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No Dia dos “Entas” no Rock In Rio, Bush, Delfins e Duran Duran foram os Reis

O terceiro dia de Rock In Rio 2022, o nosso segundo, foi um dia destinado aos “‘entões”. No passado sábado, o Parque da Bela Vista em Lisboa esteve perto de esgotar, e onde a maioria do público presente estaria entre as décadas de 40 ou mesmo 50 anos de idade.

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Todos nós, e eu também me incluo nesta faixa etária, mesmo não sendo fãs acérrimos de bandas como os UB40, A-Ha ou Duran Duran, lembramos-nos de pelo menos um ou dois hits destas bandas tantas foram as vezes que os vimos (e ouvimos) no já extinto “Top +” da RTP.

Tivemos também neste dia os Bush, fenómeno mais recente (a formação da banda data de 1992), mas que ainda apresentam uma saúde de invejar a muitos jovens “rockeiros” que estão a começar, ou, outros mega hits nacionais como os Delfins ou o auto entitulado “Pai do Rock Progressivo Português” de seu nome José Cid.

Passámos ainda pela Rock Street para assistir a outros fenómenos orientais como a paquistanesa Arooj Aftab – recente premiada “Best Global Music Performance” nos Grammy Awards 2022 – ou o sírio Omar Souleyman.

Quando entrámos no Parque da Bela Vista, o primeiro concerto a que assistimos foi o de Luca Argel no palco GALP Music Valley, músico brasileiro que nos tem acompanhado há alguns anos. Entre a sua poesia, boa disposição e algum samba também, acabou por ser um bom inicio de dia no Rock In Rio.

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Seguimos, ainda de forma tranquila, para o Palco Mundo, onde iriamos estar no primeiro concerto do dia neste palco que é o principal do evento. Bush foi a banda que iniciou as hostilidades, e convenhamos, ninguém estava preparado para o que seguia. Merecedores de uma plateia mais numerosa, e quiça, menos luz solar, Bush foram eles mesmos no Rock In Rio. Já conhecíamos o registo de Gavin Rossdale, vocalista da banda britânica, e sabíamos que muito provavelmente o teríamos por pouco tempo no palco. Não que pretendesse acabar o concerto mais cedo, ou alguém dali o despejasse, mas sim porque Gavin adora envolver-se no meio do público. Na memória levávamos os últimos concertos da banda em Lisboa, e o “dó” que nos deu em ver os técnicos e seguranças da banda a percorrer o Coliseu inteiro entre público, perseguindo Gavin, enquanto este distribuia beijos e abraços a todos os que cruzavam com ele. Bom, no Rock In Rio não foi diferente. Assim que se tornou possível, lá foi Gavin fazer meia plateia Rock In Rio, em ritmo bastante acelerado, sendo perseguido novamente pelo seu segurança – que já deveria estar em melhor forma fisica para estes desafios – e claro, pelos cameran’s da organização que se deliciavam nesta aventura (ou talvez não). A banda deu tudo, mostrou que os anos 90, e em especial o Rock, não é feito de “divas”, e só pecou por pouco – faltaram alguns êxitos como “The Chemical Between Us”, mais tempo para a banda, e menos luz solar – com luz artificial do palco teria outro gozo para o nosso fotógrafo. Bush, voltem rápido, dizemos nós.

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A seguir, Rock Street com Arooj Aftab, a paquistanesa recém premiada nos Grammy Awards 2022 com o prémio “Best Global Music Performance” e que marcou presença também no dia seguinte em Sintra pelo Muscarium #8. Foi a curiosidade que nos fez passar por lá, e bom, sem considerarmos que tenha sido uma festança, é importante dar-se a oportunidade a projetos diferentes, alternativos, e sobretudo, com a qualidade que caracterizam esta autora.

+ fotos na galeria Rock In Rio 2022 dia 25jun Arooj Aftab

Por falar em culturas diferentes, voltámos depois do Palco Mundo para rever uma das bandas mais icónicas da cultura regaee nos anos 90. Agora “desmembrada”, tivemos em palco os UB40 na sua versão “feat. Ali Campbell”, convenhamos, a verdadeira voz da banda mesmo com os seus 63 anos de idade – a par de Astro, seu amigo de sempre, falecido em Novembro do ano passado com 64 anos. Ali não foi simpático para os fotógrafos, mantendo-se sempre no micro e obrigando-os a estar devidamente distanciados tentando que fossem menos evidentes os resultados dos anos que passaram (dizemos nós), mas, dizemos nós, não o conseguiu evitar pela voz. Não que a voz “já não esteja lá”, está, mas os anos não perdoam, e o esforço foi sendo mais claro a cada tema que a banda tocava. Ali também já não “ginga” como antigamente, mas nada disso importou quando a plateia já estava esgotada, e a Paz e o Amor reinavam no Parque da Bela Vista. Uma salva ao mestre de cerimónias, Frank Benbini, ajudou e de que maneira a compensar as ajudas necessárias a Ali.

+ fotos na galeria Rock In Rio 2022 dia 25jun UB40 feat. Ali Campbell

Se há quem se preserve “intacto” por mais anos que passem, esse é Ney Matogrosso. Que “monstro” fomos nós encontrar no palco GALP Music Valley. Não podemos dizer que seja um registo que procuremos habitualmente, mas este é um evento da diversidade e multidisciplinaridade, e sejamos honestos, dispensar a oportunidade de testemunhar, uma vez que seja, um dos grandes mestres da música e do espetáculo na história da música? Ney é, aos 80 anos de idade (!!!), imprevisiblidade, improviso, performance, voz, presença, carisma, e mais objetivos nos lembrássemos. Também mais espaço houvesse na frente de palco, ou, talvez tivesse sido melhor ideia incluir Ney em outro dia no Palco Principal.

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No regresso para o Palco Mundo, passámos pela Rock Street para o parte do concerto do sírio Omar Souleyman, depois da sua passagem mais recente no Musicbox Lisboa em 2018. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, e é dificil largar. Naturalmente, não dominamos o seu idioma, mas é inegável a energia que passa e contagia todos os que por lá vão ficando. Revelou-se um excelente boost para o resto do dia.

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Os noruegueses A-Ha seriam os senhores que se seguiam, de novo num regresso aos mais famosos hits dos anos 80. Detentores de uma verdadeira legião de fãs no Parque da Belavista – foi a única banda em que testemunhámos a presença dos responsáveis pelo clube de fãs oficial em Portugal – cedo se percebeu que seria uma hora de concerto plena de “suspiros” em tom feminino oriundos de uma plateia de novo esgotada – eventualmente em versão masculina também. O vocalista Morten Harket já não tem a potência vocal de outrora, gere-a de forma muito inteligente, e apesar de alguma timidez, continua a usar todos os seus argumentos que o tornam ainda uma figura carismática em palco. Quem procurava ouvir os maiores hits da banda não saiu defraudado, e foi ainda presenteado com alguns dos temas mais recentes do álbum “Minor Earth, Major Sky” (2019). De referir também a mensagem de paz transmitida pelo teclista Magne Furuholmen na sequência do atentado ocorrido em Oslo na manhã deste dia.

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Regressámos depois ao palco GALP Music Valley para o reencontro com os Delfins, banda que marcou a juventude da maioria dos presentes. Miguel Ângelo e companhia estiveram em grande forma para um regresso já muito ansiado, regresso que foi acompanhado em coro do público em todos os seus temas. Não faltaram os grandes êxitos da banda e os sorrisos permanentes do público.

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Por fim, Duran Duran no Palco Mundo. Se consideramos o concerto de Bush o momento alto do dia, o concerto de Duran Duran foi para nós o momento alto da noite. Rock, Pop, espetáculo, e atitude da banda “em barda”, era o necessário para terminarmos a noite em grande. Simon Le Bon é uma rock star na sua plenitude, e coloca tudo em palco. A partir de meio do concerto não conseguiu disfarçar alguma rouquidão (natural, diríamos), mas nunca facilitou. Começaram com “Wild Boys” (que outra melhor forma), e não faltaram “A view to a kill”, “Notorious”, “Ordinary World”, “Save a prayer” (que dedicaram em especial ao povo ucraniano) ou “Girls on film” para fechar. Que concertaço!

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A nossa presença no Rock In Rio terminou com o terceiro dia de evento, por opção e em alinhamento com a nossa linha editorial. Saudamos o seu regresso em 2022, saudamos de novo o regresso em 2024, e ansiosamente vamos aguardar até lá. Para nós foram dois dias intensos, plenos de excelentes espetáculos, provando que entre outros fatores distrativos que fazem parte do RiR, é possível focarmos-nos apenas e só na música. Devemos também o nossos parabéns a quem nos ajudou e apoiou durante estes dias, em especial a toda a equipa Lift que suporta toda a relação com a imprensa.