Concertos Reportagens

Yann Tiersen, Estivemos em casa

Foi um sábado cheio de acção no Coliseu dos Recreios. Isto tudo porque Yann Tiersen decidiu dar sessão dupla aos fãs portugueses, que já tinha esgotado a sessão das 22h. Tudo por culpa do EUSA, novo álbum que o francês ofereceu ao público.

Já se passaram mais de 15 anos, desde que o Amelie saiu. Yann Tiersen, já admitiu que já não se revê no filme, contudo ainda é muito conhecido pela obra prima que concebeu, e muito provavelmente continuará até morrer. Ainda assim, é em tudo o resto que seguimos viagem com ele.

Eusa é um singelo e ao mesmo tempo bonito tributo à terra onde vive, na Bretanha, mas também a uma parte dele. Por isso é que cada faixa composta é o nome de uma região local. De poucas palavras, são os dedos que falam com as pessoas, e o piano que ecoa as suas palavras, em tons de colcheias, semicolcheias e afins.

20161008 - Concerto - Yann Tiersen @ Coliseu dos Recreios

Ecoando o Hent, o Pern ou o Porz Goret, surgem todas as emoções e memórias, até nas nossas mentes, mesmo que não estivessemos lá. Seja como for, é no fim delas aparecem as palmas, os gritos e assobios de louvor. É no fim delas que surge um tímido “thank you”.

Pelo palco ficam espalhados vários instrumentos. Estes surgem mais numa segunda parte do concerto que acontece muito subtilmente, sem que nós notamos. A multiplicidade de talentos visíveis ao violino, mas ao mesmo tempo uma subtileza com que fica de joelhos dois pianos de brincar, dominando-os eximiamente com uma mão em cada, ou então quando pega numa melódica, para tocar a reconhecida Dispute.

É uma viagem pelo novo trabalho, mas também pelo antigo, explorando até temas como a “La Valse des Monstres”. Foi um concerto de muitas sensações, já que o tom intimista, proporcionava momentos mais calmos mas também mais melancólicos. Uma das maravilhas da música é cada ouvinte poder fazer a sua própria interpretação ao que ouve.

Ainda houve espaço para dois destinos extra, ou seja, dois encores. Curtos mas modestos, serviram para nos despedirmos dele de pé, logicamente. Boa viagem, Yann. Vai, mas regressa.

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – Everything is New