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DISCODRAMA, A pista de dança como forma de celebração da vida

A vida é um lugar incrível, cheio de pormenores que se vão cruzando e interligando no tempo e espaço que, se analisarmos com atenção fazem bastante sentido, seja ele qual for ou de que forma for.
E é porque devemos celebrar cada pormenor e momento, que no Sábado passado, dia 15, aconteceu no Coliseu dos Recreios um evento cheio de magia proporcionado por Moullinex.

DISCODRAMA dividia-se em três actos: o Acto I tinha por base a comemoração de 10 anos do primeiro disco de Moullinex, Flora, com os convidados que fizeram parte dele; o Acto II consistia na comemoração do último disco Requiem For Empathy também com os seus convidados e, por fim, o Acto III era uma festa com DJ’s convidados para que pudéssemos continuar a dançar pela noite fora. No fundo, o Coliseu virou uma grande e bela pista de dança durante 6 horas, onde a energia desta fonte de combustível a que chamamos música serviu de alimento a centenas de almas.

Nesta noite, senti uma comunhão e emoção gigantes não só por estar a fazer a parte desta bonita festa mas, também, por esta festa ser o culminar de vários pequenos pormenores que me ligam a Moullinex, à dança e ao Coliseu. Não defendesse eu que nada é trivial, foi ali que, diante daquele palco onde dancei de olhos fechados, esbocei um enorme sorriso de completude quando percebi que fora naquela sala que conheci Moullinex em 2013 (inserido no Discotexas Picnic Live no Mexefest), tendo sido amor à primeira audição; que no ano seguinte fui conhecer Flora ao CCB onde, timidamente, só na recta final do concerto é que o público se levantou das cadeiras para dançar e, em contraposição, que fora na apresentação de Requiem for Empathy (5 de Junho de 2021) na Culturgest que as pessoas se levantaram à segunda música com a maior sede de dançar de sempre, tendo eu começado a chorar mal o fiz pois era a primeira vez que dançava em público em muito tempo! Claro que perdi a conta às vezes que vi Moullinex mas, nesta noite, estes três momentos fundiram-se num só de uma dimensão gigante para demonstrar que, quando fazemos as coisas com o coração, elas chegam às pessoas e perduram no tempo como se fossem polaroids coladas na parede da nossa mente e cozidas na nossa alma. 

Bem vindos a casa! Disse Luís por diversas vezes ao longo da noite. Estávamos, efetivamente, em casa, entre amigos, a celebrar o trabalho e a dedicação de um grupo de amigos. “Sunflare” abre o disco e deu início, de igual forma, ao Acto I que era composto por bateria, guitarra, baixo e os sintetizadores e teclados habituais. No baixo estava Luís Lacerda que acompanhou apenas este acto. Na roupa, uma mensagem de esperança e harmonia que os acompanhou a noite inteira, integrando-nos na família como se fossemos um só. “Tear Club” fez-me erguer todos os pêlos do corpo e humedecer os olhos, com ela dancei de mão dada como se fosse a primeira vez que o fizéssemos. Iwona veio cheia de luz complementar o brilho que já nos ofuscava e cantar nas três músicas a que deu voz no disco. Foi de rojo e entre elas, teve a companhia de Xinobi, antigo parceiro de banda que fez parte deste belo Flora. Da Chick também deu voz a “Hypnotize” e “Undertaker” e, por fim, mais uma luz ofuscante a desfilar diantes dos nossos olhos e ouvidos, Peaches com a versão de “Maniac” que encerra o disco e, por consequência, este acto que deixou de lado o piano de “Flora”.

O lançamento de Requiem for Empathy marcou um período em que a luz não se podia apagar das nossas vidas e, efetivamente, manteve-a acesa deixando-nos com a esperança de que, mesmo a correr na escuridão, a vida continua a ser bonita. Requiem for Empathy foi partilhado connosco na íntegra, já sem guitarra e baixo mas com muitos sintetizadores, botões e percussão, e fê-lo acompanhado das projeções que já lhe associamos. Requiem for Empathy é um disco que fica preso na garganta de tão intenso, emocionante e apaixonante que é. Não nos esqueçamos da música! Não é só música de dança que temos aqui. São composições de disco e electrónica tão bem feitas que são capazes de nos proporcionar sentimentos e emoções diversas. Assim aconteceu nesta noite, neste acto, nesta pista gigante, no meio de amigos. Afonso Cabral ajudou à emoção com a sua belíssima participação vocal na “Hey Bo” e Selma Uamusse agitou ainda mais o público com a sua energia radiante coberta, também ela, de mensagens de esperança. 

Houve tempo para os singles “Dream On”, “Modular Jam”, “See Me Burn”, “Pacífico” e “Swim” que Luís compôs, na sua maioria, com GPU Panic ou Guilherme Tomé.  

Este sonho real que saboreamos de olhos fechados terminou com a impetuosa “Take My Pain Away”.
Que venham mais Flora’s, mais Requiem’s for Empathy, mais actos, mais sonhos, mais bolas de espelhos e mais amizades assim!
 

Para encerrar Discodrama, o terceiro acto contou com o DJ Set de Anna Prior, Justin Strauss, Xinobi e Luís.