Backstage

Moonwalks, luar abrasivo

Os Moonwalks são uma banda de Detroit, que desde 2014 tem vindo a trilhar um caminho pautado por guitarras ora sujas ora ofuscantes de brilho sideral, com um baixo hipnótico e uma bateria cheia de surpresas. Este sábado estão nas Cartaxo Sessions com os Summer of Hate, amanhã vão estar no Sabotage Club com os 10000 Russos.

A baterista Kerrigan Pearce, a baixista Kate Gutwald e Jake Dean, vocalista e guitarrista conhecem-se desde míudos e aprenderam a tocar juntos, o que explica muita da aura fresca e juvenil que consigo transportam desde o primeiro EP em 2014 de onde saíram músicas deliciosas como Judith ou Candelabra, e que Jim Diamond (White Stripes/The Dirtbombs) guiou com a sua experiência. Assim não seria dificil perceber que poderia existir mais para além do que este trio mostrava na altura e a verdade é que cerca de um ano depois lançam o primeiro longa duração; Lunar Phases. Lunar Phases mostra já um crescimento bastante significativo, com a maioria das músicas a mostrar uma complexidade diferente, como em Creamcheese Ashtray ou The Spiller. Lunar Phases tem já um sucessor, In Light (The Scales In The Frame), cuja edição fisica viu a luz do dia através da Stolen Body Records, e que  confirma os Moonwalks a trilhar um caminho cada vez mais arrojado. É uma oportunidade de continuar a experimentar o que de bom nos vem chegando do outro lado do Atlântico e neste caso concreto de Detroit. Aproveitámos a ocasião para trocar algumas breves impressões sobre a sua música e o que os motiva.

Música em DX – Podem apresentar-nos os Moonwalks?

Moonwalks – Os Moonwalks são três. Tocamos um rock’n’roll que de certa forma se pode descrever como psicadélico.

MDX – Cresceram todos em Detroit. Como foi crescer em Detroit e tornarem-se músicos? Acham que teria sido muito diferente se tivessem crescido noutro sitio?

Moonwalks – Nós embremenhámo-nos na cena do Do It Yourself, mas aquilo foi um momento que não durou muito. No entanto fomos capazes de crescer enquanto banda e expandirmo-nos para lá de Detroit. A energia crua do início teve imenso impacto na nossa sonoridade e nunca teríamos conseguido obter isso em qualquer outra cidade do mundo.

MDX – Como sentem essa herança musical de Detroit ?

Moonwalks – Se algum de nós dissesse que não sente essa herança estaria a mentir. Mas não é algo em que habitualmente pensamos. Crescemos todos com uma grande variedadede de sonoridades à nossa volta e tocar com uma rosa simplesmente não lhe muda a cor…Seja Mozart ou os Stooges ou o Ravi Shankar ou The Marvelettes.

MDX – Os Moonwalks foram a vossa primeira banda?

Moonwalks – Sim. Aprendemos a tocar e a fazer música juntos num sotão onde suámos durante um verão escaldante em Detroit.

MDX – Quais foram os maiores desafios que tiveram durante este vosso percurso?

Moonwalks – Há demasiado espaço. Na verdade é muito dificil preencher um sitio tão grande com som, mas nós estamos a desenvolver uma nova técnica para preencher o maior espaço possivel e chamámos-lhe “Método Slither and Shout”, marca registada.

MDX – Quais são as maiores fontes de inspiração enquanto compõe a vossa música?

Moonwalks – Jardins bem cuidados e relva por cortar, aves e por vezes mães e pais.

MDX – Se tivessem uma máquina do tempo, onde, quando ou com quem gostariam de tocar?

Moonwalks – Receio que se tivesse uma máquina do tempo estaria demasiado ocupado para continuar a tocar…Andaria por aí no presente ou onde me pudesse concentrar. No entanto sempre desejei ter estado presente na apresentação da Sagração da Primavera de Stravinsky em Paris.

MDX – Conhecem algumas bandas portuguesas?

Moonwalks – Não, ainda não…nunca aí estivemos….

MDX – O que podemos esperar dos vossos concertos em Portugal?

Moonwalks – 3 pessoas, a apresentar uma dúzia de canções ou mais, que acima tudo amam rock n’ roll. Nada de piadas.

MDX – Qual foi a última canção que ouviram?

Moonwalks – Os sons de uma máquina de cigarros num mergulho vazio.

MDX – Obrigada pela vossa disponibilidade e vêmo-nos em Lisboa!

+info em stolenbodyrecords.bandcamp.com

 

Fotografia (capa) – Rick Bielaczyc | Moonwalks
Entrevista – Isabel Maria