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2ª Edição do Lamiré, os Sons da Rua em Palco

Lamiré – Sons da Rua em Palco, teve a sua no sábado dia 25 de Abril no Teatro do Bairro no Bairro Alto. Apesar da chuva, do vento e das comemorações na cidade dos 41 anos de Liberdade, os músicos saltaram da rua para o palco!

Ao contrário da 1ª edição, a disposição da sala estava diferente, ficando o público no balcão e espalhado pelas escadas que dão acesso ao palco. Demasiado longe dos músicos.

Os músicos André Morais e Tiago Jesus, que formam os The Majestic Crooks começaram por abrir a noite, longe, supomos, do som mais eléctrico e distorcido que ambos gostam, mas onde a influência rockeira não foi escondida.

Com uma voz melodiosa e determinada, o jovem João Wilson traz a sua guitarra da margem sul, e uma entrega incrível aos covers que tocou. Não consegui deixar de ver um Ben Harper mais novo, e mais tímido. Tinha-nos embalado mais tempo com o seu blues, se quisesse!

O terceiro momento foi de música clássica, com o violoncelista Christian Grosselfinger. Tocou originais utilizando samples em loop, que funcionaram muito bem! Partilhou com o público que toca na rua por prazer, e porque “gosto de ver a reacção das pessoas”! Diversidade nas melodias, entre os ritmos mais medievais, os clássicos e os contemporâneos.

O Carlos Maciel e uma guitarra clássica vêm das ruas do Porto. À vontade com o público, como um bom comunicador do Norte, diz-nos que “não cheira mal, tomou banhinho e pôs after shave”, por isso não entende (nós também não) porque estamos tão afastados dele! Envolto na sua guitarra e na sua voz rouca e arrastada, entre covers canta um tema original em português. Talvez o músico mais rock da noite, essencialmente músicas dos anos 80/90. Termina com uma versão de “Frágil” do Jorge Palma.

O momento mais aguardado da noite, pelo menos pelo entusiasmo do público, os Hasta La Jam. Três músicos amigos de Lisboa, com vários instrumentos (guitarras, jambé, harmonia, etc.) e uns pés descalços que dão o compasso dos ritmos mais africanos. Melodias bastante ritmadas e divertidas, tocam no Terreiro do Paço e na Rua Augusta em Lisboa, há cerca de um ano e meio (mesmo quando a policia não deixava!).

Um serão de chuva de Abril, muito bem passado na companhia de bons músicos. Apesar de querer ficar pelo backstage, este ano a organizadora do evento, Cláudia Camacho, não teve hipótese e veio ao palco dizer umas breves palavras. Agradecer à equipa que tornou estas duas edições possíveis, elogiou o técnico de som e claro, os músicos de Rua que aceitaram o convite para tocarem num palco.

Esperemos que o Lamiré seja “levado a sério por todos”, para que seja possível a realização da sua 3ª edição!

Parabéns Cláudia Camacho pela coragem e dedicação a um projecto com uma imensa dignidade!

Texto – Carla Sancho
Fotografia – Rita Justino