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Cobalt Cranes, guindastes de rock

Quarta-feira, dia 27 de Janeiro, o Sabotage Rock Club abriu as portas a mais uma noite de boa música. Os convidados eram os Cobalt Cranes, em digressão pela Europa, e os Raptor Attacks, que abririam a noite.

Para uma noite que separava a semana em duas, o espaço do Sabotage encontrava-se bem composto. Por volta das 23h15, tomam conta das suas posições umas caras conhecidas pelos palcos lusos, os Old Yellow Jack, que afirmavam ter assumido outro nome há poucos dias. Algo de misterioso e curioso.

Os Old Yellow Jack ou Raptor Attacks são mais uma banda de rock psicadélico. A qualidade existe por entre distorções contrapostas e contagiantes e pedais alucinogénios. O ritmo envolve e, se fecharmos os olhos, consegue absorver-nos no mundo caleidoscópico do psicadelismo e do synth rock. No entanto, se mantivermos os olhos fechados, ao absorvermos cada nota e acorde somos sugados para faixas de Tame Impala. A semelhança é gritante e algo pouco original quando podia ser feito muito mais com o talento existente.

Os quatro rapazes de Oeiras, tocaram do EP Magnus: “Luanda”, “Twolightbulbus In A Skull” e “The Man Who Knew Too Much”; apresentaram dois temas novos: “Kurt” e “Jam” e reviveram ainda a primeira faixa que compuseram: “Shoot The Moon”.

 

Os Cobalt Cranes, banda de Los Angeles formada por Kate Betuel e Tim Foley tinham já passado, dias antes, pelo Stairway e iam passar pelo Maus Hábitos nesta sua primeira visita a terras lusas. Vinham para dar tudo e assim aconteceu. Felizmente, contrapondo a inocência, clareza e limpidez com que soam em estúdio, ao vivo cheira-se maturidade à distância. A dupla, intima e cúmplice, acompanhada por mais 3 elementos tem uma aura à sua volta incapaz de não deixar uma sensação de inquietude e saciedade em todos os que assistem ao concerto.

Apresentam um rock de garagem sensual e melódico coberto de flores e símbolos de paz. A este quadro, juntam subtilmente pinceladas de grunge e de uma magia capaz de tornar qualquer composição apetecível ao ouvido.

A simpatia e presença em palco contribuíram também para valorizar esta noite de rock. As duas vozes em uníssono resultavam em melodias suaves que se entranhavam pelos poros dos presentes e faziam com que esboçassem um sorriso puro. A bateria, madura e potente, enfeitiçava as cabeças e fazia com que abanassem subtilmente e as cordas bordavam a saborosa teia que nos envolvia a todos.

Em cerca de 50 minutos tocaram faixas novas, as conhecidas “Head In The Clouds” e “Love Me Doom”, cantaram os parabéns ao guitarrista que fazia anos nesse dia e ainda voltaram para um encore de uma faixa.

 

O Sabotage Rock Club, ensinou, uma vez mais, que o sofá é uma má opção, mesmo no meio da semana.

Texto – Eliana Berto
Fotografia – Daniel Jesus