Opinião Reviews

Pussywhips e a velocidade do rock faminto

Há 1000 maneiras de morrer e 1000 maneiras de fazer rock. Se pudesse escolher, o meu desejo recairia numa morte a ouvir música e se pudesse escolher um tipo de rock, para além do rock’n’roll, escolheria aquele rock cru e áspero vindo do recanto mais empoeirado duma garagem qualquer. Falo do rock dos Pussywhips e do seu EP de estreia lançado em 2016.

Os Pussywhips vêm de Coimbra e são o Tiago, a Sofia e o Pedro. Trazem garra, rock e a fúria de quem tem tudo para dar. A conquista não foi difícil. À medida que saboreamos o EP descobrimos uma conexão imediata com a sua música. Esta, por sinal, carrega consigo uma chama que vai aumentando de tamanho à medida que os nossos ouvidos percorrem o EP.

São 5 as faixas que compõem este primeiro trabalho, Homónimo, e nelas encontramos a delicadeza bruta de quem tem uma garagem muito bem frequentada. Trata-se de uma construção musical com um ritmo frenético e atrevido. Os riffs que ouvimos consomem-nos e envolvem-nos em atmosferas fumacentas e cheias de correntes e cabelos em crista. A voz distorcida e selvagem cria um ritmo próprio e empolgante sugando-nos o ar de minuto a minuto. Há zonas pelas quais passamos onde o coração acelera e milhares de sensações e luzes sobem à cabeça tornando a inércia corporal algo distante e ambíguo.

Começando pela “Solitary”, ofegante e electrizante desde a primeira nota até ao arranque final onde temos a sensação de que uma trovoada de rock nos vai cair em cima, passando pelo salto directo para dentro de uma máquina de flippers que “Drive Thru Riding Man” nos faz dar e terminando com ritmo mais estável de “1000 Ways To Die”, “Fifty Days (To Summer)” e “Lame Society” que nos empurram para fora da máquina mas nos mantém nas salas de jogos dos anos 80, acompanhados pela atitude punk-rock de revolta e de despreocupação com tudo e todos.

Um EP poderoso, delicioso e explosivo que já conseguiu conquistar a crítica fora e dentro de Portugal.

Os Pussywhips não vão chicotear ninguém e a única dor que nos podem trazer é aquela que vem da ansiedade de querermos ver um concerto deles o mais rápido possível. O trio conimbricense vai estar no próximo dia 21 de Janeiro no Fora do Rebanho, em Viseu; no dia 27 no CCOB, em Barcelos e no dia 28 no Espaço A, em Freamunde. Quem estiver por perto que aproveite!

Podem ouvir o EP aqui: https://pussywhips.bandcamp.com/

Texto – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – Joana Mairos