2017 Festivais Reportagens Super Bock Super Rock

Super Bock Super Rock 2017, Nem só de grandes nomes se faz este festival

Existem sempre concertos que, festival após festival, nos escapam. Não vimos, não conhecíamos, não quisemos saber. Pior: não raras vezes, anos depois, não queremos acreditar como é que perdemos aquele Gig de uma banda que agora monopoliza o nosso Spotify, ou de um artista que nos faz andar de grupo em grupo à procura de bilhetes, e a oferecer bem mais que o preço justo. Temos este exemplo em mente: em 2000 uns (ainda bons) Coldplay passaram pela margem do rio Coura sem serem demasiadamente reparados. Não eram conhecidos e ninguém lhes prestou assim tanta atenção. Anos depois, estávamos em 2011, quando os Britânicos arrastaram milhares de pessoas a Lisboa uma vez que seriam cabeça de cartaz de um festival. Irónico? Talvez. Mas mais curioso ainda será o facto de um desconhecido James Blake – nesse mesmo dia de Coldplay – ter sido recebido por apenas algumas dezenas de transeuntes, e ainda menos jornalistas. O que acontece de seguida é fácil de prever: decorrido pouco tempo, milhares percorriam vários festivais Portugueses para assistir a uma das figuras do momento: James Blake.

O Parque das Nações está prestes a receber o Super Bock Super Bock, um festival marcado pelo seu carácter mítico e camaleónico. Com data marcada para 13, 14 e 15 de Julho, este transporta consigo um cartaz eclético e versátil, onde prontamente se evidenciam nomes como Red Hot Chili Peppers, Deftones ou Fatboy Slim. No entanto, como nem apenas de nomes grandes vive um festival, a MDX apresenta propostas de bandas e artistas que estão a despontar ou poderão fazê-lo em breve. Por outras palavras: o Guia MDX para neofilistas.

Boogarins | 18:40, Palco EDP – 13 de Julho

Principiamos por uma banda que se deu a conhecer em 2013 com um magnífico As Plantas Curam, que apesar de produção caseira chamou prontamente a atenção generalizada. Com influências que vão desde Os Mutantes, a Tame Impala ou mesmo Raul Seixas, os Brasileiros tiveram a capacidade de mostrar diferentes texturas e diversas facetas sonoras entre Manual, ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, de 2015, e o curto e inesperado Lá Vem a Morte, de 2017. Muitas vezes descritos como embaixadores do Neo-Psicadelismo Brasileiro, não merecem apenas todo o hype que receberam como serão certamente um dos mais interessantes concertos deste Super Bock Super Rock.

 

Kevin Morby | 21:20, Palco EDP – 13 de Julho

Quem me dera estar em casa a abraçar Kevin Morby, foi uma das frases mais experimentadas na internet sempre que se falava no autor do aclamado Harlem River. Com um Folk Rock bastante característico, Still Life e Singing Saw foram felizes sucessores do álbum de estreia a solo. A sua sonoridade, facilmente reconhecida e muitas vezes associada a Lou Red ou Bob Dylan, elevou Kevin Morby a um dos cantautores mais celebrados da cena alternativa Americana. No Parque das Nações deverá apresentar City Music, o seu mais recente e – para nós – melhor trabalho.

 

Slow J | 19:40, Palco EDP – 14 de Julho

Apareceu quase do nada e tem oferecido lentos mas firmes passos ao panorama musical Português. Não se assume filho de nenhum género, não se quer enquadrar nem que lhe coloquem etiquetas, e só pede para não lhe colarem as solas ao chão. Tem merecido os mais diversos e inesperados elogios: desde Valete – com quem é amiúde comparado – a Rui Veloso.

Lançou recentemente The Art Of Slowing Down, o seu álbum de estreia, merecedor de uma crítica unânime. Denotando uma boa relação com o risco, uma capacidade lírica estimulante, tem no tema Comida o ponto forte deste trabalho. É ainda autor dos covers que mais deram que falar nos recentes meses: Desde Não me Mintas de Rui Veloso, até Menina Estás à Janela, de Vitorino. Além de tudo isto, cita José Mujica, o que per si já merece a nossa reverência.

 

London Grammar | 22:20, Palco Super Bock – 14 de Julho

Uma das propostas que mais valor acrescenta ao cartaz deste festival. Os Londrinos apresentam uma sonoridade de difícil caracterização: se não raras vezes os ligamos ao Dream Pop, não menos nos parecem caber nos moldes do Trip-Hop. Se com If You Wait, o fabuloso trabalho de estreia dos Britânicos, alcançaram um merecido e homogéneo aplauso, covers de Wicked Game ou In For the Kill conduziram decididamente a banda para a via do reconhecimento. Os London Grammar lançaram recentemente Truth is a Beatiful Thing, o seu segundo álbum, estamos, portanto, ávidos para perceber como resulta este novo trabalho ao vivo.

 

Língua Franca | 22:45, Palco EDP – 14 de Julho

Se alguém nos atirasse que Capicua, Emicida, Rael e Valete – sim, Valete, esse mesmo – iam ter um projecto em comum, que pensaríamos nós? Que seria uma graça sem qualquer adesão à realidade, provavelmente. Na música, no entanto, repetem-se estas improbabilidades e “Ela”, tema de avanço do disco de estreia, viu, recentemente, a luz do dia. Com uma reunião de distintas experiências, culturas e sensibilidades, Língua Franca pode ser um dos trabalhos mais inovadores que a Lusofonia viu nascer nos últimos anos. Produzido entre Lisboa e São Paulo, o álbum é composto por 10 faixas à espera de serem conhecidas. Deixamos mais um facto com alguma importância: É o único concerto conhecido do grupo.

 

Bruno Pernadas | 17:20, Palco EDP – 15 de Julho

Em 2014 o seu primeiro álbum logrou algo com escasso precedente para um álbum com toques Jazzísticos: invadiu tudo o que eram redes sociais, listas de melhores discos do ano e, foi, até, tocado em vários festivais. Depois deste fabuloso How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge, no ano de 2016 Bruno Pernadas ergueu, de um só trago, Worst Summer Ever e Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them: um trabalho duplo que tem dado que falar e que promete ser um dos mais sui generis momentos do festival.

 

Stone Dead | 19:30, Palco SBSR.FM – 15 de Julho

Provenientes de Alcobaça estes rapazes não se agarram a rótulos ou moldes e conduzem-nos até a um Rock mais cru e sincero, habilitado para nos voltar a mostrar o bem que sabe a autenticidade. Em Good Boys, com o selo de qualidade da Lover & Lollypops, apresentam um álbum genuíno e que certamente ainda será relembrado daqui a uma década. Stone Dead mostram-se, assim, como uma proposta repleta de pertinência para quem procura um outrora-em-extinção Rock sem Merdas.

 

Se o Super Bock Super Rock é um festival capaz de agradar aos mais díspares paladares, é ainda notória a habilidade em conciliar renomados nomes  com artistas emergentes. Esperam-se três dias de Rock, Hip-Hop e amiúdes (re)descobertas. Ao que se acrescenta um espaço agradável e de distinta localização. Como vem sendo habitual, a MDX lá estará para descrever, fotografar e para nos recordar – independentemente das coordenadas, temperatura ou bandas – do quão empolgante será sempre este festival.

Toda a informação de que precisas saber sobre a edição de 2017 do Super Bock Super está em festivais > super-bock-super-rock 2017 . O Música em DX esteve presente na edição de 2016, reportagem que pode recordar aqui.

+info em http://www.superbocksuperrock.pt/pt/pt/

Texto – Tiago Pinho
Fotografia (capa) – Nuno Cruz (Super Bock Super Rock 2016)
Promotor – Música no Coração