Backstage

The Oscillation, a experimentação é o caminho

O próximo fim de semana trará até Portugal a banda de Demian Castellanos – The Oscillation – para dois concertos, dia 13 nos Maus Hábitos (Porto) e dia 14 no Sabotage Club (Lisboa). A eclética banda que lançou Wasted Space, o seu sexto album, através da editora Fuzz Club no passado mês de Setembro continua a surpreender e a inovar convidando-nos a dançar ao som de Wasted Space e de outros temas já esta semana. Aproveitámos para conhecer um pouco melhor o que está por detrás da sonoridade e das produções desta banda que tem vindo a surpreender e a construir um caminho deveras sólido no underground.

Musica em DX (MDX) – Como surgiram os The Oscillation, e como chegaram até ao nome da banda?

Demian Castellanos O som e o conceito deste projecto foram o resultado de muitos anos de experimentação de sons e escrita de músicas que levaram muito tempo a serem construidas. Já escrevia e gravava há vários anos na tentativa de encontrar a minha própria voz e técnicas de produção. Não foi algo que tenha surgido repentinamente do nada, foi antes algo que aconteceu ao cabo de muitas tentativas.

Eu tinha algumas coisas que faziam algum sentido e que pareciam conter em si o seu próprio lugar musical. Um dia um amigo sugeriu-me este nome e até um certo nível isso ajudou-me a focar-me mais em algumas das minhas influências.

MDX – Todos vós têm, ou tiveram em dada altura, outros projectos. Como é que esses projectos interagem com os The Oscillation?

Demian Castellanos – Sim, de facto todos nós temos outros projectos para além dos The Oscillation o que é mesmo muito saudável, para que seja possível fazer algo mais em qualquer estilo de música.

Do meu ponto de vista algumas das composições mais drone funcionam muito bem com os The Oscillation, mas é bom termos outras perspectivas e outros caminhos para explorar sem ser sob o nome dos The Oscillation. Todos na bandas tem os seus próprios projectos e isso faz com que não estejamos tão limitados e seja possível explorar toda a nossa criatividade.

MDX – Quem faz o vosso trabalho visual a nível de capas, cartazes, videoclips?

Demian Castellanos – O design do nosso primeiro é da autoria de La Boca Design que eram os designers residentes na DC Recordings, e tenho de dizer que a estética deles influenciou bastante o que se seguiu. As capas dos últimos albuns tem sido sobretudo ideias minhas e que com a cooperação de algumas pessoas consegui transpor exactamente como desejava. From Tomorrow e Wasted Space foram inspiradas em pinturas do meu pai e eu quis usá-las para continuar a perpetuar a sua memoria. Mais recentemente tive a ajuda da Olga Dyer para dar corpo a ideias que até àquele momento eram apenas imagens na minha mente. Enviei-lhe essas imagens e ela ajudou-me a decidir quais as melhores imagens e como criar um design que fluísse ao longo do álbum. Também tenho trabalhado com o Julian Hand que anteriormente já fez bastantes coisas ao nível dos vídeos e das luzes em concertos dos The Oscillation.

MDX – Gradualmente os The Oscillation tornaram-se muito mais próximos duma certa música de dança, mas ainda assim continuam muito ligados ao psicadelismo, como aconteceu isso?

Demian Castellanos – Eu apenas gosto de experimentar e misturar coisas diferentes. O nosso primeiro álbum, “Out Of Phase” tinham muitos ritmos dançáveis, mas depois disso eu quis explorar uma vertente mais rock. Monographic o álbum de 2016 foi bastante mais pesado e denso e depois disso senti a necessidade de experimentar outras texturas e influências ao invés de repetir a formula anterior. A influencia do psicadelismo está mais relacionada com a forma como as faixas são produzidas, ao dispormos os sons em camadas e adicionar efeitos e não tanto com as faixas em si.

MDX – Não tenho a certeza, mas creio que Future Echo foi o vosso primeiro registo, em 2010. O que mudou neste 8 anos em que lançaram seis discos e uma série de splits?

Demian Castellanos – Houve um álbum anterior chamado Out of Phase, que saiu pela DC Recordings, mas eu creio que sim, porque este é um álbum um pouco ignorado por uma razão qualquer. Esse álbum parecia algo que se poderia rotular entre a dance e krautrock, muito mais que psicadélico, apesar das influencias serem as mesmas. Future Echo saiu depois. Acho que o que mudou neste espaço de tempo foi a própria cena psicadélica que passou a abranger um espectro muito maior de músicas e géneros.

MDX – Como descreverias a vossa sonoridade e quem são as vossas maiores influências?

Demian Castellanos – Não conheço forma melhor de descrever a nossa sonoridade que dando uma lista daquilo que nos influencia, desde The Cure, The Stooges, The Deviants, Siouxsie And The Banshees, P.I.L, Tangerine Dream, Klaus Schulze, The Pretty Things, The Durutti Column, Neu, Death In Vegas, Suicide, Spacemen 3 and Loop.

MDX – Como outras bandas mais viradas para o psy e o kraut, é possível que gostem de improvisar.. Isso acontece convosco também?

Demian Castellanos – Eu estou mais voltado para a repetição e para alongar certas partes da música do que improvisar e quanto mais repetitivas as faixas forem maiores são as hipóteses de as dilatar.

MDX – Wasted Space tem algum objectivo especifico?

Demian Castellanos – Depois de U.E.F eu queria de uma forma qualquer juntar os pontos entre esse momento e membros anteriores dos The Oscillation. Senti que precisava de o fazer num curto espaço de tempo para que tudo pudesse ser contextualizado. Preferi fazer um álbum que tivesse algumas faixas mais curtas mas que também pudesse conter material mais expansivo como em U.E.F. Acaba por ser um pouco um álbum em duas partes. O lado A é bastante mais pesado, mais à base de guitarras enquanto o lado B é mais ambiente ou onde evocamos as nossas memórias emocionais. Os únicos objectivos concretos que tenho é lançar um disco que pareça uma viagem do principio ao fim.

MDX – Se pudessem viajar no tempo que bandas gostariam de ver ou com quem gostariam de tocar?

Demian Castellanos The Cure ali entre 1981-84, Spacemen 3, Miles Davis em meados dos anos 70 também seria muito bom. Não creio que quisesse tocar com eles. Seria mais feliz apenas a desfrutar da experiência de os ouvir.

MDX – O que podemos esperar do concerto dos The Oscillation no Sabotage Club?

Demian Castellanos – Energia, alguma emoção, e muitos sons repetitivos e indutivos à dança.