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Wide Wall, Tree Tall, o terceiro dos Cave Story

Wide Wall, Tree Tall é o mais recente álbum de originais dos Cave Story, editado a 31 de março deste ano. Depois da ‘listening party’ no passado dia 23 de março no bar Vago, o quarteto das Caldas da Rainha apresentou ao vivo em Lisboa o novo álbum. Depois da edição do EP The Town, em dezembro de 2021, Wide Wall, Tree Tall é a compilação de um trabalho dos últimos dois anos e está francamente bom!

Depois do Porto (Festival Termómetro), Guimarães (Wesway Lab) e Aveiro, foi a vez de Lisboa receber no B.Leza na passada 5ª feira, o Gonçalo Formiga (voz e guitarra), o José Sousa (guitarra e percussão), o Ricardo Mendes (bateria) e o mais recente elemento da banda, a baixista Beatriz Diniz (aka April Marmara) que substituiu o Pedro Zina, agora a viver na Finlândia.

Com o Tejo como cenário e mergulhados numa penumbra de luz, os Cave Story tocaram de rajada e quase sem pausas praticamente todo o último trabalho. Uma pitada de Punk Academics (segundo álbum, 2018), que mereceu a abertura do concerto (“Hill so White”) e apenas um cheirinho de West (primeiro álbum, 2016) com o tema “Southern Hype” que, segundo Gonçalo Formiga, é a canção que mais tocaram até hoje. O segundo single do álbum, “Ice Sandwich” surgiu a meio do concerto e numa altura que as distorções das guitarras já tinham feito saltar os fãs para a frente de palco. Já “Sing Something For Us Now” (primeiro single) ficou guardado para a segunda parte e mereceu uma atenção redobrada de Formiga que à terceira tentativa lá descolou na afinação (o som também não estava nas melhores condições…).

Os Cave Story mostraram uma vez mais, a sua irrepreensível capacidade técnica e de composição. Que são uma banda que leva muito a sério todas as suas produções e que isto de fazer boa ‘música’ dá trabalho e requer muitas horas de dedicação. O facto de estarem juntos desde sempre pode facilitar o processo criativo mas, por outro lado, também os torna mais exigentes em cada disco que editam. O sucesso de West e de Punk Academics, este segundo talvez o mais ‘crú’ dos 3 álbuns, eleva a banda das Caldas para um patamar acima da média da maioria das bandas deste(s) género(s) musical. Wide Wall, Tree Tall, apesar de manter estruturalmente a linha distorcida das guitarras dá-nos uma abertura, mesmo que subtil, para sons mais densos e introspectivos, quase que hipnóticos. A voz de Gonçalo Formiga está francamente mais madura, permitindo robustecer o tom grave que lhe é característico, e assim dar uma continuidade limpa e homogénea ao longo dos temas. Outra boa surpresa foi o elemento feminino da banda, a baixista Bia Diniz, que sob o feixe de luz ténue encaixou na perfeição no retrato deste quarteto.

Intenso, sem pausas, sem conversas, sem encores. Apenas uma pequena surpresa no final, onde tocaram uma versão (melhor que a original!) de “Punks in The Beerlight” dos The Silver Jews. Este é definitivamente mais um bom disco dos Cave Story.