Dia preenchido e planetas alinhados para algo especial. A começar pelo bom tempo, contrariando a depressão do dia 3, assim como a excelente notícia que os bilhetes diários foram todos vendidos. Hoje começámos a visita alternada entre SIRB “Os Penicheiros” e Sala 6 com várias experiências, com o primeiro a receber funcionário com um digi drone a servir de banda sonora das luzes solares que rompiam a sala.
A travessia mudava para Martina Berther na Sala 6 com o seu baixo a servir de portal; como antítese no slot seguinte, Tashi Dorji faria semelhante mas com guitarra num segmento mais jazz, talvez mais movimentado e rítmico. Aqui a sala estava cheia, com pessoas à porta a tentar ter um lugar.
De volta aos “Penicheiros”, Rai Tateishi (com auxílio de Koshiro Hino) dava lugar a um movimento mais transcendente com instrumentos de sopro. A dupla Joana Guerra e Yaw Tembe mantinham a elevada fasquia de sons imersivos, com violoncelo e trompete a quem ainda não tinha descido do topo.
De sons sensoriais, passamos para o Gasoline onde normalmente há sons explosivos. Hoje não foi excepção e terá sido mesmo além do imaginável. Lord Spikeheart criou um movimento ali na hora quando rebentou o rap hardcore, digital noise, death metal tudo numa misturadora bem instável. Instabilidade essa que foi adensando com incitações ao mosh e corridas desenfreadas no palco.
bbb hairdryer tinha ainda algo a dizer antes de terminar mas isto é o Gasoline e esta noite prova que fica arrisca-se a seguir regras. A banda vira costas ao público mas não à entrega, há muito para dizer e pouco tempo para o fazer. Diz-me quem és e dir-te-ei o que faço por ti: bbb hairdryer fez muito por nós todos e não apenas ali.
Chegamos à ADAO. Somos confrontados com um gigante objecto em palco assim como equipamento electrónico de presença. Amuleto Apotrotaico tem o seu cartão de visita no centro e mostra-nos a identidade digital low key e flautas à mistura. Paira no ar uma sombria sensação de onda.
À entrada, as primeiras batidas abafadas de GHOST DUBS entram nos ouvidos, mente e ossos. As primeiras faixas convidavam ao movimento mais subtil mas rapidamente elevou para rendição total e sincera. Com poucos minutos de iniciar, sentia-se um out.fest em peso com curiosidade em querer saber mais. Apenas uma distração ia na nossa cabeça: isto podia durar para sempre e ninguém se importava.
Ainda antes do excelente dub finalizar já na sala principal estava cheio de gente para ver Cuntroaches. O que aconteceu quando entraram foi nada inferior a uma apoteose insana, com lixo a voar pelo ar, mosh, crowdsurf, gritos e sorrisos. Uma mistura de noise hardcore, black metal e berros frenéticos de incitação levou a uma anarquia bem necessária. Em pitch noise, baixo a rasgar e bateria a ser mutilada, nada se esperava menos de uma banda destas.
Agradecimentos sentidos à organização do Out.Fest!
