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A Palavra, denominador comum do Cais do Sodré durante 4 dias

A Palavra, a homenageada, a figura principal do Festival Silêncio, que decorreu no Cais do Sodré em Lisboa desde quinta-feira e terminou hoje, Domingo.

Esteve presente por todas as ruas por onde vagueámos ontem, sábado dia 2 de Julho, enquanto esperávamos pela vez dos nossos concertos. É interessante e de louvar a iniciativa de dar voz à Palavra, seja de que forma for. A que é silenciosa, sob a forma de uma exposição fotográfica; a que é protestante, ou a que é discutível; a que nos confronta em declamação de poesia, ou ainda a que se revela na voz de um cantor ou de uma cantora.

Depois do nosso deambulo por entre ruas do Cais do Sodré, encontrámos no Jardim D.Luis os The Loafing Heroes, a prova que, conforme nos disse Bartholomew Ryan, o vocalista da banda, a união europeia, no caso também mundial, ainda é possível. Cinco artistas em palco, cinco nacionalidades presentes nesta banda do Folk a sua casa, para um excelente inicio da nossa tarde.

 

Num dia mais quente e menos ventoso que o anterior, o casaco foi sendo deixado amarrado à cintura, e a vontade de uma cerveja apareceu. Entre a cerveja, o jantar, encontro ocasional de amigos da adolescência, e as esplanadas cheias a contas com um jogo de futebol, continuámos no Jardim para testemunhar a voz quente, africana, de Aline Frazão. A luz baixava, mas o ambiente aquecia.

Ali ao lado do Mercado da Ribeira, parecia ser o local onde se concentrava a maioria do público, agora para o concerto de Samuel Úria. A relação que estabelece com quem o vê, e o rendilhar das letras das suas canções, faziam sussurrar as vozes de grandes, mas pequenos “artistas” também. Este beirão de Tondela, que é também pastor da Igreja Batista, não deixa ninguém indiferente e encanta quem passa por ele.

Seguíamos depois para ritmos mais “duros”. Entrámos no Musicbox Lisboa, já cheio para assistir ao Bate Papo de L-Ali e Mike El Nite, mas sobretudo achamos nós, para o que viria depois. Ficamos alguns instantes para satisfazer a curiosidade de quem seriam, e apressamos-nos para ir até ao Lounge.

Ao chegar ao Lounge percebemos que estamos a perder um enorme concerto dos The Jack Shits, e conseguimos fixar a nossa posição em ponto seguro para a reportagem. Embora tenhamos presenciado apenas os últimos temas, termos lá estado terá sido a injecção de adrenalina suficiente que afetava todos os presentes, e a que precisávamos para mais uma jornada. Os The Jack Shits não sossegam enquanto não metem todos a bater com o pé e a gritar de loucura. Assim foi também no Lounge onde não cabia nem mais um…alfinete.

Não poderíamos de deixar de voltar ao Musicbox para assistir por breves minutos a parte do concerto daquele que parecia ser o grande destaque do dia. Aproveitando a presença do rapper brasileiro Emicida (considerado a maior revelação do hip pop brasileiro dos últimos anos) em Portugal para o Festival MED,  a organização do Festival Silêncio conseguiu em cima da hora a presença do artista em Lisboa, e as filas contínuas que existiam à porta desta conhecida sala de espetáculos lisboeta não o desmentiam. Embora o espaço estivesse já completamente lotado, muitas pessoas aguardavam na rua pacientemente a sua vez, que poderia não acontecer, para poder entrar também. O brasileiro é realmente um fenómeno de popularidade que não acontece apenas na tua terra natal.

Para nós terminava a noite e regressávamos a casa. Não tivemos a oportunidade de acompanhar o festival nos quatro dias em que se realizou (de quinta-feira a domingo), nem tão pouco o rol muito diverso de atividades que foi possível a todos assistir, mas temos a certeza que o Festival Silêncio não se pode “calar”. Naquela que foi a 6ªedição deste evento, fica a certeza que é já uma referência do verão lisboeta. É também único na forma como aborda e propõe experimentar-se a cultura nas suas mais diversas vertentes, e espamem-se, o acesso é totalmente livre. Viva a Cultura, Viva o Bairro, Viva a Palavra.

Reportagem Dia 1 de Julho – https://www.musicaemdx.pt/2016/07/02/o-segundo-dia-de-festival-silencio/

Festival Silêncio volta a ser possível devido ao esforço colectivo de diversos agentes culturais, espaços comerciais e artistas.

Toda a programação disponível em http://festivalsilencio.com/programacao/

+info em www.festivalsilencio.com

Fotografia e Texto – Luis Sousa