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Efterklang, os Cavaleiros da Dinamarca

Quarta-feira é dia de ‘Champions’; este, dia 23, teve especial gosto, ou não marcasse o regresso do Benfica às vitórias da competição. Para todos os apoiantes do clube da Luz, tal feito era suficiente para celebrar ao longo da noite e já de coração cheio. Porém, para este que vos escreve, a chave de ouro para fechar a noite em grande viria através dos Efterklang.

Casper Clausen, Mads Christian Brauer e Rasmus Stolberg regressaram a Portugal após algumas aparições com o seu outro projeto em conjunto, os Liima, onde dão aso a toda a sua criatividade por uma electrónica experimental. Apesar da qualidade ser a mesma de sempre, é com os Efterklang que o trio dinamarquês se apresenta no seu estado mais puro e honesto, demonstrado com o lançamento de Altid Sammen deste ano, cantado em dinamarquês de uma ponta à outra.

Antes que se pudesse ouvir o mais recente disco dos Efterklang, houve tempo para os First Breath After Coma, responsáveis pela primeira parte , cimentarem o estatuto de NU como um dos melhores discos nacionais lançados este ano, com “Change” a ser mesmo capaz de ser o melhor tema de 2019 assinado por mãos portuguesas.

Infelizmente, e culpando o caótico trânsito que se registou no pós jogo pelas imediações do Estádio da Luz, não se chegou a tempo para pôr em palavras o quão bonito deve ter sido a noite dos First Breath After Coma. Mas há fotografias igualmente bonitas capazes de retratar. ´

Três Kapten e dois cancelamentos à mistura depois, chegou-se ao Lisboa ao Vivo a tempo de se baterem palmas para a entrada dos Efterklang, ficando rapidamente conquistados pelo amável e sincero sorriso de Casper Clausen. É incrível quando o público, mesmo não em número suficiente para esgotar a sala, fica longo alinhado com a banda antes se quer de esta começar a tocar. Golo para os Efterklang.

Para esta noite dedicada Altid Sammen, a dose de temas foi bem composta, com sete dos nove temas do disco a encontrarem o seu caminho para palco; curiosamente, os Efterklang que se apresentaram no LAV também davam pelo número sete. Na verdade, até poderíamos contar com oito, com a simpatia de Casper a valer só por si e a atingir o seu expoente máximo em “Hold Mine Hænder”, com o vocalista a silenciar a sala para que o público, timidamente, se juntasse a si para um bonito sing-along, que viria a mudar o rumo de um concerto cujo uso da língua dinamarquesa, a par da apresentação de novas canções que ainda não tiveram o tempo suficiente para que se criassem ligações com, dificultava a tarefa de manter grande relação com o público.

Já na segunda parte do concerto – atentar em ‘parte’, dado ter sido demasiado preenchido para se chamar de encore – a coisa mudou de figura e repescaram-se alguns dos mais bonitos temas da carreira dos Efterklang, com “Alike” e “Cutting Ice to Snow” a preencherem o LAV com o mesmo tipo de sorrisos bonitos e pacíficos à moda de Casper, onde apenas “Modern Drift” e a sua capacidade de levar o público a cantar o refrão em uníssono a romper essa contentação demonstrada por lábios.

É sempre especial tocar em Lisboa porque, ao longo de tantos anos, eu olhos para as vossas caras e já reconheço grande parte de vocês. Estou um pouco nervoso, confesso”, revelava Casper antes de receber risadas como troco. E receberia muito mais, ou não fossem os Efterklang a banda sonora de muitos dos nossos sonhos. E, de forma apropriada, “Dreams Today” seria a última canção que se ouviria naquela noite. E soou a goleada de “Champions”.