Opinião Reviews

In Amazonia de ISILDERS BANE & PETER HAMMILL

ISILDERS BANE & PETER HAMMILL (Ataraxia Productions) 2019

Reza a história que Mats Johansson dos Isilders Bane e o Peter Hammill se conheceram algures em 2014 no Gouveia Art Rock desse Ano… ficando assente que seria interessante fazerem algo em conjunto. Um ou dois anos depois a ideia “AMAZONIA” apareceu. Daí até esta obra houve trabalho individual (muito) e, claro, bastante em conjunto.

Isildurs Bane, banda Sueca formada em 76 e liderada por Mats Johansson funciona mais como um colectivo… muita gente já entrou e saiu dela. À data temos Katrine Amsler (órgãos e electrónicas), Klas Assarsson (marimbas, vibrafone, clockenspiel, tam-tam e octobans),Luca Calabrese (trompete), Axel Croné (baixo, clarinete baixo, saxofone tenor, guitarra eléctrica, Yamaha grand piano, cravo Hohner D6 e sintetizadores adicionais), Samuel Hallkvist (guitarra eléctrica), o já falado Mats ( Arp 2600,Yamaha Piano grande, Cravo Hohner D6, Mini Moog Model D Kurzweil 2600, etc, etc), ainda Liesbeth Lambrecht( viola e violino ), Kjell Steverinsson( bateria e percussões ), Xerxes Andren (bateria e percussões) e Zhazira Ukeyeva (violino). Como convidada muito especial a “grande” Karin Nakagawa no Koto e vozes (koto é um instrumento do Japão com 25 cordas que tem uma sonoridade fantástica).

Peter Hammill não precisa de apresentações! É um Mestre do ”Prog” e não só, mentor e líder dos Van der Graaf Generator e também de uma excelente carreira a solo, dono duma voz inconfundível e de um talento quase nato para fazer canções… Reunidas as condições nasceu “In Amazonia” (2019) da Ataraxia Production.

Deixo um pequeno comentário sobre as 6 faixas que o compõem:

O álbum abre com “Before  you know it”, música épica (que bem podia ter sido dos tempos áureos dos VDGG) combina muito bem esses ritmos duma suposta Amazónia (árvores, brisas, água e vida animal) com a mestria da banda que executa (7,47mn)

“Under the current”, com um começo quase New Age interrompido com a voz peculiar de Peter Hammill passando daí a ser um entrelaçado de voz e música, quase nos deixando pregados ao chão (4,55min)

“Aguirre”, o título leva-nos para algo de medieval/folk mas, mais uma vez, a voz de Peter Hammill mostra as suas características e depois de uma fase lenta esta sobe de tom e a parte sinfónica e progressiva expande-se e delícia-nos… (5,18min)

“This is where”, música ela que revela só um turbilhão de sons, ritmos e atitudes (por isso a maior de 10,12min). A voz, as electrónicas de muito bom gosto, o koto da nossa Karin, o som do órgão, vibrafones, clarinetes, baixos, saxofones tenor, trompetes, violas e guitarras eléctricas, percussão e bateria tudo bem temperado e no ponto!

Em “The Day is Done” (9,09min) a voz e os grand piano mellotron e eléctrico formam uma música bem ao estilo de Peter Hammill a solo. A sua voz e o som dos pianos por vezes fazem-nos levitar…

Para terminar, alguma cacofonia em “This bird has flown” faz todo o sentido, música em crescendo mas curta e com um final claro mas conciso.

“in Amazonia” chegou ao fim ?!… Não! Podemos sempre voltar a ouvir-lo e apreciar as coisas que não se ouviram bem à primeira, segunda ou terceira audição… Acho que já o ouvi mais de quinze vezes e descobri sempre coisas novas (sons, pormenores).

Resta acrescentar que este álbum foi apresentado pela primeira vez ao vivo mundialmente em Portugal no Gouveia Art Rock de 2019… é, assim, “In Amazonia”.

Fotografias – Ana Fernandes