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Entrevista Les Crazy Coconuts, sapateado, cocos e diversão

Os Les Crazy Coconuts são de Leiria, são a Adriana Jaulino, o Gil Jerónimo e o Tiago Domingues e formaram-se em 2012. No entanto, só este ano se deram a conhecer mais e melhor a todo o Portugal e até Espanha. 2015 está a ser um grande ano para a banda: participaram em diversos concursos e lançaram o segundo single e o primeiro álbum (homónimo) no dia 23 de Outubro. Já com uma grande lista de festivais de verão por onde passaram, esta semana estarão em Lisboa, dia 10 no Musicbox Lisboa para lançamento do disco de estreia, e o Música em DX aproveitou a oportunidade para conversar com a banda para saber mais sobre eles e sobre este disco.

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Música em DX (MDX) – A ideia de formarem a banda surgiu em Paredes de Coura. Paredes foi uma Inspiração para vocês?

Tiago – Sem dúvida alguma.

Adriana – Foi tudo. Estar a ver aquelas bandas faz pensar que também queremos estar ali em cima. Foi um bocado assim. Eu sempre tive vontade de fazer um projecto qualquer relacionado com o sapateado, entretanto conheci o Tiago e ficámos amigos e já que ele tocava bateria decidimos experimentar uma banda com sapateado.

MDX – O que é que fazem para além disto?

Tiago – Eu sou agente funerário, negócio de família.

Adriana – Eu sou professora de dança.

Gil – Eu trabalho numa loja de produtos e equipamentos de limpeza, também negócio de família.

MDX – Porquê Les Crazy Coconuts?

Adriana – Isso foi mesmo pura estupidez. Ainda nem tínhamos feito o primeiro ensaio e foi o primeiro nome que me veio à cabeça. Vamo-nos chamar Les Crazy Coconuts e vamos ser mesmo fixes!

Tiago – Depois acabámos por achar piada ao nome.

Adriana – Sim! E depois era eu que não queria… Queria arranjar um nome melhor, mas depois nada soava tão bem como isto e ficou.

MDX – Como é que surgiu a ideia de introduzir o sapateado?

Adriana – Eu sempre dancei desde pequena e também sempre gostei muito de música mas nunca aprendi a tocar nada. Sapateado é ritmo e percussão e como era o que eu sabia fazer e queria mesmo ter uma banda fez-se essa combinação.

MDX – As danças és tu que as pensas, é aleatório, como é que conjugas a música com a dança?

Adriana – Aquilo é marcado, cada música tem a sua coreografia embora às vezes também possa brincar um bocadinho.

MDX – O objectivo era criar uma banda que não se colasse a estilos. Na realidade não cola, é algo novo e inovador. Mas notam-se algumas influências como Interpol, Black Keys. Onde se inspiram?

Adriana – Não temos uma influência fixa, mas é impossível não ficar influenciado quando ouvimos qualquer estilo de música. Nós também não somos esquisitos de ouvido nem nos regemos por nada de específico.

Gil – Passa um bocadinho por aquilo que nós ouvimos no dia-a-dia. Interpol, Black Keys, coisas electrónicas, Flume, Disclosure, temos uma música que foi um pouco inspirada em Kanye West.

Tiago – Basicamente é o que nos soa bem no ensaio e aproveitamos.

MDX – Apesar de não terem ganho o Concurso Nacional de Bandas da Antena 3, estiveram imparáveis e andaram a percorrer o país nalguns festivais. Que impacto teve o concurso?

Adriana – Nós marcamo-nos por termos o sapateado, então as pessoas que não conhecem a banda tentam sempre procurar e descobrir e tem sido muito bom a nível de divulgação. Nós começámos mais na zona de Leiria. Quando começámos a tocar ainda só tínhamos 2 músicas e precisávamos de mais reportório. Então fomos crescendo em Leiria e quando nos sentimos mais preparados para ir para fora decidimos ver no que dava e foi um bocado isso.

Gil – As coisas também foram acontecendo muito rápido em Leiria e foi havendo um ou outro concerto fora de Leiria e esses concertos tiveram algum impacto e depois também aproveitámos o facto de poder concorrer ao Termómetro, ao Concurso Nacional de Bandas da Antena 3 para chegar a mais pessoas. Acabou por ser mais esse o objectivo de concorrermos: a divulgação da banda.

MDX – O que significou para vocês o resultado desse concurso?

Adriana – Nós sabemos que ganhar é sempre muito subjectivo, depende muito do gosto de quem está a avaliar. Temos sempre esperança de podermos ganhar, mas no fundo nós nunca estamos à espera que aconteça para não sofrer. Logo no Termómetro o pessoal da organização também nos falou de um certo mito de que a banda que normalmente ganha nunca costuma ir muito longe, normalmente são sempre as outras, e acho que é o que está a acontecer.

Gil – Para o Concurso da Antena 3 fomos um bocadinho de pé atrás porque já era a terceira vez que nos estava a acontecer isso.

Adriana – Toda a gente dizia que íamos ganhar e depois não ganhávamos, ficávamos sempre em segundo.

MDX – Foi difícil a preparação do álbum?

Tiago – A preparação foi um bocadinho.

Gil – Nós já tínhamos as músicas, já tinham sido feitas há algum tempo. Tivemos a ajuda do nosso produtor, Paulo Pereira, que meteu alguns temperos. Também é bom porque éramos só nós que estávamos a ouvir a música e nunca percebemos como estava a soar para fora e ele acabou por pôr ali aquela magia toda na mistura e dar algumas ideias sobre o que era melhor ficar ou sair e pronto… Foi um desafio.

Adriana – Foi um desafio principalmente para o Paulo, uma vez que a introdução do sapateado em estúdio é totalmente diferente de em concerto.

Gil – Como é que em disco íamos fazer chegar o sapateado que ao vivo é uma coisa que se destaca e mas no álbum se se destacar vai ser estranho? Parece que é uma pessoa que está a bater à porta e acaba por ser um bocado essa a distinção que nós fizemos: ok há uma coisa ao vivo e há uma coisa no álbum, vamos aqui separar as águas, não há problema nenhum. Ao vivo vamos dar destaque à Adriana e no álbum vamos dar mais destaque à canção, à melodia.

MDX – O que estão a preparar para o concerto de lançamento do álbum dia 10 de Dezembro?

Gil – Para já não estamos a preparar nada porque tem sido uma coisa muito a correr, mas quem sabe se não vamos ter uma participação especial ou um concerto com uma dinâmica diferente. Mas vai ser em grande.

Adriana – Nós tentamos sempre inovar de concerto para concerto. Eles vão com saias de ráfia e uns cocos, isto é uma aposta desde o início que estou desejosa que se concretize!

MDX – O que esperam do público?

Gil – Era o que a Adriana estava a dizer à pouco, às vezes nem vale a pena estar com muitas expectativas a dizer que vai correr muito bem e que vamos vender milhões de CD’s. É um passo de cada vez, ver como tudo vai acontecer…

Adriana – São gostos! A opinião de cada um é muito pessoal. É claro que esperamos sempre o melhor, mas ninguém manda em ninguém, por isso…

MDX – Mas as pessoas têm estado a aderir…

Adriana – Sim, nós não nos podemos queixar de nada! O público tem-nos acarinhado bastante.

MDX – Qual é o vosso sonho enquanto banda?

Adriana – O sonho de qualquer um, virmos a ser reconhecidos mundialmente, isso era o céu. Mas, com os pés na terra, se conseguíssemos ser um marco na música em Portugal era mesmo bom. Eu sei que não sou a primeira a fazer sapateado numa banda, mas também sei que sou a primeira numa banda de pop – rock electrónico a fazer isto. Se falarem de nós daqui a uns anos, fico muito feliz.

MDX – Onde se vêm daqui a 10 anos?

Adriana – Aqui, neste sítio, a dar mais uma entrevista.

Gil – Com o terceiro ou quarto álbum.

Esperemos que sim! Que a originalidade e inovação vos leve sempre a bom porto.

Os Les Crazy Coconuts tocam na próxima 5ªfeira dia 10 de Dezembro no Musicbox Lisboa, e vão ter a companhia dos Bússola, conterrâneos, e que também apresentam o seu primeiro EP (evento facebook).

Mais informação sobre a banda
Facebook – https://www.facebook.com/lescrazycoconuts/?fref=ts
Website oficial – http://www.lescrazycoconuts.com/

Entrevista – Eliana Berto
Fotografia – Ricardo Graça (Les Crazy Coconuts)