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Reverence Valada’16, que o underground veja a luz do dia!

Há um parque de merendas no distrito de Santarém que de há 3 anos para cá tem vindo a receber atmosferas de boa música e bom ambiente, esse parque fica na freguesia de Valada do Ribatejo, no Cartaxo, e serve de palco durante 3 dias ao Festival Reverence Valada.

Muitos já o consideram um dos melhores festivais do país, a sua aposta no stoner, psicadélico e underground prima pela diferença e traz-nos tudo de melhor existente nestes meios. Este ano o festival realiza-se nos dias 8, 9 e 10 de Setembro e tem um palco específico para bandas portuguesas com curadoria do Nuno Calado – Palco Indiegente.

Como não podia deixar de ser, o Música em DX, vai estar novamente presente e deixa-vos as suas escolhas e preferências. Embora o cartaz esteja bastante completo e a vontade de ver tudo de fio a pavio seja grande, na impossibilidade de o fazermos, deixamos os nomes que, na nossa opinião, não se podem mesmo perder!

No dia 8 só vão existir concertos num palco, o Palco Rio, começando as 17h e terminando às 02h00. Este primeiro dia contará com duas exportações gálicas. Os JC Satan, colectivo de nome e imagem provocadoras, dono de um rock psicadélico gerado nas mais sabujas garagens de Bordéus e encabeçado por vozes dos dois sexos. O seu já extenso catálogo de lançamentos denota uma certa inquietude criativa, tendo material ora mais próximo do punk, ora do noise, ora até mesmo da pop. Vêm para Valada tocar o que lhes dê na real gana e essa incerteza apenas pode servir para abrir o apetite para estes tresloucados franciús.

Já dos Blaak Heat sabemos mais ou menos o que esperar. Os parisienses radicados em Los Angeles trazem Shifting Mirrors, tomo de heavy psych não só inspirado pelos ares desérticos da California como também por exóticas paisagens arábicas de outras longitudes e por bandas sonoras de filmes de cowboys. Estes mundividentes nómadas do Fuzz farão um périplo por terras lusas, passando por Vila Real, Porto e Leiria, até chegar a esse tão desejado oásis que é Valada. Recebamo-los condignamente.

Os Riding Pânico tocam às 00h00 no palco Rio. Embora tenham vindo substituir os Chain and The Gang, este supergrupo não vai fazer por menos. Conhecidos pela capacidade de fazer elevar os instrumentos sem a utilização de voz, o post-rock que tocam tem a força e a vontade de espalhar o pânico. Não o pânico que advém do medo, mas aquele pânico que sentimos quando não sabemos o que fazer com algo. No caso, com a música que nos dão. Uma experiência sonora que vai ser bem acolhida e aplaudida.

Logo de seguida, para terminar a noite com ansias incontroláveis e sedes devastadoras, tocam os Thee Oh Sees. Depois de um dos álbuns do ano – A Weird Exits – e de um dos concertos mais intensos e surpreendentes no Vodafone Paredes de Coura, regressam menos de um mês depois para dar a conhecer a sua fúria e poder a quem ainda não conheceu. Os californianos têm poder em todos os sentidos, no sentido instrumental, vocal e viciante. Assistir a um concerto deles é como provar um componente gerador de vício. Entra, enraíza-se e já não sai. Não haveria melhor maneira de encerrar este primeiro dia de festival, nem de irmos para a cama a estremecer de prazer.

Em relação ao dia 9, resta-nos dizer que: não serão certamente a mais pesada ou intensa banda deste cartaz, mas apostamos como serão uma das mais transgressivas por larga margem. Trazendo um post-punk oscilante entre uma calmaria doentia e uma celebração demente, os Fat White Family, bando de ingleses porcalhões, farão questão de derrubar quaisquer que sejam as nossas convenções de normalidade. Se tiverem dúvidas quanto aquilo que este quinteto insalubre trará para o Reverence, deem uma vista de olhos no videoclip de Touch the Leather e tirem as vossas próprias conclusões.

Ainda não estamos refeitos do cancelamento no ano passado, por isso a nossa atitude perante os Yawning Man é a de São Tomé, é ver para crer e apenas respiraremos de alívio quando o trio californiano finalmente subir ao palco. Veteranos anónimos da cena Desert Rock que pariu bandas como os Kyuss e os Fu Manchu numa orgástica mistura de estupefacientes, os Yawning Man estiveram mais preocupados em jammar durante anos a fio só pelo prazer da coisa do que em lançar música propriamente dita, sendo que foi apenas em 2005 que lançaram o seu primeiro álbum. Contudo, desde então o bichinho pegou e vêm a Portugal apresentar o seu terceiro LP, Historical Graffiti, naquela que se avizinha como uma das mais esperadas actuações do certame.

Síndrome de Estocolmo é a expressão que nos veio à cabeça quando soubemos que os A Place to Bury Strangers regressariam ao Reverence. A primeira vez foi um punitivo arraial de porrada sónica, daqueles para deixar uma pessoa exaurida, e esta segunda incursão não nos parece que vá ser diferente, ainda para mais porque a banda nova-iorquina não lançou material novo desde então. Vamos novamente ao castigo e vamos sofrer, é certo, mas também vamos gostar.

Evidentemente não podíamos deixar de mencionar aquele que é o mais antigo desejo de Nick Allport para o Reverence, como ele próprio nos confidenciou no ano passado. Prova de que o sonho comanda a vida, o bom do Nick conseguiu mesmo que os The Brian Jonestown Massacre finalmente viessem ao Reverence (a incarnação do ano passado promovida por Joel Gion e amigos naturalmente não conta). Shoegaze dos 90’s enamorado com Psych Rock dos 60’s é o que podemos contar deste bando de janados disfuncionais. Só esperamos que não andem todos à batatada em palco, mas sim que nos transportem às épocas douradas onde os seus corações moram.

Tragamos os sapatinhos de dança e finjamos que voltámos aos anos 50, é assim que os The Raveonettes esperam que curtamos do seu indie rock revivalista embutido de noise e melodias pop de tempos idos. O duo de Sune Rose Wagner e Sharin Foo é dinamarquês, mas a sua música evoca um sentimento bem americano. Maravilhas da globalização dirão alguns. Maravilha será ver o que nos trazem neste dia 9.

Neste último dia de encantamentos e viagens a organização encarregou-se de fazer uma programação com mais peso e a remeter à adolescência de muitos e infância de outros. Vamos presenciar bandas que marcaram muitos cultos, estilos e vidas e, se fecharmos os olhos, certamente que se vão reavivar memórias e rasgar sorrisos.

Os britânicos The Damned, com 40 anos de existência e uma curta pausa pelo meio, vêm pela primeira vez a Portugal para tocar no Palco Rio do Reverence Valada. Considerados uns dos fundadores do rock gótico, a sua música remete de imediato para tempos antigos e sabedorias construtivas. O seu estilo que tanto sou a gótico como a punk foi influência para muitas bandas e continua a fazer as delícias dos mais atentos e exigentes. Na mala, vão trazer 40 anos de carreira e uma sede gigante de a revelar aos portugueses.

O presente maior desta noite são os, também, britânicos The Sisters Of Mercy. O gótico, as roupas negras e os riffs de puro rock são a sua maior característica. Inactivos em estúdio desde 1990, não deixaram de dar concertos, tendo vindo a Portugal em 2009. Nesta noite, às 23h30, vai fazer-se história e muitos corações se vão elevar! Prevêem-se olhos humedecidos e muitos pêlos em pé juntamente com a possibilidade de embarcarmos ao mundo gótico de coros femininos e acordes densos. Será, certamente, o concerto da noite.

Numa onda algo mais pesada, no palco ao lado, tocam os With The Dead. O supergrupo que contém elementos de Napalm Death, Electric Wizard, Cathedral e Bolt Thrower nasceu em 2014 e vem inundar-nos os ouvidos e a mente de doom e stoner metal guiando-nos aos recantos mais escuros e receosos de nós próprios. Uma voz corpulenta e demolidora, acompanhada por riffs densos e catastróficos vai fazer abanar o palco e os nossos corpos também.

Por último nos nossos destaques mas não os últimos a tocar, temos Radar Men From The Moon. Com um álbum acabado de lançar em Junho – Subversive II: Splendor Of The Wicked –, o trio holandês tem muito para nos contar. O roteiro são várias viagens por mundos dispersos de stoner rock, noise, space e psicadélico numa alucinação intensa de descoberta e caminhos de versatilidade instrumental onde a voz não é usada e nem é necessária.

Partam nesta descoberta e descubram como terminar o verão com a melhor experiência sonora que poderiam sentir.

BILHETES:

Passe 3 dias:
80€ a partir de 1 de setembro

Quinta-Feira (dia 08.09.2016):
30€ desde 01.08.2016

Sexta-feira (dia 09.09.2016) e Sábado (10.09.2016):
45€ desde 01.08.2016

Crianças:
Passe 3 dias:
Crianças até 10 anos inclusive – gratuito
Crianças de 11 a 14 anos inclusive – 50% de desconto

Residentes de Valada:
Num acto de envolvimento entre o Festival e a comunidade local, o Reverence Valada oferece um desconto de 50% nos bilhetes de acesso a todos os residentes de Valada. Mais informação aqui.

Locais de Venda:

BOL – Bilheteira Online
ABEP – Agência de Bilhetes para Espectáculos Públicos, Lojas Fnac, Lojas Worten, El Corte Inglés, Lojas SportZone, Estações de Correio, entre outros mais detalhes em bilheteira online pontos de venda.

+info em http://www.reverencefestival.com/ | website música em dx

Texto – Eliana Berto e António Moura dos Santos