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Salto apresentaram “Passeio das Virtudes”

A abertura de portas estava marcada para as 22h00, o início do concerto para as 22h30. Chegados ao Mercado da Ribeira e ao Estúdio Timeout, o ambiente era de ânimo e as filas para levantar os bilhetes e até comprar discos eram consideráveis. Os Salto são uma banda do Porto, mas quem ali chegasse perto da hora prevista de início pensaria que eram uma banda da capital, tal a afluência – o que não é assim tão comum. E apesar de se ter saltado um bocadinho a parte da pontualidade, o concerto começou pelas 23h, a verdade é que mal subiram ao palco o público fez questão de se estreitar e desde o primeiro momento que o apoio e a aclamação foram constantes.

 

Passeio das Virtudes, trabalho que apresentaram, é o primeiro disco de Salto enquanto banda de quatro elementos. O disco anterior, homónimo, contava apenas com a composição do Guilherme Ribeiro e Luís Montenegro, mas entretanto, 10 anos depois, juntaram-se o Tito Romão na bateria e o Filipe Louro no baixo. Se em 2012 o duo não deixava ninguém cair em monotonia, em 2016 o quarteto apresentou-se com uma nova riqueza e dinâmica em palco. Já antes os tinha visto, tanto há dois anos no Fusing, como o ano passado no Bons Sons, mas nunca com este alinhamento. Nessa perspectiva, tem sido interessante acompanhar a evolução da banda e como também parecem crescer em palco. A confiança crescente e a própria interacção entre os quatro transmite uma energia muito boa, uma familiaridade e harmonia que fazem a diferença.

No que toca à sonoridade, este é um dos maiores trunfos de Salto – as suas composições estão cada vez mais ricas, diversas e diria mesmo que navegam entre estilos que isolados poderiam parecer opostos, mas que pelas mãos da banda se conjugam em plena provocação e deleite. Confesso que a parte lírica não me diz tanto, mas que curiosamente acho que as vozes trazem outra camada sonora muito complementar. A entrada de um baixo mais pujante também faz a diferença, tanto no disco como nos concertos, em que groove é coisa que não falta ao Filipe.

No início o concerto não contou com muita interacção com o público, ao contrário do que já tem acontecido, mas pedidas as desculpas pelo atraso, tal pode estar justificado dessa forma. Já no fim, encore prestes a começar, todos os presentes foram convidados a subir ao palco e a festa transbordou por completo. Não faltou crowdsurfing nem ancas dançantes, a euforia consumou-se e não faltaram sorrisos transbordantes nas caras dos fãs. A confirmação do sucesso ficou provada pelos números que se fizeram anunciar nas sete centenas de pessoas presentes. Que continuem a saltar muito mais com tanta ou mais virtude como nesta noite.

 

Texto – Sofia Teixeira
Fotografia – Nuno Cruz