Concertos Reportagens

Elisa Rodrigues, a musa do jazz

Elisa Rodrigues lançou o novo álbum, As Blue As Red, há cerca de três semanas, e quinta-feira, 24 de Maio, foi finalmente a vez de o apresentar ao vivo no Cineteatro Capitólio.

Enquadrada no universo jazzístico, Elisa Rodrigues pode para muitas pessoas ser só agora uma descoberta, mas para os mais atentos já a podem ter visto em sítios como o Hot Club, a Fábrica do Braço de Prata, ou até mesmo em festivais como o EDP Cool Jazz. O seu primeiro disco de originais, As Blue As Red, saiu no início do mês, e conta com temas escritos não só pela própria, como também por Luísa Sobral, Joana Espadinha e Pedro da Silva Martins (Deolinda) a quem foi agradecendo durante o concerto.

A noite começou com a música que abre o álbum, “Just Start a Fire”, ouvindo-se a bonita voz de Elisa à capela, acompanhada apenas pelo bater dos pés no chão efetuado pelo resto da banda. A banda, essa era Alexandre Alves e membros de Cassete Pirata, nomeadamente Margarida Campelo, João Firmino e António Quintino que assumiu a direcção musical do projecto.

Por ter tanto de leve como de doce, entre uma nuvem e algodão, talvez seja a melhor forma de definir a voz de Elisa. Passando por todas as canções do trabalho em apresentação, graças a essa mesma voz, foi como se todas as preocupações e responsabilidades tivessem sido levadas de cima dos nossos ombros. Mas para não serem só novidades, a intérprete cantou-nos também versões arranjadas de músicas mais conhecidas como “Ain’t no sunshine”, de Bill Whiters, e “Dumb” dos Nirvana, antes da qual pediu desculpas para o caso de haver um fã sensível que pudesse ficar ofendido. No entanto, isso pareceu altamente improvável uma vez que ambas as versões foram brilhantemente tocadas e cantadas, algo que se notou pelos aplausos do público. Interagindo várias vezes com a plateia sentada à sua frente, Elisa mencionou que todas as músicas no álbum eram sobre amor porque ela mesma é uma pessoa apaixonada, e que vive intensamente as paixões. E porque a música é uma dessas paixões, talvez tenha sido essa a razão que fez com que momentos, como quando foi tocado “Vai Não Vai”, tenham sido tão bonitos de presenciar.

“Eu nunca sei se as pessoas vão querer ouvir mais” dizia-nos a cantora ao regressar para um encore. Chamou então para cantar consigo Luísa Sobral, de quem já tinha falado, e que terá escrito o último tema do álbum, “Pontinho”. De forma não preparada, ao cantar, ficou evidente a amizade e cumplicidade existente entre a intérprete e produtora de As Blue As Red, que contou ainda ao público “A Elisa não tem noção do quão incrível é”. Para terminar o concerto, ouviu-se pela segunda vez nessa noite o mais recente singleIn And Around You”, seguido de um forte aplauso a todos músicos em palco.

Texto – Luisa Pereira
Fotografia – Ana Pereira