Deslocarmos-nos ao Cartaxo para assistir a um concerto é trazer à nossa memória anos passados em que o Cartaxo significava Reverence, um dos mais carismáticos e menos duradouros festivais que aconteceu em Portugal, na Valada do Ribatejo, uma freguesia do munícipio do Cartaxo.
Tão rápido obteve a notoriedade que muitos reconhecem, como depressa se acabou. Entre 2014 e 2018, bastaram as quatro edições para o extinguir – a última edição já ocorrera em Santarém, diz-se, precisamente pelos mesmos motivos que o levaram à extinção.
Conteporâneo do Reverence, outro movimento com as mesmas origens e linha editorial, as Cartaxo Sessions, que ainda hoje perduram e com uma dinâmica muito interessante. Mais distante, mas seguidor do mesmo gosto e preferência musical, o saudoso Sabotage Rock’n’Roll Club em Lisboa, (também contemporâneo do Reverence, e infelizmente, percurssor também do seu fim). Tudo isto trouxe-nos um misto de sensações ao chegarmos ao Fuzz Cartaxo, entre um “déjà vu” de boas vidas passadas, e a esperança de que será possível voltarmos a ser felizes no Cartaxo.
Ideia corajosa dos amigos Daniel e João Pedro (Munas), e com a preciosa colaboração da Inês (Bunny O’Williams, irmã de Daniel), velhos nossos convivas de todas estas “cenas”, o Fuzz Cartaxo, para além de ser um espaço surpreendentemente decorado de forma muito criativa, pretende recuperar para o Cartaxo a cena rock’n’roll, mas também a ideia de um espaço onde todos nos sentimos bem, fazemos amigos e nos sentimos em familia, e se tem a oportunidade de ver grandes concertos. O nome “Fuzz” não é inocente, e marca claramente o registo das bandas preferidas neste espaço.
Em pleno dia comemorativo da revolução de Abril, sentimos-nos na “obrigação” de visitar o Fuzz Cartaxo para assistir ao concerto de Los Palms, banda australiana que está neste momento em plena tour europeia, e não desiludiu. Casa cheia e uma boa surpresa, estes Los Palms, que colocaram em todos o sorriso de uma grande matiné de rock’n’roll, e em alguns a vontade de andar a pairar em crowsurf. Recomendamos conhecer-se este espaço, por tudo o que escrevemos, mas também e sobretudo pela forma como somos recebidos nesta nova casa ribatejana.