Concertos Reportagens

Electric Moon e Talea Jacta, a linguagem do Universo

O Sabotage Club celebrou, durante a passada semana, com uma série de concertos nacionais e internacionais, o seu quinto aniversário. Esta casa do Cais Do Sodré que se pautou desde o primeiro momento como um local de quase paragem obrigatória para todos os que sentem o chamamento dos riffs ou em cujos os corações bate mais forte cada toque na bateria acolheu durante esta semana Debut!, Jibóia, Xinobi, Ricardo Remédios, KVB e  no último dia, os portugueses Talea Jacta e o trio alemão Electric Moon. Um aniversário onde imperou a diversidade de estilos e de públicos. A noite de sábado pareceu começar e passar mais rápido que todas as outras em todos os aspectos. A pista encheu rapidamente depois da abertura das portas e nessa noite encontrámos muitos dos habituais frequentadores do Sabotage a desfrutar o aniversário e a comentar a festa que se iria seguir protagonizada por vários dj’s, já habituais por estas paragens como David Polido e A Boy Named Sue, a acompanhar Nuno Rabino, Dj residente do espaço desde Julho de 2016.

Os Talea Jacta são João Pais Filipe (HHY & The Macumbas, Sektor 304, Montanha Magnética, Paisel) e Pedro Pestana (10000 Russos, Tren Go! Sound System). Com tanto curriculum a ver pouco ou nada poderia falhar aqui. E não falhou. Antes pelo contrário.

A maioria de nós ainda não havia assistido a nenhum concerto de Talea Jacta, mas já haviamos ouvido as músicas disponibilizadas pela banda no bandcamp. Antevíamos pela audição uma viagem entre as raízes profundas da terra, ampliada pela bateria muitas vezes tribal, algumas hipnótica dominada por João Filipe e os confins do universo até onde a guitarra e todas as manipulações de que a mesma foi alvo por parte de Pedro Pestana, nos conseguiriam transportar.

Uma estreia fantástica quando quase te obrigam ao encore e foi o que aqui aconteceu. Completamente ovacionados nesta estreia ofereceram ainda o encore.

 

A noite avançava rápida de facto, em direcção aos Electric Moon que para nosso gáudio actuavam esta noite, neste espaço intimista, com a sua formação original. É uma banda  de muitas surpresas, com um à vontade honesto e sincero. O inicio do concerto fez-se com uma casa já completamente repleta e em festa para os receber. Quem ali esteve naquela noite sabia o rumo que certamente iria tomar. A música do trio alemão composto por Sula Bassana, Komet Lulu e Pablo Carneval não é simples nem complexa, é o que é. São uma peça apenas de uma engrenagem muito mais complexa que os próprios enquanto banda, e reproduzem as sonoridades de um universo onirico carregado de simbologias mas completamente livres na sua execução.

O concerto começou carregado de tons graves como se neles ressoassem os motores, a iniciar, em surdina, uma ascensão ao cosmos. A hora tardia a que se iniciou e toda a expectativa acumulada sentia-se na sala, era mesmo palpavél. Komet Lulu assumiu o seu transe, onde seguia e ao mesmo tempo comandava o tempo a passo de Pablo, enquanto Sula tinha como missão manipular a guitarra como se de um aparelho de comunicação cósmica se tratasse. A intensidade aumentava cada vez mais, e em cada uma das músicas atingido o climax, sentia-se a sala respirar, de alivio e de extase. Carregaram com a sua música, pelo universo toda a plateia, que agradeceu a cada música. Quando tudo terminou apenas queríamos voltar ao inicio. Como sabemos que isso não é possivél pedimos aos Electric Moon que voltem rápido para outra noite tão ou mais especial que esta.

 

No final do concerto já se ouviam ecos de um encore muito maior que viria de facto a acontecer no dia seguinte no mesmo local, com os protagonistas desta noite a assumirem uma jam session conjunta. Um aniversário com uma surpresa mais que especial para os convidados. Parabéns Sabotage Club.

Texto – Isabel Maria
Fotografia  – Luis Sousa