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God Is An Astronaut, a ameaça de bomba era real!

Na passada segunda-feira fomos evadidos pela notícia de que a Ponte 25 de Abril tinha sido fechada por suspeita de uma bomba no meio da mesma, contudo, foi no Armazém F que estava prestes a rebentar uma, de seu nome God Is An Astronaut.

Começar a falar já da banda irlandesa é dar um passo maior que a perna, por isso, há que mencionar primeiro os Katabatic, responsáveis pela primeira parte. Se vinham com a missão de rebentar os tímpanos, conseguiram. Mas isto não é pejorativo. Apesar de uns problemas de som na bateria e na guitarra, o baixo estava tão forte que as ondas do Rio Tejo davam para surfar.

Sem muita interacção com o público, os portugueses foram uma agradável surpresa, quer pelo registo mais psicadélico, quer pelo registo mais agressivo que os God Is An Astronaut, que entraram em palco exactamente às 22 horas.

[Fotos de Katabatic]

Agora sim, é momento de falar dos astronautas cá do sítio. Mais de ano e meio depois voltaram a um sítio que já lhes era familiar. O Armazém F voltou a encher para recebê-los. E à maneira deles, muito interactiva com o público, sentiram-se em casa.

Desta vez, vinham com material novo. O álbum novo está prestes a rebentar (segundo Jamie Dean, 21 de junho), mas não foi impeditivo de tocarem os êxitos ou pelo menos grande parte dos êxitos que os tornaram numa das melhores bandas no género do post-rock.

God Is An Astronaut são mestres na arte de cativar pelas melodias mágicas e contemplativas, e a primeira prova foi com The End of The Beginning, ainda do primeiro álbum (homónimo), ou Fragile (primeiro grande momento de êxtase do público).

Do novo álbum tocaram algumas faixas, intituladas de Vitus Memoria ou Worlds In Collision, entre outras que não se pode apanhar o nome, pelo simples motivo de existirem fãs tão exacerbados da banda que gritavam enquanto eles falavam, tornando impossível de perceber o que estavam a dizer.

Ainda assim, o que se depreende deste novo álbum é que trata-se da continuação de uma caminhada que se tem vindo a fazer com sucesso há mais de 10 anos, e que o conjunto vale cada vez mais pelo colectivo e não pelas individualidades.

Nesta senda de “o todo é maior que a soma das partes”, a harmonia entre piano, bateria, guitarras e baixo (e ainda voz, numa dimensão especial/espacial), foi incrível. Fireflies and Empty Skies, Suicide by Star, são exemplos concretos desta misticidade que os irlandeses transpiram.

Novamente, terei de referir a interacção com o público. Tal como em 2013, o carinho do público foi enorme, como Jamie reconheceu. “Obrigado por fazerem-nos sentir em casa”. Mesmo que esta frase seja repetida over and over, a verdade é que estava um ambiente muito intenso.

Com os gémeos Kinsella encarregues da guitarra e do baixo, e Lloyd Hanney da bateria, coube a Jamie Dean lidar com as hostilidades (no bom sentido) do público, saltando por duas vezes do palco para tocar no meio dos fãs e ainda tirar uma ou outra fotografia com eles. São estes momentos de interacção que marcam positivamente o concerto, sem tiques de vedeta (por isso é que nem sequer saíram do palco para tocar o encore, apenas viraram as costas, num gesto muito aplaudido). Se estão onde estão devem-no aos fãs que os apoiaram sempre.

God Is An Astronaut partiram de Lisboa depois de hora e meia de concerto, deixando saudades mas com a sensação de que a próxima vez será tão bom ou melhor que esta.

[Fotos de God Is An Astronaut]

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Luis Sousa
Promoção e Produção – Amplificasom | Turbina