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Sofar Sounds, uma bandeja de talento

Com a chegada do mês de Outubro, chegou também a primeira edição mensal do Sofar Sounds. O local escolhido para esta edição foi o hotel Lost Lisbon :: Cais House, e, como sempre, os artistas convidados foram uma surpresa até ao momento da actuação.

Para quem não está familiarizado com este evento, é necessário que se saiba como é organizado. O Sofar Sounds, que já existia pelo mundo fora, chegou a Lisboa em 2014, organizando concertos onde lhes fosse possível, residências nunca estiveram fora de questão. A entrada nestes eventos é gratuita, embora seja requirida uma inscrição prévia, e os artistas são apenas conhecidos no local.

A primeira artista dessa bela tarde, foi a irlandesa Sarah Packiam, acabada de chegar a Lisboa, e com uma tosse que moldou a sua actuação por completo. Num espaço intimista e rodeado de gente, e nunca sem whisky, fomos levados numa tour pelos seus primeiros três álbuns. Após já ter estado no Sofar Sounds de Miami e do Equador, o enorme à vontade na actuação foi tangível. Começou-se com Big World, mas devido à sucessão de temas como I Loved You First, Miss You, e uma cover do Creep de Radiohead, o ambiente foi ficando progressivamente melancólico. Para terminar a sua parte da tarde, deixou-nos a aplaudir com Messed Up, chegando ao fim sem voz.

A actuação seguinte esteve a cargo dos Um Corpo Estranho, uma banda de Setúbal que há dois anos já tinha participado num Sofar Sounds. O regresso a mais uma edição justifica-se com o novo álbum, “Pulso”. Alternando entre temas do primeiro álbum e de “Pulso”, o que sempre se destacou foi a bateria. Vale também a pena realçar o grande valor do vocalista, que tantas vezes variou o tom da sua voz, consoante a música. Em temas como A Seiva e Valquíria, o tema mais relevante foi sem dúvida Adamastor, uma homenagem a Boucage na celebração dos seus 250 anos, através da interpretação do poema “Adamastor Cruel! De Teus Furores”.

A terceira e última actuação, após um breve intervalo, pertenceu a uma banda libanesa, os Postcards. Com dois EP’s para exibir, “Lakehouse” e “What Lies So Still”, a banda que anda em tour, terminou no Sofar Sounds os palcos portugueses, seguindo para os palcos de Itália. Assim, no seu registo folk, com o som de um ukulele e harmónica, encantaram a audiência. Não há outra maneira para descrever, seja pelos acordes e entoações presentes em Walls, pela letra introspectiva de Black and White, ou pela felicidade em Oh The Places We Will Go, que deixaram todos a cantar o refrão, os Postcards são agora um marco na memória daquela audiência.

Com o terminar das actuações, e coincidentemente o terminar do dia e começar da noite, acabou esta edição do Sofar Sounds. A dia 23 haverá mais!

Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Nuno Cruz