“Do you want to go the plage with me?”

Quem é fã de Crystal Fighters, nunca recusaria o convite feito em “Plage”, um dos mais icónicos temas da banda. Mas estamos em Março, um mês onde o calor não é propriamente abundante.

Para todos aqueles familiarizados com o trabalho da banda britânica-espanhola, há qualquer coisa na sonoridade de Crystal Fighters que grita ‘Verão’ por todos os lados; a indumentária, os instrumentos, a irreverência ou a sede contagiante de se dançar, de o corpo dar manifesto ao que sentimos quando se ouve temas como “You & I”. Apostamos nesta última premissa para justificar o estrondoso ambiente festivo que se viveu no LAV – Lisboa ao Vivo – no passado sábado.

Apesar das presenças assíduas nos nossos palcos festivaleiros, o dia 9 de Março marcou a estreia dos Crystal Fighters em nome próprio pelas salas portuguesas, e logo para ocasião esgotada. Apesar de Gaia & Friends, disco lançado agora em meados de Março, ser o grande foco de atenção para a atual tournée, este viria a ser posto de parte em prol de trabalhos anteriores.

A viagem ao passado começou bem cedo, servindo como achas numa fogueira que rapidamente se descontrolou, ou não figurassem nessas “I Love London”, “Follow” e “LA Calling”, três dos primeiros singles dos Crystal Fighters, onde a primeira foi antecedida por um vibrante jogo de percussões.

Descrever o ambiente que se viveu pelo LAV é tarefa árdua. Aliás, não só é árdua como também é injusta; classificar o público que acolheu o regresso dos Crystal Fighters como vibrante, guerrilheiro ou, na escassez de mais adjetivos, incrível, não faria em todo jus à impressionante energia que se viveu por ali. Saltar e bater palmas é algo que qualquer um consegue fazer. Agora, mantê-las do início ao fim da noite, isso já é todo um outro nível. E nesta noite, os fãs de Crystal Figters não arredaram pé por um minuto que fosse.

O fôlego interminável deste público, ou melhor, a energia festiva, que teimava em não ter fim, é quase como uma consequência adjacente à sonoridade dos Crystal Fighters. Para além do denominador ‘festa’ que há nesta equação, a verdadeira estrela desta companhia britânica espanhola é o de ‘celebração’, seja da vida, de estar vivo, e até o próprio ato de viver.

Foi graças a esta conjugação perfeita, entre banda e público que encontravam o uníssono através de odes à felicidade, que os Crystal Fighters foram reis e senhores do LAV.

Nunca houve um momento morto, um tempo para se recarregar as energias, isto porque os portugueses tinham praticamente todo o cardápio dos Crystal Fighters na ponta da língua, como “Yellow Sun” ou “Love is All I Got”. No caso das passagens por Gaia & Friends – leiam-se “The Get Down” e “Runnin’” – Sebastian Pringle desafia e atira-se mesmo para o meio do público, colmatando logo a fraca adesão destes temas tão rebentos.

Depois de uma mui celebrada medley de “All Night” e “Champion Sound” (com direito a roubo de microfone pelo público), e de uma “Love Natural” a estoirar quase todas as energias restantes, a ostentação chegou ao som de “Bridge of Bones”, com o LAV a ficar ofuscado com todas as lanternas que iluminavam a sala.

“Vamos à praizita?”

A noite terminaria com este convite, que antecederia a inevitável “Plage”. Não importa se é Março, Julho, Novembro ou Janeiro, se a água está gelada ou a escaldar, se há fato de banho ou não; os Crystal Fighters já se tornaram família, e a estes nada se recusa. Aliás, a julgar pela gratidão sincera demonstrada na saída de palco, a sensação de pertença é mais do que recíproca.

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