Lisboa recebeu de braços abertos — e sala cheia — o regresso dos Boogarins, que subiram ao palco do Musicbox na noite de 30 de abril para a primeira de duas datas completamente esgotadas. A banda goiana veio apresentar-nos ao vivo o novo album entitulado “Bacuri”, e provou, uma vez mais, porque continua a ser uma das referências mais consistentes do rock psicadélico em português, conquistando o público lisboeta com uma atuação intensa, viajada e cheia de alma.
Logo desde os primeiros acordes dos temas “Bacuri” ou “Corpo asa”, ficou claro que a noite ia ser especial. A sala, cheia até à porta, reagia com entusiasmo a cada tema, num misto de entrega emocional e celebração coletiva. Os Boogarins não precisaram de grandes palavras — deixaram que a música falasse por si, num alinhamento que percorreu vários momentos marcantes da sua discografia.
Ao longo do concerto, ouvimos temas como “Amor de indie”, “Chuva dos Olhos”, “Poeira”, entre outros, numa sequência que tanto hipnotizava como punha os corpos a mexer. A banda navegou com à-vontade entre momentos mais introspectivos e passagens explosivas de improviso, com destaque para os ambientes etéreos construídos por Benke Ferraz na guitarra e os grooves certeiros do baixo e da bateria, que mantinham tudo a fluir como um rio psicadélico em plena expansão.
A voz de Dinho Almeida, sempre envolta em efeitos que amplificam o tom onírico das letras, serviu como guia por esta viagem, com o público a cantar e dançar, muitas vezes de olhos fechados, como se cada faixa fosse um mantra coletivo.
O set terminou com o clássico “6000 dias (Ou Mantra Dos 20 Anos)”, mas ninguém queria arredar pé numa uma noite em que a ligação entre banda e público foi total. Lisboa vibrou com os Boogarins, e a banda respondeu com um concerto sólido, sincero e carregado de boas vibrações.
