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O groove quente e consciente de Destination Lonely

Todos sabemos que o ser humano é um ser solitário e que, por muitas pessoas que se cruzem no nosso caminho, se não aceitarmos esse facto, nunca vamos conseguir aproveitar tudo o que a vida nos dá na sua plenitude. O destino solitário é algo que podemos esperar, mas até chegarmos lá, há sempre um bom caminho pela frente e esse caminho tem de ser feito com a melhor banda sonora de sempre. Pois, nunca nos podemos esquecer, que é a música que nos vai fazer lembrar melhor de algum momento ou pessoa ou sentimento.
Assim, na passada
sexta-feira, dia 7 de Junho, fomos receber um trio especial ao Sabotage. Um trio oriundo do sul de França, denominado de Destination Lonely. Um trio que, talvez, nos queira assegurar a melhor banda sonora até chegarmos ao nosso destino.

Muito depois da hora prevista, o trio sobe ao palco para nos dar uns densos 45 minutos de uma mescla de garage punk cuidado e delineado com um quente noise blues. Uma mistura que soa estranha mas que resulta muito bem em palco, atento o facto de que, para além disto não há um baixo, mas sim duas guitarras e bateria.
Na sua subida ao palco, somos brindados com um belo solo de cordas que nos ia maravilhar mais vezes ao longo do concerto. No entanto, não falo daqueles solos aborrecidos, falo de solos quentes, com capacidade de nos guiar a estradas que rompem o deserto e terminam num festival com selo Desolation Center. Solos esses com contornos blues, também. Um poderoso e estridente mundo de sabores sonoros que nos geravam um conforto, talvez solitário, mas reconfortante e aconchegante. Mundo este que caminhou sempre em modo crescendo e crescente guiando os poucos presentes a um bom estado mental de estabilidade desequilibrada de vários sentidos. O ex libris, que muitos podiam achar falha, encontra-se no facto da inexistência de um baixo que proporciona uma teia bem trabalhada e por vezes distorcida que é rasgada pela voz electrizante, rouca, embrulhada, por vezes arrastada, mas sempre, extremamente estimulante.
Estes 45 minutos passaram demasiado rápidos mas foram suficientes para visitar a maioria do trabalho deste trio que já passou por escolas como The Fatals, The Space Beatnicks, Dividers, The Jerry Spider Gang e Destroyers. A guitarra de Lo Spider mostra isto e muito mais e, em 9 anos, já com alguns trabalhos editados, fizeram-nos um resumo deles. Entre “Gonna Break”, “S+E+U+L”, “Waste My Time”, “Don’t Talk To Me”, “I Don’t Mind” e “Nervous Breakdown” passamos todos por diversos estados a caminho do deserto e estados da mente.
Não saindo do palco, tivemos direito a um encore com “In That Time” e “That’s All” deixando-nos sem grande capacidade de reacção, ansiado por um pouco mais de estrada até chegar ao destino.