Backstage

Keep Razors Sharp, o deserto e a leoa

No dia em que os Keep Razors Sharp passaram pelo Sabotage Rock Club para uma festa londrina da Beefeater o Música em DX aproveitou para falar com eles sobre o lançamento a 11 de Setembro do novo single e vídeo-clip – The Lioness – e sobre o futuro.

MDX – Porquê o lançamento deste single e do vídeo-clip quase um ano depois do lançamento do álbum?

Afonso – Sempre foi uma música que nós gostámos e ficou sempre um bocadinho naquela de “um dia temos de lançar isto como single”. Nós fomos filmar isto ainda antes do verão, em Abril, mas tínhamos lançado um single há relativamente pouco tempo, o “By The Sea” e no verão não faz muito sentido lançar singles porque está tudo noutra e então achámos que esta data fazia sentido.

Carlos BB (BB) – Também para juntar um pouco o útil ao agradável depois de ter surgido a hipótese de ser o Furtado e o Jorge a trabalharem connosco. São pessoas bastante ocupadas e aquele furinho foi o furinho que eles tiveram e que deu para fazermos as coisas acontecer. Foi a natureza… Ainda tínhamos um single que estava a conseguir sobreviver nas rádios e não quisémos meter um por cima do outro, achámos que aquele ainda estava bastante vivo. Além disso no verão também está tudo focado nos festivais.

MDX – Porquê Almeria?

Afonso – A minha ideia inicial era gravar em Marrocos, acontece que quando começámos a tratar disso, logisticamente era muito complexo e depois para teres acesso a sítios fixes tens de dar muito dinheiro e é um stress a nível de polícia. O Furtado já teve algumas experiências em Marrocos e falámos com algumas pessoas que fizeram produção lá e na prática ia ser bastante complexo, ia custar-nos mais dinheiro e não tínhamos garantias daquilo que podíamos fazer. Então o Furtado tinha este sítio “fetiche” onde ele gostava de filmar pelo historial todo ligado aos westerns e propôs-nos passar a narrativa para um deserto mais ao estilo do velho oeste e menos ao estilo do Sahara, que era mais a minha ideia: ter uma coisa mais deserto com camelos. Mas ele propôs-nos passar aquilo para lá e hoje em dia acho que é acertado. Acho que faz mais sentido, tendo em conta a estética da banda e a estética da própria canção, termos filmado aquilo mais à western do que à deserto tuareg.

MDX – Que mensagem querem transmitir com o clip?

BB – A mensagem que queremos passar é que depois do deserto e de voltarmos do deserto jamais seremos as mesmas pessoas.

Afonso – Em bom rigor devo aqui uma explicação e sei que o Furtado tem uma razão pela qual fez as coisas e é justo deixá-la clara. Ele tinha uma ideia em que basicamente a narrativa da filmagem seria algo que tivesse a ver com o facto de nós representarmos de certa forma o ser humano. O ser humano estar perdido e tentar procura-se na natureza e contra a natureza e o facto de haver uma certa resistência de parte a parte e isso culminar num encontro que, neste caso, é o nosso encontro e nós os quatro passarmos quase a ser como um só e isso preencher-nos. Na prática é um bocadinho uma metáfora para aquilo que é a busca normal do amor ou do que for, ou de te encontrares, ou a tua razão de ser… e essa era a ideia dele por trás do vídeo.

MDX – O Paulo Furtado é um companheiro de aventuras… Como é trabalhar com ele?

Afonso – É fantástico! Ele foi a pessoa mais dedicada e mais empenhada durante os 3 dias de rodagem do vídeo. Nós praticamente estávamos lá para nos divertirmos ao máximo e ele estava lá para se certificar que vínhamos de Espanha com um vídeo filmado e foi isso que aconteceu, ele esteve sempre muito focado. Ele é um bom amigo, é uma pessoa que já nos tem acompanhado em momentos diferentes na nossa vida pessoal e em tempos diferentes também. Todos temos uma relação com ele já com algum passado e eu já tinha trabalhado com ele em outras coisas, principalmente em música, mas nunca tinha embarcado com ele num projeto tão grande e, sinceramente, a dedicação e o profissionalismo dele que nós testemunhámos naquele processo tornam fácil de perceber e explicam muito bem como é que ele está no sítio onde está.

MDX – O concerto de hoje tem por base uma festa londrina. Já é uma antevisão do vosso concerto em Londres para o próximo mês?

Afonso – Acho que é ótimo fazerem este tipo de eventos. Ficámos extremamente satisfeitos por terem pensado em nós para tocar. Em relação a Londres vai ser a nossa primeira vez em Inglaterra e… vamos tentar que ninguém seja preso! Londres vai ser bom, de certeza.

BB – Em Inglaterra vai ser brutal. A resposta mais sincera que te posso dar é que nós nunca vamos ficar milionários nem ricos nem coisa que se pareça, então pelo menos o pouco dinheiro que fazemos com isto que sirva para de vez em quando irmos passeando e dando uns concertos. É uma oportunidade boa para estarmos juntos, para estarmos a tocar, a fazer aquilo que gostamos e pode ser que com isto apareça um acréscimo de trabalho, que esteja lá algum maluco que goste de nós e que aconteça. Ainda por cima é um concerto de beneficência para um youth center.

MDX – E como reagiram a esse convite?

Raimundo (Rai) – Foi altamente. Na altura fui eu que dei a entrevista para uma revista de lá depois enviaram-me um email a fazer o convite para lá irmos e ficámos muito felizes por surgir esse convite. Principalmente porque vão ser 4 bandas a tocar nessa noite e nós vamos fechar a noite e uma banda portuguesa a fechar um festival em Londres enquanto as restantes bandas são de lá é muito bom! Acho que é algo de bom, não só para os Razors mas para o resto da comunidade que gosta de rock e que nos segue.

MDX – Era essa a surpresa que falavam em Agosto, aquando da outra entrevista?

Rai – Não, a surpresa vai ser outra que ainda não está confirmada.

Afonso – Honestamente, o que está a acontecer agora é que não estamos com muito tempo. Há uma série de coisas a acontecer ao mesmo tempo, mas temos um projeto interessante para por a rolar e isso sim será uma verdadeira surpresa! Só vamos anunciá-la quando conseguirmos perceber que é viável porque às vezes queres fazer coisas e depois na pratica elas nem sempre são fazíveis e nós queremos fazer uma coisa que ainda não sabemos se vai ser fazível, portanto vamos aguardar mais um bocadinho e acho que antes do final do ano vamos perceber isso ainda.

BB – Está bem encaminhada, só temos de fazer acontecer. É uma surpresa negra.

Aguardaremos então a surpresa e mais novidades. Até lá, continuem a fazer o que melhor sabem, rock do bom!

Entrevista – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – Luis Sousa