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Super Bock Super Rock 2018, o cartaz mais eclético

A 24ª edição do Super Bock Super Rock (SBSR) arranca esta quinta-feira, dia 19 de julho, para três dias de muita música, e não só. O local do evento é o mesmo desde 2015, o Parque das Nações, em Lisboa.

Depois de ter passado por diferentes locais, tendo cada um deles marcado, à sua maneira, aquilo que tem sido a história deste que é um dos festivais mais antigos de Portugal, em 2015 o SBSR assentou arraiais no Parque das Nações, ocupando a agora denominada Altice Arena e toda a zona em seu redor. Digamos que agora em 2018, o SBSR pouco tem a ver com aquilo que era aquando da sua primeira edição em 1995, em Alcântara – com The Cure e Faith No More no cartaz, entre outros –, mas se assim não fosse é que seria de admirar, tudo muda e os festivais têm que ir acompanhando essas mudanças. Em 1996, apesar da presença de David Bowie – no dia em que Portugal foi eliminado do Europeu pela República Checa –, as vendas de bilhetes não foram as melhores e por isso a entrada passou a ser gratuita para todos os estudantes. O festival passou depois pelo Passeio Marítimo de Algés – onde agora se realiza o NOS Alive – e pela Praça Sony, durante a Expo 98. Entre 1999 e 2003 realizou-se em diferentes cidades do país, acontecendo algo idêntico depois em 2008 e 2009. De 2004 a 2007 assentou arraiais no Parque Tejo, para em 2010 se estabelecer no Meco, num local caraterizado pelo muito pó e pelas muitas filas para aqueles que iam mais em cima da hora. Desde 2015 que o festival tem então funcionado no Parque das Nações, verificando-se um melhoramento constante de ano para ano das condições do espaço, para melhor receber os milhares de visitantes.

O SBSR 2018 disponibilizará, como tem sido hábito nos últimos anos, quatro palcos: o Palco Super Bock (localizado na Altice Arena e onde constam os nomes mais fortes do cartaz); o Palco EDP (debaixo da pala do Pavilhão de Portugal e mais virado para a música alternativa); o Palco Somersby (na Sala Tejo e dominado pela música de dança) e o Palco LG by Rádio SBSR (dedicado à música feita em Portugal).

Apesar de ter rock no nome, o SBSR tem vindo a abrir as suas portas a outros géneros musicais, como é o caso do hip hop, sendo também por via dele que, nos últimos anos, este festival tem vindo a distinguir-se dos demais. Muitos têm sido os grandes nomes do hip hop internacional a marcar presença no Parque das Nações. Em 2018 esta ideia reforça-se ainda mais, confirmadas que estão as presenças de Travis Scott ou de Olivier St. Louis.

A edição de 2018 também marca uma nova dimensão que é dada à Arte Urbana. Assim, será exposta uma peça artística de grandes dimensões e haverá uma open air gallery com peças exclusivas e a possibilidade de participar em workshops dedicados à iniciação ao graffiti.

Olhando para o cartaz deste ano e começando pelo primeiro dia, 19 de julho, destaque para os The XX, que regressaram o ano passado aos discos com I See You, os parisienses Justice e a sua soberba música de dança, os The Vaccines, sem dúvida dos projetos rock ingleses mais interessantes dos últimos anos e que nos vêm apresentar Combat Sports, o seu novo álbum de originais editado este ano, mas não faltando de certeza clássicos como “If You Wanna” ou “Handsome”, e os Temples, que o mais provável será fazerem com que a pala do Pavilhão de Portugal abane com a interpretação de “Certainty”. Ao nível dos portugueses, temos Mirror People, o projeto de Rui Maia e que editou no ano passado o seu segundo disco: Bring The Light, e os The Parkinsons, banda de rock oriunda da cidade de Coimbra. Mas o grande destaque deste primeiro dia vai para a homenagem a Zé Pedro, denominada Who da F*ck is Zé Pedro? e que contará com ilustres convidados do universo musical português, todos eles seus amigos e admiradores, acompanhados por uma banda formada quase exclusivamente por familiares do músico e dos restantes elementos dos Xutos & Pontapés.

O dia 20 de julho, segundo dia da edição deste ano do SBSR, será aquele em que o hip hop estará em destaque, com nomes como os já referidos Travis Scott e Olivier St. Louis, mas também Anderson .Paak & The Free Nationals e Oddisee & Good Compny, entre outros. Dos portugueses, destaque para João Batista Coelho, mais conhecido por Slow J, os Ermo, que viram o seu Lo-Fi Moda a ser um dos mais elogiados discos portugueses de 2017 por parte da imprensa especializada, e Luís Severo, que em 2017 regressou às edições com um disco homónimo.

No terceiro e último dia da edição deste ano merecem destaque Benjamin Clementine, o britânico que editou em 2017 I Tell a Fly, o seu segundo disco, Julian Casablancas + The Voidz, sendo o senhor um dos mais importantes criadores de música rock do século XXI, os The The de Matt Johnson, banda que marcou musicalmente as décadas de 80 e 90 do século XX, a portuguesa Isaura, já com LP lançado, os Keep Razors Sharp, do qual faz parte o vocalista Afonso Rodrigues, dos Sean Riley & The Slowriders, os míticos Pop Dell’Arte de João Peste, que este ano apresentam um novo disco: Transgression Global, e os Sunflowers, ou seja, rock puro e duro vindo do Porto. Também de realçar neste último dia o regresso da La Fura dels Baus ao Parque das Nações, vinte anos depois de terem atuado na Expo 98.

Agora, é aguardar pelo dia 19 de julho e pelo início da edição de 2018 do Super Bock Super Rock, sem dúvida um dos festivais mais importante que Portugal viu nascer e que volta este ano a apresentar um cartaz com muita variedade de géneros musicais, talvez dos mais ecléticos de todos os nossos festivais, nunca esquecendo a música que se vai fazendo em Portugal.

+info em superbocksuperrock.pt

Texto – João Catarino
Fotografia (capa) – Nuno Cruz
Promotor – Música no Coração