Notícias

Callaz edita disco “Dead Flowers & Cat Piss” e lança vídeoclip “Pas de Sexe Cette Nuite”

Sempre ligada à música (embora ainda não exercendo nenhuma actividade criativa própria), Maria Soromenho foi Styling Assistant em projectos como Alicia Keys, Peaches, Laura (Ultraísta), Loreen, Josephine e Arlissa, nos tempos em que esteve em Londres e, em 2013, começou a sua própria marca Maria Soromenho, um projecto de criação de roupa e lenços de seda, muito ligado e inspirado pelo universo musical. Mas foi em 2017, em Los Angeles, que decide enveredar pela música.

A música de Maria Soromenho diz Callaz à frente, pseudónimo com o qual assina o seu percurso artístico desde 2017. Aprendeu a misturar sons sozinha, dando à sua linguagem musical o barulho de fundo próprio da autonomia, uma preferência por um processo de trabalho guiado pela filosofia DIY.

No primeiro EP Beer, Dog Shit & Chanel N°5 (edição de autor), colecção de cinco faixas produzida por Filipe Paes, estreia-se com um enredo aparentemente solarengo no qual picos de ansiedade, memórias turvas e afectos sobem ao palco sob um filtro retro. Sentem-se ecos do pesar melancólico de Nico e indícios de uma vontade pop experimental que assistiríamos com The Space Lady.

Volvido um ano da sua estreia, Callaz edita Gaslight, uma produção a cargo de Primeira Dama e Chinaskee, no qual se confirmam as ambições do primeiro EP. Tanto são aprofundados os devaneios e conclusões tirados a partir de experiências na primeira pessoa, como são poetizadas em canção figuras como Florbela Espanca ou Mary Landon Baker.

Após o lançamento de GaslightCallaz toca pela primeira vez fora de Portugal, em Los Angeles. É nesta viagem que começa a desenvolver a matéria prima que mais tarde se torna o seu primeiro disco. Inicia um longo processo de experimentação: as músicas são escritas ao longo de vários meses e exploradas ao vivo em vários sítios da Europa. Toca na Suécia, Islândia, Alemanha e Espanha. Grava o disco em Lisboa e apresenta-o numa digressão em Nova Iorque dando concertos em prestigiadas salas como The Bowery Electric e Rockwood Music Hall. O seu auto-intitulado disco de estreia é produzido em Lisboa por Adriano Cintra e lançado em Fevereiro de 2020. Colecção de 10 temas, por vezes lúdicos e vulneráveis, estes são uma cativante e imaginativa fusão de pop eletrónico e indie rock.

No início do verão deste ano, Callaz fala sobre a possibilidade de colaborar com Helena Fagundes (Vaiapraia e As Rainhas do Baile, Clementine, The Dirty Coal Train, The Watchout Sprouts, Ex Naive), que conheceu através da banda do próprio irmão, Vaiapraia. Começaram por gravar uma música, “Atonal Heavy Metal Song”, como teste desta colaboração (Helena Fagundes nunca tinha produzido antes). Depois passaram para uma segunda música, “Aghast”. Contente com o resultado, Callaz enviou em poucos dias mais 8 demos a Helena e com isso criaram o disco Dead Flowers & Cat Piss que foi editado dia 19 de Fevereiro de 2021. Um trabalho guiado pela filosofia DIY, com poucos recursos, em estúdios caseiros e feito por Callaz e Helena Fagundes sem qualquer outra intervenção.

Estas canções foram escritas após o lançamento do primeiro LP homónimo, antes, durante e depois da quarentena. A inspiração para o conteúdo lírico vem de livros, filmes, histórias vividas, contadas e imaginadas. Sempre com o objectivo de experimentar musicalmente, este é mais um passo importante para Callaz chegar onde quer.

Na transição para o lançamento do novo disco, gravado com Helena Fagundes este verão, Callaz escreveu a música “Queima Essa Ideia” – canção auto-biográfica com ambições de explorar musicalmente com samples e beats. O tema foi produzido em Neukölln, pela artista Ah! Kosmos, na temporada que Callaz passou em Berlim (Setembro/ Outubro).

“Pas de Sexe Cette Nuit” é uma música inspirada maioritariamente pelo trabalho ‘No Sex Last Night’ de Sophie Calle, filme de 1996. Sendo também muito interessada pela Islândia e Gronelândia, comecei a Demo experimentando com samples de field recordings com o som de gelo. Foi a partir daí que comecei a criar os beats e o resto seguiu. A produção esteve a cargo de Helena Fagundes.

O vídeo foi dirigido à distância por Guilherme Valente. As instruções eram deixar o PhotoBooth do computador ligado durante a noite e assim filmar o quarto enquanto dormia. Problemas técnicos fizeram com que só o início do vídeo sobrevivesse filmando um telefonema e não chegando a gravar a parte do sono. Decidimos abraçar o erro e trabalhar um novo conceito. Em vez de retratar um estado de inconsciência, acabámos por gravar exatamente o oposto e explorar a ideia de ‘fake sleeping’. A primeira parte do vídeo é a narração de uma história trágica ao telefone. A relação entre a música e as imagens é uma relação nervosa, como se a música fosse o próprio sistema nervoso do vídeo. A sequência de imagens é aleatória. Muito mais composição e cor do que função narrativa, nesse sentido é o som que faz tudo.