. Pois que entra Maio, e logo no primeiro dia, Metallica no Estádio do Restelo. Não foi o meu supra sumo da fotografia de concerto – stress dos seguranças, nervo meu, fosso demasiado estreito para nos movimentarmos – de qualquer forma, o sonho foi concretizado com missão cumprida. Apanhar com a festa dos The Parkinsons já começa a ser uma obrigação anual, e este ano lá teve também que ser na festa de aniversário do Sabotage Club. Voltando aos clássicos, o mês não terminaria sem estar com Dead Can Dance na Aula Magna

Em Junho começou a febre dos festivais de verão, BB Blues Fest na Baixa da Banheira ou NOS Primavera Sound no Porto foram passagens obrigatórias para aqui destacar. Em Julho, o calor do verão já se instalava, e os bons momentos também. Rod Stewart no Altice Arena, a minha primeira reportagem em festival de Metal com dois dias de VOA’19, Muse no Passeio Marítimo de Algés, e o concerto de Thom Yorke no NOS Alive’19 (estive como festivaleiro), são passagens que jamais irei esquecer.

Agosto significou férias, mas também Vagos Metal Fest’19 (terceiro e quarto dias) – que ambiente!!! –  e Vodafone Paredes de Coura’19 – estava com saudades de um mergulho no Rio Coura.

No regresso pós verão, recordo-me com saudade do concerto de Yann Tiersen em Setembro no CCB, ou da diversão que foi a noite com Las Pipas de la Paz e Carrion Kids no Sabotage Club em Outubro, mas Wayne Hussey no RCA Club e ter-me estreado no Hard Club (Porto) com o Amplifest, foi sem questão o que mais me marcou neste mês.

Em Novembro, The Mystery Lights e My Master The Sun (Sabotage), Weyes Blood no B.Leza, deram o pontapé de partida para um mês mexido que terminaria com o Super Bock em Stock’19 e Waterboys no Campo Pequeno. Dezembro, foi motivo para um grande concerto dos Ornatos em Lisboa, e também para voltar ao Hard Club no Porto para a minha primeira edição de PostPunkStrikesBackAgain (a 3ªedição do festival) dos simpáticos Jorge e Xana Coelho (At The Rollercoaster).  

Ainda sobre este ano que teima em terminar, gostava de referir a tristeza que nos ameaça pelo facto do Sabotage Club em Lisboa poder vir a encerrar em breve. Não escondo de ninguém que, para além da sala em Lisboa que mais se aproxima com o registo MDX, é também a sala que, a par de outras como o Musicbox, sempre nos recebeu como se fosse a nossa casa. Pessoalmente, poucos dias de concertos me faltam para cumprir a centena, objetivo a que me tinha comprometido há semanas mas que, até à data, ainda não consegui realizar. Já não será em 2019, espero fechar este objetivo no início de 2020 com os 4 dias que me faltam. Para 2020, espero sobretudo ser mais feliz, ter mais motivação para dar corda aos sapatos, e vou continuar a agradecer muito a todos os que têm vindo a acompanhar esta aventura. Bem hajam, a eles, e a vocês por nos continuarem a ler! :)”