Opinião Reviews

Stellar Drone, A viagem que todos devíamos fazer!

Imaginem-se a contornar o planeta terra. Perto o suficiente para podermos regressar, mas longe o suficiente para não sabermos quem somos e nos perdermos no espaço cósmico. A Viagem de que falo, podemos fazê-la, de olhos fechados, em cerca de 50 minutos na companhia dos guias Earth Drive.

Stellar Drone é o primeiro álbum da banda portuguesa formada em 2007 (Sara Antunes – Voz; Hermano Marques – Guitarra + Voz; Luís Silva – Baixo e Luís Eustáquio – Bateria), com o selo da Raging Planet onde se nota, efectivamente, a continuação das texturas densas e hipnotizantes na sua essência.

Um certo encantamento sensitivo e uma inquietação ansiosa resultam da primeira audição do álbum, composto por 7 grandiosas faixas. Uma segunda audição leva-nos ao desnorteamento caótico por entre um misto icónico de prazer e caos que nos faz tremer interiormente. A partir da terceira audição o coração sobe à boca e sabemos que, se não tivermos cuidado, a intensidade apodera-se e a nossa mente inunda-se de explosões transcendentais onde queremos, efectivamente, perder-nos.

A voz feminina, sensual e negra de Sara dá forma a um corpo delineadamente denso e complexo de uma sonoridade onde o stoner adora brincar com o psych. Há um baixo que nos aperta o coração e uma guitarra que rendilha riffs alucinogénios que trazem um calor reconfortante, enquanto a bateria nos abana compulsivamente criando camadas de loops de espasmos por todo o corpo.

O álbum começa com a introdução curta e grossa de “Lactomeda” para nos preparar para o poder que nos vai ser apresentado de seguida. De seguida, “Known By The Ancients” guia-nos até atmosferas desconcertantes que cobrem a paisagem de um universo grotesco e trabalhado que nos alimenta e dá vida. Somos invadidos pela “Two Temple Place” que nos injecta uma mescla de sensualidade com uma adrenalina latente que nos espelha todas as formas de sentir a intensidade no seu estado mais puro. A faixa que dá nome ao álbum, a maior, é, também, aquela com mais cores, mais níveis e graus de explosões desconcertantes onde o confronto pessoal se mistura com o deleite sensitivo e emotivo, fazendo-nos terminar a audição sem fôlego! “Are We Drowning In Digits” oferece-nos uma estufa de melodia e sabores, tentando acalmar o coração já tão acelerado. Por fim, começamos a passar pelas carruagens de um comboio sem corpo que rasga um asfalto reluzente e iluminado pela luz da lua onde caímos, levitamos e estremecemos.

A ânsia de sentir este poder entranhar-se em nós ao vivo é grande! Estamos, sem a menor dúvida, defronte a um dos melhores álbuns nacionais do ano. Fiquem atentos e sintam!
Os Earth Drive vão estar no Sabotage Rock’n’Roll Club no próximo Sábado, dia 30, dispostos a proporcionar-nos a nossa última viagem inesquecível de 2017.

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Podem embarcar na viagem aqui.

Texto – Eliana Berto