Estiveram em Lisboa em Novembro passado, e foram das bandas que mais surpreenderam no festival da avenida, o Super Bock em Stock. Regressaram a Portugal em nome próprio para dois concertos em Lisboa e no Porto, tendo sido o de Lisboa no dia Carnaval no espaço Lisboa ao Vivo. Os MEUTE são uma banda de techno, com onze incríveis bateristas e trompetistas. O seu intuito foi criar um novo género musical, em que a combinação do techno e o som arcaico dos metais e dos tambores é perfeita. Os próprios reconhecem que “desconectam a musica electrónica da mesa do DJ e criam um impulso de energia em palco (…) Seja nas ruas ou nos clubes.” Os MEUTE são originalmente uma banda de rua e tivemos oportunidade de o presenciar em Novembro em Lisboa na Rua das Portas de Santo Antão! Eles conseguem desmontar o gene da música electrónica e, com onze potentes instrumentos, criarem musicas electrizantes e a transbordarem de ritmo.
Esta noite o domínio foi de música techno desde inicio, a partir das 21h00 o DJ Ramboiage abriu a pista de dança em que se transformou a sala de Marvila. O concerto estava esgotado e a faixa etária mais jovem dominou a noite.
Eram 22h00 em ponto quando as luzes se apagaram e o palco se iluminou com o símbolo da banda de Hamburgo. Espalhados ordenadamente pelo palco, revezavam-se na frente conforme a intensidade dos instrumentos. Um dos trompetes trocou com uma das baterias e de repente deu-se uma explosão na subida do tom que terminou com as efusivas palmas do público! Recolheram-se pela lateral direita do palco e deixaram o xilofone e o bongo dar show. Silenciaram, para desta vez ser o trombone a entrar isoladamente e, com um único acorde, chamou todos os trompetistas que em fila deram continuidade à música.
Os temas quase que se colavam sem deixarem espaço para respirar e os movimentos dos músicos também não. Subiam e desciam as plataformas, gingavam os ombros e abanavam as ancas numa sincronização conjunta. Entrou primeiro o trompete para em seguida se juntar o Xilofone, subiram o tom quase em despique num ligeiro free jazz e assim puxaram pelo público. Os dois trompetistas dançaram sincronizados esticando as pernas para a frente.
O público acompanhou os músicos trauteando os sons dos instrumentos, “What Else is There“, “Slip” ou a contagiante “You & Me” (última) e sentimos bem a troca de energia entre este e os músicos. O trabalho de luzes esteve francamente bom, conseguindo o símbolo dos MEUTE estar constantemente em alternância de cores conferindo ainda mais alma a este grupo de excelentes músicos. Uma sala exageradamente cheia, com pessoas a dançar até à porta! Apesar do conforto que um espaço fechado possa ter, nomeadamente no controlo acústico, os MEUTE são uma banda de espaços exteriores, de rua, de uma dança espontânea de quem passa e de quem fica totalmente rendida ao seu ritmo de festa e simpatia!