Concertos Reportagens

Blasted Mechanism, 30 anos em 30 horas

12 de abril de 2025, 9h45. Terminal Intermodal de Campanhã, Porto.

Estava um dia primaveril bem agradável quando o autocarro partiu em direção a Lisboa. Pela primeira vez em 30 anos tive coragem de percorrer tantos quilómetros para ir assistir a um concerto dos “meus” Blasted Mechanism. Fui sempre mais uma fã de absorver a música através do sentido da audição, por ano ia no máximo a dois concertos, mas o momento histórico que ia viver merecia todo o meu empenho.

O sol foi de pouca dura, ao fim de meia hora de viagem o céu começou a escurecer, e logo logo a chuva caía com toda a força. E foi também com chuva que fui recebida em terras alfacinhas onde já não ia há muuuuitos anos.

Mas o entusiasmo de, pela segunda vez no espaço de 1 semana, voltar a presenciar in loco a mais uma celebração dos 30 anos dos Blasted, esse foi gradualmente aumentando, e nem a forte trovoada que atingiu a envolvência da MEO Arena durante a tarde conseguiu desanimar-me.

Às 19h30 a entrada da Sala Tejo já estava bem preenchida de fãs de todas as idades, prontos a embarcar na nave espacial que os transportaria para um Blasted Universe único na música portuguesa e mesmo internacional. O brilho nos olhos de todas as pessoas das várias Blasted Tribes era contagiante, todos estavam preparados para “Start a Revolution” juntamente com a banda.

O início das festividades foi protagonizado pela Jazzy Moon, uma miúda doce de 23 anos que em palco foi crescendo cada vez mais enquanto nos presenteava com os temas do seu álbum “Words Left Unspoken” lançado no ano passado. O seu timbre tão peculiar, carregado de R&B e Soul depressa envolveu uma plateia já muito bem composta, e junto à frontline percebi que várias pessoas conheciam já as letras intensas e tão introspectivas escritas pela própria Jazzy há alguns anos.

  • 20250412 - JazzyMoon @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - JazzyMoon @ MEO Arena (Sala Tejo)
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Jazzy, filha de Pedro Valdjiu dos Blasted Mechanism, presenteou o público com os 7 temas do seu álbum. Como o tenho ouvido assiduamente, confesso que é-me complicado escolher uma música preferida. Talvez a “Why do I bother”… Ou a “Bad Girl”… Mas no palco da Sala Tejo houve uma que chamou a atenção de todos, a música “Your Eyes”, no álbum cantada com Riic Wolf, frontman dos Blasted, e ao vivo com Diogo Coelho aka Tokki da banda lisboeta We Know a Place.

The apples don’t fall far from the trees… Jazzy, o seu baterista David Gonçalves, filho de Fred Stone baterista dos Blasted Mechanism, e os restantes músicos que acompanham sempre a Jazzy, começaram da melhor maneira esta celebração que se pretendia familiar e unificadora. Esta miúda merece ir longe! Esta miúda VAI longe!

E há hora marcada a Blasted Spaceship aterrou! O público vibrou! A banda emocionou e emocionou-se!

Tal como no Coliseu Porto Ageas no dia 4 de abril, os Blasted Mechanism ofereceram aos seus fãs e a si próprios um concerto do caraças!

Percorreram músicas de todos os seus álbuns. Eu definitivamente não queria ter estado no lugar destes 7 cósmicos aliens tribais. Como administradora da fanpage oficial dos Blasted no Instagram eu soube o quanto foi complicado conseguirem escolher as 25 músicas para a setlist. Como resumir 30 anos em 25 temas? Missão quase impossível, mas que foi concluída da melhor forma possível. Obviamente faltaram muitas canções “obrigatórias”, faltou a “minha” Maytsoba do álbum Namaste de 2000. Mas foi A setlist que se impunha sem dúvida.

Foi engraçado perceber do alto do balcão onde me encontrava que no público havia quem não conhecesse as músicas mais antigas, e quem não conhecia bem as do álbum New Militia lançado em 2018.

Mas nada disso demoveu o público que encheu por completo a Sala Tejo. Estava um calor insuportável, era impossivel atravessar a plateia de uma ponta à outra. Mas o poder unificador e intergeracional da música dos Blasted, a paixão pelas músicas que passou de pais para filhos e até para netos, manteve todos em completa sintonia com a banda do início ao fim do concerto.

  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
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  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)
  • 20250412 - Blasted Mechanism 30 Anos @ MEO Arena (Sala Tejo)

E não faltaram motivos para não arredar pé, para dançar até ao final. No palco houve lançamento de fogo durante 7 músicas. Os fãs deliravam sempre que isso acontecia. No palco passaram imagens extraordinárias referentes a todas as gerações de álbuns destes 30 anos. Saliento os gráficos do álbum Sound In Light de 2007, e os do Mind At Large lançado em 2009 já com Pedro Lousada aka Guitshu aos comandos do microfone e letras dos Blasted. Imagens absolutamente extraordinárias e tão nostálgicas! No palco os membros da banda foram usando os fatos mais icónicos destes 30 anos absolutamente únicos!

E no palco estiveram 7 homens, 7 músicos, 7 amigos, 7 eternos IRMÃOS!

Quando os concertos dos 30 anos foram anunciados, quando o Karkov e o Winga, ex-membros da banda, foram anunciados como Special Guests dos dois concertos, senti um misto de sentimentos.

O Winga, com os seus djembes e didgeridoo, com a sua simpatia e loucura habituais, que o levou mesmo a um crowdsurfing sobre os fãs na última música do concerto, iria concerteza encaixar no espetáculo. Mas e a voz e presença do Karkov? Como juntar em palco 3 vozes diferentes, 3 pessoas diferentes, 3 estilos diferentes?

Como? Da melhor maneira possível! O Karkov, o Guitshu e o Riic Wolf funcionaram em perfeita simbiose. Foram extraordinários! Foram um só! Pelos Blasted! Pelos fãs!

O Karkov foi e sempre será um animal de palco. Nem parecia que a última vez que esteve num palco com os Blasted foi há 17 anos! A sua voz tão característica continua igual. A sua presença carismática em palco continua igual. O seu carinho pelos fãs continua igual. O seu amor pelos seus Blasted Brothers continua igualmente FORTE!

Guitshu é um músico brutal. Teve uma coragem extraordinária ao aceitar tomar as rédeas do microfone do Karkov em 2008. Não teve medo. E no palco da Sala Tejo provou isso mesmo. O público vibrou sempre que o palco era dele, das suas músicas, da suas Grab A Song, Start to Move, Really Happen ou a Destiny (Play and See), o single lançado em 2009 pelos Blasted para anunciarem o Guitshu como o novo vocalista da banda.

E Ricc Wolf? WOW! Quando comecei a ouvir o New Militia confesso que fui uma dos muitos fãs que ficou surpreendida pela negativa com a nova sonoridade dos Blasted Mechanism. Nada daquilo me soava a Blasted, para mim aquilo não era Blasted.

Puro erro da minha parte! Ricc Wolf, as suas letras, o seu estilo tão próprio, a sua energia em palco e no meio dos fãs durante o tema Black Gold, TUDO é BLASTED. Ponto.

Por vezes temos de deixar o orgulho de parte, temos de ter maturidade para dar a mão à palmatória e reconhecer o valor de quem temos à nossa frente. Compreendo e aceito perfeitamente os fãs de Blasted que não se adaptaram de todo à nova sonoridade dos Blasted.

Mas eu, quanto mais conheço o Riic mais o admiro. É um músico do caraças! Ele canta, escreve e produz. Para os Blasted mas também para artistas conceituados da música portuguesa. E é um ser humano bom! Genuinamente bom! E para mim um dos momentos altos dos dois concertos de celebração dos 30 anos foi sem dúvida protagonizado pelo Riic, quando cantou praticamente à capella a Rebellion, a música com que os Blasted Mechanism concorreram ao Festival da Canção RTP em 2020. Speechless & Unbelievable!

E quanto aos grandes Ary, Fred Stone e Valdjiu? Age is just a fuckin number, eles continuam verdadeiros animais de palco. Foram, são e sempre serão a alma dos Blasted. Músicos e homens de 1ª categoria. Os meus novos Brothers In Arms!

Tal como o David, filho do Fred, que tanto no Coliseu como na Sala Tejo, foi convidado para ocupar o lugar do pai durante a Atom Bride Theme, a primeira música que me fez colar de imediato nesta tropa de malucos em 1995, antes mesmo de lançarem o Balayhashi.

Durante o (longo) meet & greet tive oportunidade de falar um pouquinho com o David. A alegria no rosto dele foi emocionante. Este miúdo está mais do que habituado a grandes palcos como baterista do Mickael Carreira, por exemplo. Mas tocar com os Blasted, na bateria do pai, num “palco” tão familiar para ele desde os tempos em que bem pequenino corria e brincava enquanto a banda fazia os soundchecks, foi para o David uma experiência única, inexplicável e memorável.

O editor da MDX Magazine deu-me total liberdade para escrever esta reportagem texto. Eu avisei-o que quando começo a escrever não paro. Principalmente se o tema me diz tanto como este, os “meus” Blasted Mechanism, a minha banda preferida de todos os tempos. E mesmo tendo autorização para escrever um texto enorme, isto realmente está mais longo do que realmente pensei conseguir escrever. E falta tanta coisa ainda por dizer.

Mas não posso terminar sem antes registar um momento que tocou na alma de todo o público. O momento em que Karkov, em nome de todos estes músicos extraordinariamente humildes e gratos, agradeceu a todos os artistas das mais diversas áreas que trabalharam com os Blasted ao longo destes históricos 30 anos. Às mais de 50 pessoas que trabalharam incessantemente para montar o extraordinário espetáculo que foi oferecido aos fãs. Aos seus familiares. O momento em que a banda chamou ao palco dois dos muitos extraordinários colaboradores dos Blasted que acompanham a banda, alguns há precisamente 30 anos. Emocionante demais, e totalmente merecido, o agradecimento da banda e a ovação do público a todos os que trabalham com e para os Blasted longe dos holofotes.

Eram 7h45 de dia 13 quando aterrei do Terminal Intermodal de Campanhã, na MINHA solarenga cidade do Porto. Depois de mais de 24 horas acordada. Depois de viver uma das mais extraordinárias aventuras dos meus 50 anos de vida. Cansada, corpo e alma. Tive de me agarrar a um corrimão durante uns 2 minutos pois as minhas pernas tremiam. Mas feliz, imensamente feliz!

Os Blasted Mechanism são únicos. Não há nenhuma outra banda como os Blasted. Em Portugal, nem no mundo inteiro. Em dois concertos os Blasted provaram que estão mais fortes do que nunca. E que têm fãs fiéis que os vão apoiar incondicionalmente hoje e sempre. Fãs e amigos que estarão a apoiar o banda quando os Blasted voltarem a oferecer-nos uma celebração dos seus 40, dos seus 50 anos de carreira.

Os Blasted merecem voltar ao topo da música portuguesa! Os Blasted VÃO voltar ao TOPO! Os Blasted Mechanism são GRANDES, ENORMES! E é uma honra e orgulho fazer parte desta caminhada, desta enorme BLASTED FAMILY.

Blasted Never Fails, o novo lema dos Blasted Mechanism, é completamente verdadeiro e genuíno!