Opinião Reviews

Electric Moon, o som da poeira cósmica à qual todos pertencemos

O  novo álbum do trio alemão Electric Moon já viu a luz do dia há algum tempo. Na verdade não foi assim há tanto tempo como isso. Mas a velocidade a que a informação nos chega actualmente faz com que na realidade pareça que ao se falar de um disco que saiu há cerca de 4 meses, se esteja a falar fora de tempo do mesmo. No entanto isso é muito pouco importante no caso dos Electric Moon e especificamente no caso deste registo. Stardust Rituals é um disco fora do próprio tempo por isso este parênteses era desnecessário, mas achámos que deveríamos de corrigir o nosso próprio preconceito em relação a estas coisas dos timings…

Desta vez, como das outras vezes, podemos falar de um álbum complexo mas aqui podemos vê-lo também como algo mais completo que o agrupamento de algumas músicas que compõe um álbum.  Os Electric Moon contam-nos na sua página que este é o seu quinto álbum de estúdio no entanto basta entrar na pagina de bandcamp da banda para perceber que a matemática do trio alemão, tal como a sua música são um mundo à parte.

Sobre Stardust Rituals creio que os Electric Moon alcançaram um novo nível de consciência na sua música ( novamente ) e produziram uma magnifica reflexão sobre o caminho que talharam noutros registos.

The Loop com o seu inicio melancólico incorporando a voz de Komet Lulu que a  pouco e pouco se funde com os sons da guitarra e dos sintetizadores para no final quase apoteótico da primeira faixa já reconhecermos muito mais os Electric Moon e os seus devaneios cósmicos.

Em Stardust Ritual, faixa que dá nome ao álbum e que segundo Sula Bassana já existe desde 2014 (podem ouvir no bandcamp da banda umas das primeiras versão desta espantosa faixa de 11 minutos) onde nos trazem uma sonoridade mais redonda e suja, mais perto do que nos habituámos a receber dos Electric Moon, mas agora com a voz de nómada feiticeira de Lulu que nos remete à poeira cósmica da qual todos fazemos parte. Desse ponto no desconhecido cosmos levam-nos à boleia de Astral Hitch Hike onde a cítara inicial e os sintetizadores nos conduzem realmente à essência mais leve e requintada do trio alemão, com a suavidade da bateria a marcar um ritmo quase fora de tempo, existindo apenas o suficiente para nos manter deste lado da consciência, para que o trio possa temperar toda a música o suficiente para nos preparar para a última faixa (You Will) Live Forever Now. É realmente o som da eternidade que os Electric Moon nos oferecem, uma sonoridade que nos faz sentir senhores do universo mas ao mesmo tempo nos remete para a  nossa finitude.

Um disco a não perder e para os que não aprofundaram ainda, uma banda a não perder de vista.

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Texto – Isabel Maria
Fotografia – Vera Marmelo (Capa)