2016 Festivais Reportagens Vodafone Mexefest

Vodafone Mexefest, dia 2: A força da natureza da Elza Soares

Elza Soares. Ela era o nome mais forte do segundo dia (talvez de todo o cartaz) do Vodafone Mexefest. Não obstante, foi uma noite muito difícil no que toca a fazer escolhas, visto que ainda havia Meg Baird, Taxiwars, Gallant e muitos outros que mereciam ser ouvidos. Dos dois dias, sábado foi sem dúvida o melhor, cheio de momentos intensos, para mais tarde recordar.

A primeira paragem da excursão foi para o Capitólio. Desta vez, subimos ao terraço para ver o Mecânico do Amor (Tiago Santos). Uma espécie de warm-up Mexefest, para ajudar a soltar os ritmos mais calientes, que pareciam ficar quietos, visto o frio não convidar a mexer o pé. Sendo assim, é momento de acabar a cerveja e descer a avenida.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Mecânico do Amor

Chegámos à Sociedade de Geografia de Lisboa. A sala que disputa com a Casa do Alentejo e o Palácio Foz, o título de “Sala Mais Bonita do Mexefest”. Lutas arquitectónicas à parte, o verdadeiro propósito da deslocação é mesmo a Meg Baird.

Num ambiente carregado a vermelho e negro, Meg Baird, acompanhada do seu guitarrista, mostrou-nos o porquê de ser uma das vozes mais encantadoras no folk. A norte americana, com a sua voz doce, espalhou ternura com o seu Don’t Weigh Down the Light.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Meg Baird

Por sua vez, o relógio já estava a aproximar-se das 20:15, o que foi sinal para muita gente abandonar a sala, em direção à porta ao lado, isto é, ao Coliseu. Era hora de Gallant.

Durante uma hora, mais que dançar, foi uma hora de ficar de boca aberta com Gallant. O rapaz de 24 anos é dono e senhor de uma voz única, sendo uma das sensações do momento. E assim o é com toda a justiça. A versatilidade que tem no R&B e no Soul já valeu diversos elogios.

O Elogy é mais do que um prémio para o artista. É um prémio para nós que o ouvimos. Episode, Talking to Myself ou Bourbon mostram toda a potência vocal que ele tem. Muito aplaudido pelos muito eufóricos e espantados com o norte-americano, terminou o espectáculo com a sua chave de ouro. Weight in Gold, capaz de arrepiar os pelos dos braços e soltar o vernáculo começado por F, foi o toque de midas para um daqueles concertos que vai ficar na história do festival.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Gallant

Empolgados pelo que se assistiu no Coliseu, foi sobre a chuva que se abatia na baixa de Lisboa, que andámos a deslizar/escorregar pela calçada até chegar à estação do Rossio para ver Kevin Morby. Infelizmente, o norte-americano e a sua banda mostraram o desgaste de andar numa tour europeia e o concerto que apresentaram foi muito aquém das expectativas, qual Porto a jogar contra o Belenenses. Uma demonstração timída ao som de acordes como o Singing Saw ou o I Have Been to the Mountain fez com recolhêssemos ao Coliseu para ver o ponto alto do festival, Elza Soares.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Kevin Morby

Aos 79 anos, é uma força da natureza, o que assistimos dos camarotes no Coliseu. Sentada, mas cheia de energia para dar, o que Elza só quer é cantar. Cantar para um público “altamente fixe”.

Acompanhada pela banda vinda de São Paulo, a carioca faz questão de mostrar todas as lutas que tem vindo a passar ao longo dos anos. A luta pela igualdade de raça, pela igualdade de género. Principalmente num país onde o racismo, a violência doméstica e a necessidade de lutar por uma maior consciência social igualitária é gritante.

Tanto que, só faz sentido quando a Elza diz: “Mulher só geme por prazer, Denuncie! Denuncie!”. A Mulher do Fim do Mundo encanta. Sentada com uma roupa tanto moderna e futurista, consegue fazer a viagem à volta do Rio de Janeiro, passando pelo samba e o tropicalismo da zona sul, entenda-se Copacabana e Ipanema, como pela zona norte, das favelas, onde a violência e a desigualdade são gritantes. “A carne mais barata do mercado é a carne negra”, como se ouve n’A Carne.

Ouvimo-la cantar até ao fim, o que ela sempre e só quis, e por isso mesmo que é ficamos eufóricos ao som do MPB, mesclado com jazz, rock e todos os estilos que possamos encontrar. Falar destes estilos é uma maneira fugaz de descrever um estilo único da Elza. Não sabemos se teremos uma outra oportunidade de a ver ao vivo, apesar de ter deixado a indireta “até para o ano”. Esperemos que sim.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Elza Soares

Arrebatados pela Elza Soares, é momento de respirar fundo e tempo de tentar ir à Casa do Alentejo tentar ouvir TaxiWars, o projecto jazz do Tom Barman, líder dos dEUS. Missão dificultada pela elevada afluência.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 TaxiWars

Mas se na Casa do Alentejo a festa estava lançada pelos belgas, na estação do Rossio estava-se também a tirar o pé do chão com os Octa Push. Com álbum novo lançado este ano, foi ao ritmo da Língua que se bebeu mais uma cerveja e vimos a dupla, que virou quarteto no palco com vista para o Castelo de S. Jorge. Com convidados, como a Cátia Sá ou Cachupa Psicadélica, foi já no ritmo electrónico que começámos a despedir do Mexefest.

A última romaria foi em direcção ao Coliseu para ver Branko. Já a saber que só tocaria uma hora, fizemos uma viagem pelo Atlas em que vimos nos projectores a volta ao Mundo que o ex-Buraka e mentor dos Enchufada tem dado nos últimos meses, espalhando o nome da electrónica nacional pelas pistas de dança.

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+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 26 Branko

Balanço feito, vamos para casa com a barriga cheia. Para o ano que vem voltamos a mexer pela cidade.

Toda a informação sobre o Vodafone Mexefest 2016 está disponível no nosso website em Reportagens > Festivais > Vodafone Mexefest > 2016.

Os artigos e fotografias de cada dia estão disponíveis em:

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+info em http://www.vodafonemexefest.com/ | https://www.facebook.com/VodafoneMexefest/

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Daniel Jesus
Evento – Vodafone Mexefest 2016
Promotor – Música no Coração