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10 000 Russos, maiores que o ritmo

No dia 17 de Novembro à noite, entre momentos de chuva forte nas ruas cheias de gente do Cais do Sodré, entrei no Musicbox para assistir à estreia de uma banda nesse palco. É a primeira vez que vemos os 10 000 Russos depois da edição do álbum conjunto com os Radar Men From the Moon no passado mês de Setembro e dias depois da estreia de um novo video para Germinal.

Os portuenses 10 000 Russos estreavam-se a tocar no palco do Musicbox, numa noite em que Lisboa estava plena de acontecimentos a decorrer. Não creio que isso lhes tenha diminuído de forma alguma a vontade, e ainda menos o facto de não terem tido a casa cheia que mereciam. Na verdade este três rapazes perante uma plateia bastante desfalcada não se contiveram nem um pouco e deram um concerto para lá de irrepreensível.

A primeira música, soubemos depois, é nova, significando isso que o trio tem já novas ideias para o sucessor de Distress Distress o último registo de originais editado em Abril de 2017.

Esta música nova que ainda não tem nome acentua tudo o que os 10 000 Russos têm de bom e único; o baixo denso de André e a bateria de João em perfeita sintonia a criar uma batida densa e forte como se fosse uma daquelas ondas gigantes que vão varrer tudo na sua passagem, que é depois coroada com a guitarra do Pedro, que pinta uma harmonia leve e luminosa por cima do ritmo negro e denso.

Sem respirar entre músicas introduzem Tutilitarian e depois numa revisitação aos registos anteriores USVSUS, para mim uma das melhores músicas da banda, e que tem um video bastante curioso, vão ver se tiverem oportunidade.

Mantendo sempre um ritmo elevado, hipnótico e negro levam-nos por ISM e a um lendário Europa Kaput. A noite terminaria com Radio 1, que foi prolongada ao ponto de nos parecer algo mais. O público que não faltou à chamada mas que infelizmente não encheu a sala ainda assim gritou durante largos minutos pelo regresso da banda que não nos brindou com um encore.

A verdade é que não era necessário. foram cerca de 70 minutos densos e poderosos a que nenhum encore faria justiça. Justo mesmo seria ter tido mais gente a ouvi-los num dos melhores concertos que já vimos do trio, até porque um destes dias estes 3 rapazes talvez já não caibam em algumas salas.

Fotografia (capa) – Luis Sousa
Promotor – Musicbox Lisboa