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Machine Head, uma noite de celebração e de culto

O Carnaval pode ser celebrado de várias maneiras e certamente que quem escolheu passar a noite de dia 08 de Fevereiro no Coliseu dos Recreios não se arrependeu de o fazer.

Eram nove da noite e, apesar do Coliseu já estar cheio, continuavam a entrar pessoas. As luzes apagavam-se lentamente e davam lugar aos focos do palco em tom de azul. Normalmente a cor azul transmite serenidade e tranquilidade, tudo o que não foi possível sentir naquela noite.

Machine Fucking Head ecoava por toda a sala e ao longe ouvia-se a introdução de “Diary of a Madman” do Ozzy Osbourne. Os monstros do metal – Machine Head – entram em palco e preparam-se para apresentar a tournée “An Evening with Machine Head”. Uma noite passada em muito boa companhia.

O objectivo desta noite era comemorar 22 anos de existência, 22 anos de estrada e 22 anos de boas malhas. Para isso abriram a noite com “Imperium” e o manto negro que cobria o Coliseu enlouqueceu, só tendo acalmado às 23h30. O moche era apetecível e o círculo gigante que se criava no meio da plateia era capaz de gerar nuvens cegas de pó caso o chão fosse de terra. Pelo ar viam-se constantemente horns em homenagem ao metal e aos senhores que se encontravam em cima daquele palco. O crowd surfing era viciante e as dores nos pescoços no dia a seguir eram inevitáveis. Era impossível não abanar a cabeça ou ficar parado.

Assistimos a explosões de energia e sede de inquietação, o cabelo de Jared parecia uma centrifugadora enquanto a bateria cavalgava a um ritmo estrondoso e assustador. A voz de Flynn, versátil e madura apresenta-se em várias tonalidades, podendo criar dicotomias que iam desde a sensibilidade do arrepio ao nó de raiva mais escuro e profundo. Os riffs atordoadores e grotescos libertavam todas as amarras que o cérebro é capaz de arrastar.

Ao longo de 2 horas e meia de partilha de boa música, histórias e energia, foram revisitados todos os álbuns da banda, sendo que os mais tocados foram o Through the Ashes of Empires e o The Blackening, viajando sempre por entre o thrash e o groove metal que os caracteriza.

Entre o alinhamento composto por malhas antigas como “From This Day”, “Ten Ton Hammer”, “Descend the Shades of Night”, “Halo” e “Old”, e recentes como “Now We Die”, “Locust”, ou “Game Over”, houve direito a um solo de guitarra de Phil e um de bateria de Dave (momentos únicos, por sinal) e ao aparecimento da guitarra acústica e isqueiros em punho duas vezes.

A vontade de proporcionar uma noite inesquecível era notória e o objectivo fora cumprido. Os sapientes do metal foram recebidos por um abraço gigante e sincronizado coberto de calor e um sentimento de gratidão inexplicáveis. O metal tem um certo poder curativo e esta noite curou muitas almas.

Fica um grande Hail aos veteranos do metal.

Texto – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – Machine Head
Promotor – Everything is New