Opinião Reviews

The Black Zebra, NonSquare ou a geometria do Post Rock português

Quem nunca os viu ou ouviu não adivinha que se tratam de dois rapazes com cerca de 20 anos, mas são. Dois irmãos que abraçaram um projecto ao qual se dedicam desde há alguns anos. O trabalho dos irmãos Hugo e Nuno Machado que surge na sequência do Ep de estreia em 2015 “Worst Shit Demo” é uma continuidade, nada forçada, na verdade até bastante natural e não se percepciona apenas música a música, mas como um conjunto integrado de melodias com forças diferentes mas complementares dentro do próprio álbum.

Callisto e Bestenido respectivamente como epílogo e prólogo e simultaneamente elo de ligação entre os dois trabalhos, precedem Pandora e Destemido dominadas por uma bateria criativa e uma guitarra que enche qualquer sala, para contar uma história através das sensações que despertam. Reawaken e Children, o primeiro single, assim como Wind 1000 num modo mais introspectivo, em oposição a Cassiopeia, Color Cast e Fatum, apoiados em riffs mais musculados e preenchidos.“Wasted Youth” e “R.T” encerram este primeiro álbum dos The Black Zebra como um “até breve!”, e bom prenúncio de audições ao vivo durante os próximos meses.

Neste momento em que falamos dos Black Zebra, falamos de dois rapazes no fim da adolescência a compor um trabalho com essa mesma medida, a do fim de um ciclo complexo e o inicio de outro, que se afigura ainda mais complexo, mas sem qualquer receio de o abraçar para o poder transformar na medida das suas vontades. Por vezes temos álbuns que são conjuntos boas de músicas escolhidas para aí figurarem, mas em “NonSquare” a sequência das próprias músicas sugere um álbum composto de um só fôlego para ouvir do mesmo modo.

É um trabalho cheio de sonhos e medos, mas sobretudo de esperança, vontade e muita garra. Uma vontade que nos enche o peito de ânimo e vontade abraçar o mundo em busca do que procuramos.

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Texto – Isabel Maria