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GUN, uma noite de rock revival

Os GUN voltaram à cidade num espaço que para eles já se tornou familiar – o Paradise Garage. Muito bem acompanhados, com os portugueses INSCH, os escoceses GUN abriram este verão de S. Martinho na passada 6ª feira dia 6 de Novembro.

Pouco passava das 21h00 quando subiu ao palco o trio da Ericeira, os INSCH, com a guitarra e voz do Tiago, o baixo do Manel e a bateria do Miguel. Depois de uma semana em estúdio, a gravarem o seu 1º álbum, os “moços do Oeste” entregaram-se sem preconceitos (como sempre) ao som grunge surpreendendo o público que esperava pelos GUN. Depois de “Springs concrete”, Tiago faz a apresentação da banda e agradece aos presentes por terem chegado mais cedo. A introspecção do baixo segue a marcação da bateria, e ambos abrem o caminho aos acordes intensos da guitarra. Por debaixo do capuz cinzento, num gingar de ritmos de Seatle, Tiago comunga com a guitarra e posiciona a sua voz na cumplicidade dos graves. A finalizar a sua actuação, o tema mais ritmado e que deu origem ao videoclipe, “Bring me Back” pôs a sala, já bastante composta, a dançar e a acompanhar o refrão. Apesar de aparentarem um cansaço físico, a adrenalina de antecederem os seniores do hard rock foi o bastante para darem um bom concerto.

Numa estrutura etária homogénea os “entas” trocam as t-shirts, dando continuidade a uma tela negra com letras brancas que se avista no palco – “GUN”. Numa espécie de soundcheck testam as guitarras e os micros, pois a acústica e a qualidade de som deste espaço deixam muito a desejar. Tudo estava a postos para duas horas de rock revival! Rasgões subtis nos joelhos dos jeans e uma diversidade de t-shirts a fazerem lembrar uma banda de retalhos, onde os Ramones coabitam harmoniosamente com o Bob Marley e ainda bem. A banda dos irmãos Guizzi (Dante Guizzi ex-baixista e actual vocalista) e Giuliano Gizzi (guitarrista e único sobrevivente da composição inicial) começa com temas novos do mais recente álbum (Março 2015) “Frantic”, que nitidamente se registam mais num pop-rock de clubbing. Na generalidade, o público não se manifestou com grande entusiamo a estes temas, contrariamente ao que aconteceu quando intercalavam com as grandes malhas como, “Word up” e o mítico “Steel your fire” (projectando-nos de imediato para o “2001” no Estoril!) Foi nesta altura que o concerto começou! Entre o agradecimento dos aplausos, Dante ia dizendo o quanto gostam de Lisboa e como estavam felizes por estarem de volta (em 1998 tocaram uma única vez e foi em Lisboa, no Paradise Garage). Giuliano puxava pelo público através dos grandes acordes de guitarra e os braços no ar, a pedir a nossa entrega.

No encore, a continuação das grandes malhas do rock com o regresso aos dois primeiros álbuns, “Taking On the world” (1989) e de “Gallus” (1992) aqueceram a sala, bem como o regresso da cerveja no balcão! “Inside out”, com o público a cantar a bons pulmões, numa repentina passagem por “So Lonely” dos The Police! Um dos poucos momentos de união da banda, foi precisamente durante o encore em que todos os músicos rodeiam o baterista (Paul McManus) e tocam com um entusiasmo contagiante. “Welcome to the real world” pôs os “entas” aos pulos e “Shame” arrastou-se o tempo suficiente para todos ficarmos satisfeitos!

Mesmo com as constantes entradas e saídas de músicos, com as mudanças do baixo para a voz, e dos comentários pouco favoráveis da crítica, os GUN ainda deixam satisfeitos o grupo considerável de fãs que mantêm em Portugal.

Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – Prime Artists