Festivais MIL - Lisbon International Music Festival Reportagens

MIL, de Lisboa para o mundo

O MIL – Lisbon International Music Network é um festival e convenção centrado na divulgação da música atual para novos mercados em todo o mundo.

É assim que se apresentam e perante esta apresentação simplificada do que o Mil pretende oferecer não conseguimos perceber tudo. No entanto se olharmos com alguma atenção para as várias proposta, rapidamente entendemos onde pretendem chegar e como. Em primeiro lugar, o lugar em si; 8 salas, oito ambiente diferentes que se estendem desde o Lounge que se situa na Rua da Moeda, o Rive Rouge ali mesmo ao lado na Praça Dom Luis I de onde podemos seguir até perto do Tejo e entrar no B.Leza ou então seguir em direcção à Rua Nova do Carvalho onde nos podemos perder entre o MusicBox, o Europa, o Tokyo ou Viking e depois é só atravessar a Rua de São Paulo e entrar no Sabotage Club. As possibilidades e as combinações poder-se-iam dizer infinitas, porque entre estas oito salas em dois dias vão passar cerca de sessenta artistas. Da electrónica, à pop e ao rock e passando por áreas mais experimentais há muito por onde escolher, ou então podem simplesmente ir à descoberta sem qualquer plano elaborado até porque a qualidade do cardápio é bastante satisfatória até para os menos incautos.

A festa começa como todas as festas devem de começar; em grande. No dia 4 de Abril o B.Leza recebe a festa de abertura com um espectáculo único em que os brasileiros Boogarins convidam The Legendary Tiger Man, Paus e Capitão Fausto.

Boogarins

Os brasileiros têm sido presença assidua em Lisboa e outras paragens portuguesas nos últimos anos. A sua rápida difusão não é extraordinária, é o que é. De certa forma encontram-se neles os elementos de onde herdaram aquele toque de psicadelismo tropical, mas há mais neles que a herança quase genética de um Brasil colorido, já serão muito mais filhos de um mundo musica que de apenas um país. Um momento sempre quente e doce a evocar o calor que ainda está para vir. O encontro é no Music Box às 20h!

Phoenician Drive

Oriundos de Bruxelas, os seis elementos dos Phoenician Drive, trazem até nós o calor e a frescura dos oásis do norte de África através das tradições musicais do Médio-Oriente e Mediterrâneo. A sua sonoridade marcadamente exótica e recheada de todo o manancial de instrumentos tradicionais da região promete levar-nos na viagem mais esotérica e mística possível dentro do B.Leza, à beira Tejo.

Núria Graham

Se há uma boa forma de entrar no MIL, na quinta feira? Há, e é com Núria Graham. Does it ring a bell? Se sim, é bem provável que tenhas a ouvido no NOS Primavera Sound do último ano. Se não, é sinal que tens de ouvir o último álbum Does it ring a bell?. A artista, de Vigo, faz lembrar um pouco de Angel Olsen, devido ao estilo pop acústico. Enquanto não começa a altura de fazer roadtrips ao som deste álbum, fiquemos pelo Tokyo, às 19h45. Não dará para ver as cerejeiras em flor, mas estaremos a celebrar a primavera.

Best Youth

Este nome já é uma das certezas deste festival. Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves são o verdadeiro duo que põe o palco a arder, não no sentido literal. Já conhecemos há vários anos, já com muitos concertos, e agora ao mês passado com o lançamento de Midnight Rain, faz antever que vem aí um grande concerto. Se Highway Moon já tem três anos, e com o single Renaisance lançado ao ano passado, o público está em pulgas por mais material novo. 21h45 no Musicbox.

Corine

Corine é sensualidade e provocação, é o booggie francês sem complexos ou preconceitos. Se dançar é a palavra de ordem Corine é paragem obrigatória no Sabotage Club. No meio do glitter e dos cabelos loiros e esvoaçantes da francesa paira a mensagem pujante da libertação do corpo e da mente em prol do prazer e debaixo desse feitiço não creio haja corpo dançante que lhe resista.

The Legendary Tigerman

O palco mantém, a festa continua. Quem tiver no Musicbox em Best Youth que fique para ver o Paulo Furtado, nome civil para o The Legendary Tigerman. O músico que recentemente lançou no Lux Frágil o MISFIT, álbum que gravou nos Estados Unidos. Um hino ao rock, com temas para agarrar os colarinhos qualquer um, como Motorcycle Boy ou Red Sun. No concerto do Lux, o Tigerman não gostou da sua própria prestação, veremos como corre desta vez.

Black Snake Moan

De Itália chega Black Snake Moan, uma one man band, que nos traz um blues hipnótico e intimista a passar muito perto quase de uma experiência xamânica. Um blues sem dor do mundo, apenas desencanto puro, amplificado pelo maravilhoso trabalho da guitarra em quase todas as composições. Revigorante e ao mesmo tempo capaz de nos levar ao mais longínquo deserto, vai estar no  Tokyo na noite de quinta-feira.

The Zephyr Bones

Este quarteto oriundo de Espanha vai trazer até ao Sabotage Club sonoridades com as quais o espaço se encontra muito familiarizado. Os Zephyr Bones trazem a sua guitarra limpa e melodiosa e um baixo bem cheio de ritmo, mas com aquele travo de new psychedelia pós 2010. Nada de novo é certo, mas nada melhor para terminar a noite. Um concerto juvenil e cheio de sons leves e capazes de nos renovar toda a esperança na humanidade.

Zulu Zulu

Os Zulu Zulu são um trio espanhol, bem disposto e cheio de boa energia. A sua sonoridade é fantasiosa mas talvez porque actuam disfarçados, porque na verdade são bastante terra a terra e assumem que o seu papel é exactamente transmitir boas vibrações através da música que criam. Vamos poder encontrá-los no inicio da noite de sexta-feira no Europa.

Ko Ko Mo

Quando ouvimos ou lemos o nome Ko Ko Mo não nos ocorre decerto um rock n’roll cru e musculado, produzido por um duo francês de bateria e guitarra em punho, pois não? Mas os Ko Ko Mo são exactamente isso. Divertidos e provocadores q.b. são um daqueles casos de ver para crer, porque creio que os discos não lhe fazem justiça, e a oportunidade para isso vai ser no Sabotage Club.

Sean Riley

Quem acompanhou nesta viagem do The Legendary Tigerman aos Estados Unidos e acabou por gravar também um disco, foi Sean Riley. California é o resultado de um Sean Riley em acústico, com letras escritas “em quartos de motel”. E que melhor ideia de fazer o concerto que não num ambiente bem burlesco, também conhecido por Viking? Podendo, é ir sexta-feira, por volta das 21h45.

When Airy Met Fairy

Desde a primeira audição que o trio nos transporta para sítios carregados e densos emocionalmente através da voz cristalina de Thorunn Egillsdottir. Subtis e emocionais capazes de nos abrir o peito e expôr todas as nossas fragilidades, mas ao mesmo tempo crus e minimais. O Viking é o local escolhido para este encontro a sós connosco próprios e o resto do mundo.

Bruno Pernadas

Saindo do registo rock, do registo pop, entramos no mundo do jazz. É que melhor experiência senão ouvir o Bruno Pernadas e a sua super banda composta por membros que fazem parte de outras bandas como You Can’t Win Charlie Brown, They’re Heading West, entre outros. Provavelmente o concerto no b.leza será ao som do Crocodiles (diminutivo para Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them). Será com uma vista incrível para o Tejo que veremos a recta final do MIL a acontecer. Ainda assim o cartaz é vasto e com tantos outros nomes que valem a pena descobrir.

Keep Razor Sharp

Os Keep Razor Sharp estão perto de lançar o seu segundo disco, quatro anos depois do sucesso que obtiveram com músicas como Lioness ou I See Your Face, o que leva a que curiosidade sobre o momento que vivem seja mais que muita.  Será que vamos poder reviver as músicas do primeiro álbum e conhecer as novas músicas com a mesma intensidade que o fizemos da primeira vez. Decerto que será um daqueles concertos obrigatórios, desta feita numa casa que tão bem conhecem, o Musicbox.

O MIL está à porta, ou às portas dos bares e espaços musicais do Cais do Sodré. Os bilhetes ainda estão disponíveis para a segunda edição do certame.

Texto – Isabel Maria e Carlos Sousa Vieira