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Segunda-feira explosiva na companhia de Black Lips

Quando estamos muito tempo sem sentir certas coisas temos tendência a esquecer como são na realidade. Não nos esquecemos delas, apenas perdemos a sensação surpreendente que experienciamos no momento em que as vivemos.
Para além da falta de música ao vivo, uma das coisas que mais falta senti durante este período que não mais tem fim, foi de sentir a comunhão, energia electrizante e a vontade de saltar dos concertos de garage e punk.

Na segunda-feira passada, dia 22 de Novembro, o MusicBox foi palco de uma festa capaz de nos ter trazido de volta à vida. A euforia, talento, natureza crua e energia dos georgianos Black Lips trouxe calor e luz a esta noite de frio em início de semana.
Depois de mais de 20 anos de carreira, mortes, nove discos e muitos km de estrada, os Black Lips continuam com a força adolescente de quem quer viver tudo num só dia e com a maturidade artística de conseguir impressionar.  Verdade é que a junção de Zumi Rosow à banda com saxofone, back vocals e percussão veio abrilhantar ainda mais as actuações e a música que tocam. 

© Vera Marmelo

A voz arrastada, bateria acelerada, guitarras cheias de groove e electricidade, vozes em coro criaram uma ambiência única, crua e extremamente energética. A inércia era impossível e saltar obrigatório. O público delirava fosse com as músicas antigas, fosse com as novas do mais recente disco Sing In A World Falling Appart que, na sua essência country, resultou na perfeição enquanto misturado com o resto do reportório.
O concerto passou por mais de metade da sua discografia, tendo começado pelo ano de 2005 com a “Sea Of Blasphemy” e, logo aí, se viu que o público estava com eles, como esteve sempre até ao fim. O último disco foi o mais visitado e elevou os ânimos com “Get It On Time” e “Rodeo”. Clássicos como “Family Tree”, “Can’t Hold On”, “Crystal Night”, “Dirty Hands” e “Katrina” fizeram as delícias de todos. Depois do primeiro encore houve um segundo a pedido do público e mais houvesse!

© Vera Marmelo

Durante pouco mais de uma hora, a energia selvagem dissipou-se pela sala e formou uma bolha única de loucura e suor que nos deixou quase sem fôlego. Uma noite rápida e feroz que passou por nós a correr com uma intensidade extrema que nos encheu de luz e ajudou a expulsar demónios passados, presentes e futuros!