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Capote Fest’18, transe pela madrugada dentro

O Capote Fest é daqueles festivais que seguimos praticamente desde a sua nascença, mas em que por uma razão ou outra nunca tínhamos conseguido estar tão presentes. Serviu a edição deste ano, a terceira, para nos convencermos que não podíamos deixar passar por mais tempo. Sendo um evento que pretende promover a música portuguesa, rapidamente nos identificámos com esta missão, e não conseguindo estar no primeiro dia (5ªfeira) com os Cajado, chegámos ontem ao inicio da noite a Évora para testemunhar o que já imaginávamos numa noite que seria preenchida com os Plause, Eu Fúria, Awaiting The Vultures e Lâmina.

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Se já sabíamos o que esperar dos nossos velhos conhecidos Lâmina – de Vasco Duarte, Filipe Homem Fonseca, Katari (Anarchics) e Sérgio – as restantes propostas eram para nós surpresa. Gostamos disto, de vir à descoberta e “enervarmos-nos” no bom sentido. Começaram os Plause, uma banda quase local – de Vila Nova de São Bento – que nos propuseram um inicio post punk, registo que nos habituámos a ver com alguma frequência em bandas “novos talentos”. Acusando o facto de serem a primeira banda da noite e o “Monte Alentejano” ainda não estar composto, mostraram algum nervo em intervalo entre músicas mas bem disfarçado durante os temas.

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A segunda proposta do dia não era uma surpresa por completo, os lisboetas Eu Fúria chegaram-nos ao ouvido recentemente com a promoção do tema “Não Temo Nada” e em especial do recente trabalho “Diversão d’Almas”, o segundo da banda após “Namoros Miúdos” (2016). Rock ligeiro mas de riffs guitarra atrevidos, cantado em português e de histórias com sentido, foi uma boa surpresa na voz de João Barradas, vocalista e guitarrista da banda.

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Na terceira proposta da noite, os eborenses Awaiting The Vultures, confirmou-se que o talento está em toda a parte e Évora não é excepção. Nervo, intensidade, e competência q.b., marcaram a atuação desta banda de post-metal como que a dizer-nos que, depois de terem estado nas Cartaxo Sessions em 2017, podemos contar com eles mais vezes perto de nós. “Gozaram” também da vantagem de estar a tocar em casa, e a organização agradeceu por isso.

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Finalmente, os Lâmina. Apesar de parecer que o Stoner está em crise (e eventualmente em “desuso”) – recordemos o que se passou nos últimos anos com o Reverence, mas suspeitamos que este possa ser um erro de casting se nos recordarmos de exemplos com o Sonic Blast em Moledo ou do “voltar à ribalta” das Cartaxo Sessions – rever os Lâmina é sempre uma experiência intensa e quase transcendental. Remetendo-nos a “Lilith”, o trabalho que a banda nos mostrou no ano passado, e a mais alguns temas novos que trouxeram o nervo e a proximidade do caos que poderia faltar em alguns dos temas anteriores, tivemos já pela madrugada dentro o concerto da noite. Se devemos reconhecer o talento em bandas como as que referimos antes, neste caso o talento é um dado adquirido e o que sobressai é a extrema competência que nos oferecem. A isso não é estranho o tempo de terem demorado mais tempo que as bandas anteriores no “setup” antes do inicio do concerto, demonstrado que não vieram até ao Capote Fest para brincar. Tal como Vasco Duarte referiu ao público presente, para que pudessem dar um grande concerto tudo teria que estar na perfeição. A verdade é que ficou, e após algumas afinações necessárias da mesa de som para o palco, assistimos já muito tardiamente a mais de uma hora de intensidade levada ao extremo. Foi bom, muito bom.

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Hoje há mais Capote Fest, o terceiro dia do festival, que tem tudo para ser bom. Bandas revelação, certezas e o final com os já históricos Dapunksportif. Nota final de agradecimento para a Capote Música, recebeu-nos como se fôssemos da casa, não há lugar como o Alentejo.

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Texto – Carla Santos
Fotografia – Luis Sousa