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Vodafone Paredes de Coura’18, O regresso ao vale encantado!

Todos os anos, de há 4 edições para cá, Agosto tornou-se um dos meses mais aguardado e ansiado ao longo do meu ano. Acredito que o seja para muitas pessoas de igual modo. A verdade é que o pensamento de regressar a Coura, ao Vodafone Paredes de Coura, traz logo uma paz regeneradora ao corpo e cria uma ansiedade gigante de fome de que cheguem estes quatro dias. Depois de um final grandioso na edição anterior que terminou com um abraço comunitário com a “All My Friends” como banda sonora e confettis a cair do céu, regressamos ao lugar onde temos sido felizes! A harmonia e união característica do festival vai regressar às margens do Taboão nos próximos dias 15, 16, 17 e 18 de Agosto.

Antes disso e, como já é hábito, a Vila recebe concertos. Já estando a receber desde o passado dia 11, Sábado, n’O Festival Sobe à Vila com Mods Collective. Ontem, dia 12, a Vila recebeu os concertos de Barry White Gone Wrong, 10 000 Russos e o DJ Set de Dupplo. Hoje, há concerto de Chinaskee & os Camponeses, The Black Wizards e DJ Set de Cumbadélica enquanto que amanhã, dia 14 e véspera de feriado e festival, há The Lemon Lovers, Deixem o Pimba em Paz e DJ Set do Tigerman.

Dia 15 é o dia mais aguardado e a romaria ao recinto à beira-rio, inicia-se. Como habitual, deixo as sugestões do que, para o Música em DX é imperdível.

Já é costume, no primeiro dia, só existir um palco aberto – o Palco Vodafone. Logo pelas 18h30 temos os bracarenses Grandfather’s House com a sensualidade lenta de um synth indie rock que nos abrirá o apetite da melhor forma.

Marlon Williams vem da Nova Zelândia e tem voz de contador de histórias dos anos 50 com o ritmo apaixonante de quem canta com o coração e a melancolia típica do folk. Chamando a atenção para o facto de o último álbum ter sido escrito de coração partido.

Logo de seguida o turbilhão emocional de nome Linda Martini. A banda de rock lisboeta traz o Homónimo na mala e a vontade genuína de nos desconcertar com a sua mescla de sensações, ritmos, harmonia e desarmonia que tão bem sabem quando sentidas na pele.

Para terminar, um dos concertos mais fortes, brilhantes e esperados do festival: os King Gizzard & The Lizard Wizard regressam ao anfiteatro natural após 2 anos e com 5 álbuns lançados em 2017. Com eles, a energia louca de quem tem o psicadelismo a circular nas veias, a loucura de quem é insaciável.

Ao segundo dia, começamos cedo com o garage/surf rock dos Fugly no Palco Vodafone FM.

De seguida, no palco ao lado, o trio X-Wife regressa com álbum novo e o seu electro rock envolvente e maravilhoso.

Regressamos ao palco secundário para uma explosão de energia chamada The Mystery Lights. Estes quatro rapazes vêm da América e têm um especial gosto pelo garage e psicadélico. Têm um jeito próprio e genuíno de cativar as pessoas, também.

Ao lado, Shame, uma banda tipicamente londrina a roçar o post punk, aguarda-nos para nos apresentar o seu primeiro trabalho Songs Of Praise.

Japanese Breakfast toca no palco secundário uma melancolia triste e bela. Um concerto intimista carregado se simplicidade e apertos de peito.

De regresso ao palco principal, Paulo Furtado e o seu The Legendary Tigerman. Misfit, novo álbum de The Legendary Tigerman, é o resumo da viagem que todos queremos fazer pelo deserto. Possivelmente vamos fazê-la no meio de um anfiteatro natural coberto de árvores.

Para encerrar o palco secundário, a delicadeza bela de Surma. A sua música faz-nos sonhar e libertar a mente para que esta possa voar até onde lhe apetecer.

Um dos concertos mais aguardados da noite acontece, de seguida, no Palco Vodafone. Falo de Fleet Foxes e do seu controverso Crack-Up lançado no ano passado que está carregado de complexidade e beleza, oxalá o toquem na sua maioria.

Para encerrar a noite, o duo londrino Jungle que mistura a soul com um certo funk trabalhado, vem fazer com que mexamos o corpo antes de ir dormir.

Terceiro dia de festival e o coração começa a apertar pela proximidade do fim. O Palco Vodafone FM abre com smartini e um indie rock com muito boas energias.

Logo ao lado, a norte-americana Lucy Dacus abre o palco principal. A cantautora traz um álbum acabado de lançar na bagagem e uma melodia sensível e extremamente bela.

De regresso ao palco secundário, Imarhan será um concerto ansiado pela curiosidade. Banda da Argélia, cantam em árabe e fazem uma fusão entre funk, disco e rock.

De seguida, o quase português Kevin Morby. Desta vez com um álbum novo a apresentar, álbum que dedica às cidades pelas quais se apaixonou.

Mais uma caminha ao Palco Vodafone FM para ver Greta Simone no seu projecto de indie pop Frankie Cosmos, com álbum novo na algibeira de Nova York até Coura.

À nossa espera, um concerto que, também, anseio muito depois da pausa que tiveram. DIIV regressam aos palcos, ou regressam em parte. Aquele shoegaze meio post punk, meio harmonia bela vai fazer maravilhas!

Para encerrar o palco secundário, os …And You Will Know Us By The Trail Of Dead, banda americana dos anos 90 vem a Coura completar-nos a alma de rock na sua mais pura essência.

O auge da noite será atingido com o intimismo envolvente e paisagístico de Slowdive. Espero um abraço tão apertado e quente como da última vez que os vi naquele preciso palco. Showgaze poderoso e puro. Um Homónimo de 2017 perdido em sonhos e coberto de uma densidade astuta que resultou num dos melhores álbuns do ano, a ser apresentado neste terceiro dia de festival.

Já no último dia, o da triste despedida, começamos da melhor maneira possível com o rock com linhas psicadélicas dos Keep Razors Sharp que têm um disco novo prestes a conhecer a luz do dia.

Ao Palco Vodafone sobe Myles Sanko com a sua soul apaixonante e ritmo groove.

De regresso ao Palco Vodafone FM, os bracarenses Dear Telephone vão acalmar corações com o seu registo lo-fi coberto de melancolia.

Mantém-se o registo da soul no palco principal, desta vez com a voz e ritmo de Curtis Harding. O poder da voz que vem da alma personifica-se em Face Your Fear, último trabalho lançado no ano passado.

Num registo mais apaziguante e sedutor, Silva, compromete-se a encantar e a fazer dançar suavemente!

Depois da soul vem Big Thief na voz de Adrianne Lenker. Uma voz versátil e que se entranha acompanhada por uma melodia que tanto tem de alegre como de melancólica. Trazem Capacity na mala.

A encerrar o palco secundário e com uma enorme curiosidade, vamos encontrar a leveza mágica de Yasmine Handman. Do Libano, traz-nos composições que mesclam a música electrónica, o indie e o folk.

Quase a encerrar a noite, os Dead Combo vão apresentar o novíssimo Odeon Hotel e contar com a presença de Mark Lanegan para dar voz a algumas faixas. Uma ligação que tanto tem de estranha como de apetecível.

E, para finalizar, os mais que aguardados Arcade Fire. Depois de um concerto no Campo Pequeno que vai ficar na memória de muitos, os Canadianos regressam a Portugal, desta vez ao anfiteatro natural de Coura. Não defendo a grandiosidade de Everything Now, até porque não a consigo encontrar, mas que são uma das bandas com mais e melhor presença em palco consigo defender. Será, efectivamente, um dos concertos mais marcantes do festival.

Não vale esquecer a música que os banhistas vão poder apreciar aquando do banho de sol ou na gélida água da praia fluvial. O Jazz na Relva regressa às tardes das margens do rio sendo que no dia 16 temos Galo Cant’as Duas e S. Pedro, no dia 17 Quadra e Vaarwell e, no dia 18, Mr. Gallini e Penicos de Prata.

Vale a pena juntar ao convívio esta paleta de boa sonoridade. Não se percam!
O Bilhete para o último dia já se encontra esgotado e os gerais prestes a esgotar.

+info: vodafoneparedesdecoura.com | festivalparedesdecoura

Texto – Eliana Berto
Fotografia (capa) – Jorge Buco | Música em DX (Vodafone Paredes de Coura’17)