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A Euforia tomou o Sabotage com o Rock Nacional

Na passada sexta-feira o MUVI Lisboa – Festival Internacional de Música no Cinema e o Sabotage Club no seu trabalho conjunto trouxeram-nos a “Sabotage Muvi Calling #02”, a segunda festa deste ano que relaciona a música com o cinema. A parte da música teve como protagonistas duas bandas de rock nacional, Uaninauei e TV Rural, e a parte do cinema foi ocupada com a exibição do documentário Sujo: Um Mini-Doc, de Ricardo Oliveira, sobre o trabalho à volta do último disco dos TV Rural.

Sendo sexta-feira era bastante propício a que a sala do Sabotage se enchesse, por isso, pouco antes da meia-noite, não foi surpresa ver a sala preenchida de pessoas a aguardar que os últimos arranjos fossem feitos em palco. O começo oficial da noite foi sem sombra de dúvida quando o vocalista dos Uaninauei Daniel Catarino subiu ao palco e deu uma gargalhada maléfica, tendo os restantes quatro elementos da sua banda a assumir os seus lugares rapidamente e daí para a frente tocaram temas dos seus dois álbuns Lume de Chão e Dona Vitória. Com espaço à frente do palco vago nada impedia Daniel Catarino de avançar e cantar cara-a-cara com o público festivo! Tocaram “Aldeia Sem Taberna”, “Chamas Em Mim” que vai entrar no terceiro álbum da banda de Évora, “Cabeça de Motör” dedicada ao falecido Lemmy e ainda “Maria Manuela” dedicada ao TV Rural por serem a melhor banda portuguesa dos últimos trinta anos. Em nenhum momento faltou boa disposição do público, houve abundância tanto de gritos como de aplausos e a situação quase que evoluía para um moche pit.

A transição das bandas em palco foi facilitada com a exibição do documentário Sujo : Um Mini-Doc que em dez minutos mostrou o processo da gravação do EP Barba até finalizarem Sujo onde a banda volta às sua origens.

Num instante os TV Rural estavam em palco a abrir a actuação com “Correr de Olhos Fechados”, David Jacinto que é a voz principal sorria imenso, sem parar de se mexer cativou que todos com ele cantassem todo e cada tema ao longo da noite! O ritmo foi alucinante, sabe bem quem já teve num concerto desta banda de loucos, a sala não demorou a ser demasiado quente para o baterista João Pinheiro que actuou o resto da noite sem a sua t-shirt.

Ainda com “Ligeiro Ciúme” do último álbum, voltou ao palco Daniel Catarino para uma actuação em conjunto, ecoava pela sala o refrão mas depois não era a mesma coisa, não houve maneira de oferecer resistência ao espírito contagiante que tomou toda a gente. Sorrisos não faltavam, o Sabotage sabe receber o rock. Não faltou também outros temas como “Quando Troveja”, “Quem Me Chamou” ou o single do último disco “Pedra é Pedra”. Neste espírito de festividade nem era pensável que a banda terminasse o espectáculo sem um encore, tocaram “Mulher Da Minha Vida” e o tema que já era pedido aos gritos desde o meio do concerto, “Bailarina”. Nem acredito que alguém estivesse verdadeiramente cansado ao ponto de recusar mais música apesar da hora já tardia, só posso esperar que voltem rapidamente a Lisboa.

Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Ana Pereira