Backstage

Evols, entrevista a propósito do novo disco, III

Os Evols têm novo disco, III chegou finalmente aos escaparates no passado dia 20 de Março, desde 2008 a trazerem o som das suas guitarras em canções de apurado bom gosto, são umas das mais interessantes bandas nacionais a dar novo animo ao espectro indie nacional. Carlos Lobo, um dos membros do núcleo duro da banda respondeu às nossas perguntas que este novo disco lançado nesta altura sugere.

Música em DX (MDX) – Os Evols soam-me a uma banda de guitarras, com atitude rock, neste terceiro disco III ao ouvir naturalmente primeiro o single de apresentação “Cops”, parece uma canção feliz, contemplativa a fazer recordar a espaços nomes como os Love ou os Can, a canção “Color” que abre o disco igualmente confirma esse feeling de uma sonoridade moderna mas com muito boas referencias, pensamentos sobre o que acabei de dizer?

Carlos Lobo (CL) – Somos uma banda rock e no rock as guitarras têm uma preponderância grande, no nosso rock pelo menos. Bandas como os Love, Can ou outras como os Television, Velvet Underground, Stooges são bandas que de uma forma ou outra nos influenciaram. Aprecio que a “Cops” seja vista como uma canção feliz. Penso que o disco III tem vários momentos e essa variação traz diferentes leituras, o que nos agrada.

MDX – “Shadows of Death” é a minha música preferida até gora deste novo trabalho gosto muito da melodias de voz e guitarras , falem pf um pouco dessa canção abrangendo um pouco como funcionou o vossos método de composição, pré produção na generalidade das canção deste disco.

CL– É também uma das minhas preferidas. O que me agrada neste tema é ser um permanente crescendo em que as partes vão-se encaixando umas nas outras como uma corrida desenfreada. Gosto imenso, a letra apesar de ser algo dark é sempre acompanhada por melodias que contrapõem esse espirito. Todas as músicas foram criadas nos ensaios da banda, muitas vezes com ideias que Vitor trazia e que depois eram trabalhadas por todos. As músicas foram sempre sofrendo transformações durante a gravação do disco, fomos testando melodias e arranjos novos em conjunto com as letras que íamos desenvolvendo para os temas. 

MDX – Relativamente à gravação deste disco como correu? Foi gravado de quando a quando e como foi a experiência face aos primeiros dois?

CL– Alguns temas já tocávamos ao vivo, depois não resultaram em gravação e foram alterados ou eliminados, outros mantiveram-se, outros acrescentados durante esse período de gravação. Essa é umas vantagens de gravar em estúdio próprio, ou seja, sem as restrições financeiras de gravar num estúdio convencional onde cada hora tem um custo e a hora de saída está marcada. Neste disco tentamos gravar tudo fora de portas numa semana, depois vimos que esta forma de gravação não funciona connosco, foi impossível encaixar todas as ideias que tínhamos para o disco numa só semana de gravações. E assim voltamos ao processo de gravação que já tínhamos ensaiado nos dois discos anteriores, ou seja compor a gravar. Essa liberdade é visível no tempo de gravação e em todas as experiências de som que tivemos a oportunidade de desenvolver. Mas gravamos o tal disco numa semana!

MDX – Gostei muito da mistura, aliás já era um pormenor que me agradava nos vossos outros trabalhos,  a quem ficou delegada essa parte e qual o input geral da banda nesse processo?

CL – A mistura é desde o primeiro disco do França Gomes que também toca guitarra. Tem uma sensibilidade que resulta de fazer ele próprio parte da banda e conhecer muito bem a “alma” do nosso som. Durante a gravação, somos também bastante democráticos no sentido que todos temos uma opinião sobre a mistura, sobre as letras ou mesmo o som que está a ser gravado e isso é um dos segredos desta banda, a ausência de egos.

MDX –  O disco saiu a 20 de Março pela Revolver Records, com a infeliz conjectura actual quais os vossos planos realistas para o promover ao vivo, com os cancelamentos que tiveram de ocorrer dos concertos de lançamento?

CL– Nós gostávamos de celebrar um regresso à normalidade com concertos pelo país. Neste momento há coisas bem mais importantes do que concertos mas penso que este período forçado de reclusão fez as pessoas darem mais valor à arte em geral, ao cinema, à música, etc. Temos tido um feedback bastante positivo do disco, talvez por as pessoas passarem mais tempo em casa e terem mais disponibilidade ou necessidade de ouvir música nova.

MDX- O formato video nesta fase em especial assume um papel preponderante na promoção de qualquer disco, como surgiu a ideia para o videoclip do single “Cops” uma espécie de sátira às tele-vendas com dentes de vampiro à mistura?

CL– O vídeo é da autoria do Hugo Amaral que já tinha feito um vídeo para nós no disco anterior (Kindness & Talk) e com quem gostamos de trabalhar. Toda a ideia do videoclip foi da responsabilidade do Hugo que nos apresentou a ideia no momento das gravações em chroma-key, sem termos nós ideia do que seria feito. Estamos todos bastante satisfeitos com o resultado final. Penso que é uma boa sátira à sociedade de consumo e à promoção de produtos inúteis ou que nos querem vender como inovadores.

MDX- Relativamente à capa do disco…qual a história, como surgiu é da autoria de quem, sem dúvida uma estética diferente…

CL– O design/ imagem da capa dos discos foi sempre algo muito importante para nós pois como colecionadores do formato vinil sabemos como as capas dos discos constroem o imaginário de cada banda. Para este disco, convidamos a artista Anne-Margreet Honing que é uma fã da banda e que nos ofereceu uma série de desenhos como propostas de capas de disco. Inicialmente o consenso não foi fácil mas acabamos por concordar que esta era a capa certa para o disco e o momento que todos estamos a viver.

MDX- Já têm preparada a parte visual para os vossos futuros concertos? Vão manter essa característica da imagem como pano de fundo nas vossas apresentações? Este hiato forçado pelo estado actual das coisas dá-vos mais tempo para reformular ainda mais essa componente ou até a escolha do repertório? Falem do que pode esperar o público dos concertos entretanto que vão sendo re-agendados para um estado pós-emergência.

CL– Estamos a fazer a transposição do disco para o palco, somos agora seis músicos, daí que o dispositivo cénico tem de se adaptar a cada palco e à logística técnica existente em cada um deles mas gostávamos de continuar a ter uma componente visual forte e que reforce a experiência de nos ouvir ao vivo. 

MDX- E para finalizar onde pode o público confinado em casa ouvir-vos, encomendar o disco em formato digital ou fisico? Deixem aqui as links e os contactos para ajudar, sei que o disco tem edição em cd e vinil…

CL– O disco pode ser ouvido no Spotify e Bandcamp ou comprado em cd ou vinil através da nossa editora, a Revolve ou da editora Wasser Bassin que vende e distribui todos os nossos discos: rvlv.bandcamp.com/album/iii, rvlv.net ou wasserbassin.com.