Backstage

TOY, O tiro certeiro – Entrevista com Maxim e Charlie

Em tarde de calor e expectativas altas fomos ter com os TOY ao Sabotage Rock Club. Um nervosinho miudinho crescia faminto e a curiosidade elevava-se à medida que íamos caminhando para a Rua de São Paulo.

Com chegada na véspera e tempo para um passeio por Lisboa, encontrei os cinco rapazes descontraídos e com um leve sorriso que esboçava tanto de satisfação como traquinice.

Antes do soundcheck, estive à conversa com Maxim Barron (o baixista irreverente) e com Charlie Salvidge (o baterista frenético) sobre a banda, o último álbum e a noite que se avizinhava.

20170307 - Entrevista - Toy (UK) @ Sabotage Club

Música em DX (MDX) – Os três álbuns que têm são muito diferentes entre eles. Como é estar sempre na fronteira entre estilos?

Maxim – Esta mudança é uma progressão natural. Acho que misturamos a música e tocamo-la da maneira que a sentimos dentro de nós. O facto de gostarmos de vários estilos de música diferentes e coisas diferentes faz com que cada música que fazemos e gravamos seja o reflexo de nós próprios a tentar encontrar sons e tonalidades.

Charlie – Nos ensaios apostamos sempre na junção de vários estilos numa só música.

Maxim – Tudo é possível. Assumimos a diferença entre álbuns e sim, penso que seja bom estar nesta posição. É o que nós fazemos.

MDX – E cresceram enquanto pessoa e banda…

Maxim – Sim, acho que crescemos juntos.

Charlie – Conhecemo-nos há muito tempo e crescemos e desenvolvemo-nos juntos. Ouvir a música de cada um sabe bem e traz-nos conhecimento e mais habilidades.

MDX – É confortável estar na posição onde se encontram?

Maxim – Andamos a fazer isto à nossa maneira desde o princípio e sacrificamo-nos. Não fazemos nada diferente do que fazíamos antes e continuamos a progredir. Estar em tour, tocar, estar com pessoas de quem gostamos, fazer o que fazemos é muito confortável para nós.

20170307 - Entrevista - Toy (UK) @ Sabotage Club

MDX – Conseguem definir a vossa música?

Charlie – Não é fácil definir a música de qualquer banda, normalmente dizemos que é “awkward”.

Maxim – Há imensos géneros musicais envolvidos. É algo que vem do nosso espírito. É uma espécie de sentimento que nos define enquanto colectivo e cada álbum traduz o caminho que nós seguimos nas nossas vidas. É difícil de definir, mas é algo como um caos natural.

MDX – Como estão a ser as reacções ao álbum?

Charlie – Acho que têm sido muito positivas. Parece que as pessoas ouvem, percebem e envolvem-se nele nas mais variadas formas menos prováveis ou imediatas. E as pessoas continuam a ouvir, a gostar e a interessar-se.

Maxim – Muitos dos nossos álbuns preferidos foram assim. As reacções têm sido boas. Acho que as pessoas realmente gostam do álbum e nós também. Este álbum não será a música do futuro mas é o certo.

MDX – Foi um Clear Shot então?

Maxim – Exactamente!

Charlie – Escolhemos esse nome de uma das nossas músicas e parece encaixar-se perfeitamente. É como renascermos depois do que passamos enquanto banda.

Maxim – Durante algum par de anos tentámos levantar-nos e foi muito difícil. Alejandra saiu e foi difícil o recomeço. Então, conseguimos finalmente fazer este álbum e o nome é perfeito! É como que deixarmos tudo para trás e seguir em frente.

MDX – Alejandra foi uma grande perda?

Maxim – Sim, claro. Ela continua a ser uma grande amiga nossa. É formidável. Não queria mais fazer parte da banda e temos de respeitar. Depois apareceu o Max que é igualmente bom.

MDX – Em que é que continuam a acreditar (“I’m Still Believing”)?

Maxim – Em nós próprios e na magia. Acreditamos no que fazemos.

Charlie – Não faríamos isto se não acreditássemos que o que fazemos é pela música e para a música. Não fazemos isto como um jogo ou algo mais, não ganhamos dinheiro com isto. Adoramos andar na estrada, estamos a passar um bom bocado com os amigos e a saborear fazer música juntos e é tudo o que gostamos de fazer. Estamos muito felizes.

MDX – Estão contentes por voltar a Portugal?

Charlie – Sim! Desde que chegámos ontem que me sinto muito feliz. Tem muito boas energias, toda a gente é amável e amigável e gostam de nós mesmo que pareçamos um pouco loucos e esquisitos. É muito bom.

Maxim – Sempre que vimos aqui as pessoas recebem-nos muito bem. Vocês são muito simpáticos e achamos que, embora poucas pessoas conheçam a nossa música, há muitas pessoas que vêm ver-nos e isso sabe muito bem.

MDX – Este concerto está esgotado. O que podemos esperar desta noite?  

Maxim – As pessoas podem divertir-se muito hoje. O Tom vai passar discos depois do concerto e nós vamos tocar músicas dos 3 álbuns, embora toquemos mais do Clear Shot porque adoramos tocá-lo; vamos tocar, também, músicas que já não tocamos há muito tempo. Vamos aproveitar e divertir-nos ao máximo até chegarmos amanhã ao Porto.

MDX – Querem dizer alguma coisa aos nossos leitores?

Maxim – Sim! Obrigada por ouvir e por ler. Continuem a ler!

Charlie – Adoramo-vos e regressaremos em breve.

Esperemos que o regresso seja mais rápido que a última espera. O concerto foi realmente delicioso e coberto por um enorme prazer auditivo (https://www.musicaemdx.pt/2017/03/12/toy-eloquencia-magica-prazer/). Obrigada aos TOY pelos momentos antes, durante e depois do concerto. Obrigada, também, ao Sabotage por fazerem parte desses momentos.

 

Entrevista – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa