Os ingleses The Horrors passaram por Portugal na digressão de promoção de Night Life lançado a 21 de Março. Estas doses duplas têm vindo a tornar-se um hábito extremamente salutar e aqui neste caso em específico com a At The Rollercoaster, a 9 de Abril no Porto no Hard Club e no dia seguinte em Lisboa na República da Música não foi excepção.
A banda de Southend-on-Sea que iniciou actividade em 2005 e conta com sete álbuns e alguns Ep’s numa discografia bastante heterogénea sendo atravessada por sonoridades que vão desde um inicial garage punk com um tom gótico bastante firme, tom esse para o qual se foram identificando cada vez mais . Desta vez o interregno de quase oito anos desde V, havia aumentado bastante a expectativa sobre o colectivo agora centrado em Faris Badwan (voz), Rhys Webb ( baixista ) e Joshua Hayward (guitarra) aos quais se juntaram Amelia Kidd (teclas)e Jordan Cook (bateria) tornando Night Life o primeiro registo da banda a não ser gravado com o line up original do qual se afastaram no início da década Tom Furse e Joe Spurgeon. É visível que apesar do hiato e das diferenças ainda mantém por cá uma legião de fãs bastante sólida. Assim, não foi surpreendente ver a sala da República da Música praticamente esgotada para os receber na passada quinta feira.
À boa maneira dos Horrors e sem grandes aparatos cénicos, porque o aparato são os próprios, mas com muito nevoeiro à mistura o concerto começou por volta das 21:15 ainda com algum público a chegar à sala debaixo de uma chuva persistente que teimou em não abrandar mas também não demoveu o público impaciente para entrar.
Abriram a noite com The Silence That Remains, primeiro single lançado ainda em 2024, que rapidamente lançou grande parte do público num ligeiro frenesim, aquecido por Three Decade’s e Mirrors Image ao regressarem no tempo até 2009 ao longínquo mas ainda bem presente Primary Colours. Night Life é ainda muito recente nos ouvidos dos fãs e poder-se-ia supor não parece falar directo aos mais obscuros segredos dos ouvintes, ao contrário de músicas como de Sea within a Sea ou Endless Blue. Mas não, foi mesmo em More Than Life, sensivelmente a meio do concerto que senti a sala mais focada em tudo o que se estava a passar em palco.
Scarlet Fields já no encore mexeu bastante com a multidão, mas foi Something to Remember Me By de V a escolhida para encerrar e selar num piscar de olho à cumplicidade com o público a quem várias vezes agradeceram terem vindo celebrar os 20 anos dos Horrors numa noite desenhada á medida dos fãs mas também a cativar público para lá da esfera habitual de influência.