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Cave Story, Na ruptura do rock

Na passada 6ª feira, em vésperas de Agosto, estivemos no Musibox Lisboa para acompanhar a actuação de Cave Story. Banda punk-rock e pós-punk de 1980, das Caldas da Rainha (terra fértil na música), em que a simplicidade dos arranjos remete-nos mesmo para o pós-punk britânico de 70’s e 80’s. Guitarra e voz (Gonçalo Formiga), sem nenhum rasgo “gregoriano” ou de conservatório, porque não tem que o ter, mas uma identidade e firmeza nas estórias que conta e na envolvência com a guitarra. Baixo (Pedro Zina) e a bateria (Ricardo Mendes), completam a banda, no verdadeiro sentido da palavra “banda”. Tocam os três, com os três, numa cumplicidade de arrepiar, o tema “Martin Stellar” foi disso exemplo quando a guitarra envolve o baixo num entrelaçar de cordas gritantes, quase como uma dor mútua de exorcismo.

“Southern Hype” leva o público a agitar ainda mais a cabeça, graças a algumas rádios de excelência que nos meteram em casa este tema, desde que saiu o EP (um par de meses atrás) “Spider Tracks”. A distorção da guitarra de Gonçalo Formiga continua, numa espécie de disciplina harmoniosa que obriga o corpo a mexer. Acabados de chegar do “Milhões de Festa”, tocam pela 2ª vez um novo tema (a 1ª foi em Barcelos) que teve um boa reacção do público que acompanhou com um gingar de ombros. “Hair” e “Fantasy Footbal”, fecham mais de uma hora de entrega dos músicos aos instrumentos e a eles próprios enquanto banda.

Os Cave Story foram, e são a prova de que o punk-rock pode ser reinventado com lealdade aos movimentos ritmados da bateria, e em simultâneo com “uma lufada de ar fresco” num baixo mais encorpado no cruzamento da distorção da guitarra. Venham dai mais músicas novas, que o pessoal agradece!

Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa