Concertos Reportagens

7º Aniversário Bran Morrighan

Na passada sexta-feira, dia 15 de Janeiro, era dia de festa e comemoração. O blogue cultural Bran Morrighan soprou 7 velas e a sua autora, Sofia Teixeira, decidiu, e bem, celebrar a data com uma festa dedicada à música. A sala escolhida foi a do Musicbox e a noite foi coberta de encantamento, sentimento e alegria.

Ao longo de 7 anos, a Sofia tem vindo a dedicar o seu tempo e vida à aposta na cultura. Literatura, teatro, música e fotografia fazem parte da vida dela e o gosto pela descoberta e partilha estão intrínsecos no seu dia-a-dia. O blogue tem vindo a ganhar uma grande visibilidade e crescimento, tendo em 2012 ganho o prémio de melhor blogue de cultura atribuído pelo Aventar.

O objectivo desta noite, que se vai repetir em Fevereiro no Porto, é juntar os amigos que tem vindo a fazer ao longo destes 7 anos de vida do blogue e celebrar em família a música, a cultura e tudo o que nos enriquece no dia-a-dia.

O primeiro convidado, Mahogany, decidiu espalhar encantamento e serenidade com acordes simples mas cobertos de sensibilidade e simbolismo. A luz pendia sobre ele e sobre a sua guitarra acústica e nas suas costas, espalhavam-se caminhos, linhas perdidas no horizonte e cenários acinzentados que nos sugavam para uma nuvem de paz e viagens pela Islândia.

O timbre da voz, facilmente identificável com folk ou country, seguia um fio condutor que entrava pelos ouvidos e se mantinha preso na mente, se fechássemos os olhos conseguíamos viajar por paisagens serenas e tranquilizantes.

Pelo caminho, houve confissões, explicações, dedicatórias à Sofia e duas músicas nunca tocadas ao vivo, sendo a última (uma delas) cantada em português mostrando que o registo de Duarte Ferreira é, sem a menor dúvida, mais favorável quando cantado em inglês.

Surge uma cortina branca e alguém atrás dela. Manuel Molarinho, ou O Manipulador, em jeito de one man band preparava-se para inquietar as almas que se perderam pela Islândia.

Com um baixo preso ao pescoço, uma série de pedais, uma loop station e dois microfones consegue criar algo similar a um explosivo capaz de quebrar muros e qualquer barreira.

Acompanhado por projecções de vídeo de Eduardo Cunha, a música de O Manipulador imerge-se no experimentalismo puro e no rock alternativo, mais concretamente o post – punk. As influências de Joy Division são claras e profundas e a vontade de criar frenesim mental e rebentar com as emoções vão surgindo ao longo do concerto. A voz, como que recitando poesia mórbida, é grave, forte e penetrante e as camadas de loops existentes reforçam a inquietação sentida.

Por entre os cerca de 45 minutos fomos presenteados com uma cover de PJ Harvey e outra de Dead Combo, ambas com um excelente resultado.

Foi sem dúvida algo único, poético e maravilhoso que poderia ter sido sentido de uma forma mais valiosa não fosse o burburinho existente pela sala, algo digno de um rótulo onde o respeito não habita.

Por fim, viriam os Thunder & Co. prontos para fazer as ancas abanarem. A energia envolve-os e transmite uma série de reacções químicas que impossibilitam qualquer um de ficar parado.

Com eles, trouxeram convidados. Alex D’Alva e Carolina B. partilharam os microfones em “N.I.K.”; de seguida junta-se o Ben Monteiro e os D’Alva cantam “#LLS” e “Frescobol”. Para acompanhar a festa vem ainda Ariel Rosa, João Pascoal, Rui Maia, Nuno Sarafa, Maria do Rosário, Frederico Costa para interpretarem a versão de “Ruby Went Out Dancing“ de Mirror People apenas com instrumentos de corda sem qualquer tipo de beat ou uso de sintetizador e, certamente, que partiram muitos corações, tal como a música indica. A festa termina com a família reunida para cantar “O.N.O” dos Thunder & Co. que, durante cerca de 1h conseguiu envolver o Musicbox num clima exótico de ritmos sensuais e por vezes tensos que não deixam ser um excelente paradoxo necessário para um bom resultado musical.

A festa terminou em grande e repleta de alegria e emoção. Resta-nos agradecer à Sofia o convite para fazermos parte dela e desejar as maiores felicidades.

Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa