No dia 29 de Agosto, primeiro dia do EXTRAMURALHAS, vestimo-nos de preto e fomos até às Capelas Imperfeitas (perfeitamente imperfeitas) do Mosteiro da Batalha assistir ao concerto dos napolitanos Ashram. Esta banda é composta por Sergio Panarella (voz), Luigi Rubino (piano) e Edo Notarloberti (violino). A sua música neoclássica, neo-romântica proporcionaram-nos um momento de puro deslumbramento. Simbiose perfeita entre a música e o local onde nos encontrávamos, entre a arte e a natureza, entre o divino e o profano. O violino, o piano, a voz, a guitarra embalaram-nos numa viagem sensorial. Não ficámos sem chão mas estávamos sem teto, olhando para cima víamos um céu tremendamente azul, olhando em redor luz, pintando as paredes. Extrema beleza foi o que aconteceu. Houve encore e o último tema foi interpretado pelos três músicos ao piano. Com seis mãos ao piano arrebataram-nos de vez.
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Enquanto caminhávamos até ao Teatro José Lúcio da Silva para ouvir os cânticos vikings dos Franceses Skáld lembrámo-nos do concerto dos Heilung no ano anterior. Este concerto foi de tal maneira pujante que a comparação era inevitável, uma vez que abordam temáticas semelhantes. Mal entrámos na sala uma névoa envolveu-nos. Expectantes aguardámos pela entrada dos músicos em palco. Surgiram vestidos a rigor e automaticamente viajámos até à Idade Média, entrámos na sua narrativa sonora. Utilizaram ossos de animais e chifres de veado como elementos de percussão, para além da lira, da talharpa, da citole tocada com um arco, do jouhikko e da nyckelharpa. Toda esta panóplia de instrumentos, juntamente com os tambores xamânicos de diversos tamanhos, deram vida à cultura musical escandinava, deram vida à música tribal. Contaram-nos histórias de vikings e de deuses, cantaram-nos poemas, entoaram melodias em nórdico antigo, captaram a nossa atenção (tal como tem captado a atenção mundial desde que surgiram em 2018). Os timbres distintos dos três vocalistas Justine Galmiche, Pierrick Valence e Mattjö Haussy exaltaram os feitos passados. Já o tempo avançava quando o Pierrick Valence interpretou sozinho um poema dedicado aos nossos ancestrais, a todos os nossos antepassados (digno de registo). Por volta das 22h30 o concerto chegou ao fim. Aplaudimos de pé e eles presentearam com mais duas músicas. Uma delas cantada, unicamente, a quatro vozes e na segunda pediram que nos aproximássemos, que não nos sentássemos e que cantássemos com eles o tema “Ó Valhalla”. Assim tentámos fazer e marchámos até junto deles. Agradeceram a nossa presença e prometeram voltar se nós quiséssemos. Pelo que vimos foram, e serão, bem-vindos.
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Lentamente, que havia tempo, dirigimo-nos à Stereogun. Ainda não tínhamos chegado quando avistámos uma fila enorme de “góticos” que aguardavam para ver, mais uma estreia em Portugal, Actors – o quarteto de post-punk canadiano composto por Shannon Hemmet (sintetizador/voz), Jahmeel Russel (baixo/voz), Jason Corbert (voz/guitarra) e Adam Fink (bateria). Tocaram o seu mais recente álbum, lançado em 2018, “It Will Come To You” e levaram o público ao rubro (como era expectável). “‘It Will Come To You’ is a masterfully crafted work of darkwave in the grand tradition of British post-punk.” Tivemos a oportunidade de confirmar isso. Tocaram o álbum na totalidade e mais alguns EPs. Foi tão bom que, mesmo assim, soube a pouco. O talento, a entrega dos músicos, os sintetizadores, as guitarradas contagiantes hipnotizaram de tal forma a plateia que queríamos mais. Aplaudimos por mais mas o concerto tinha chegado ao fim. O primeiro dia de festival terminou de forma memorável. Venha o próximo.
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