E Ámen. O primeiro dia da nona edição do NOS Alive trouxe lotação esgotada ao passeio marítimo de Algés, com a atracção principal a ficar a cargo dos Muse que trouxeram um espectáculo que arrebatou até os mais cépticos. Mas seria um dia parco se ficássemos só pelos britânicos. Alt-J, Young Fathers, Metronomy ou Django Django foram nomes que encheram as medidas do primeiro dia.

Galgo

O sol queima e é à sombra que se está bem, por isso, nada melhor do que deslocar ao Palco Heineken para ver os Galgo. A jogar em casa, porque são de Oeiras, começaram a dar os primeiros passos nos festivais apresentando o seu rock progressivo misturado com punk, um pouco a lembrar os Linda Martini ou os PAUS, numa fase inicial. O single “Torre de Babel”, inevitável comparação com a sonorização dos Foals, ficou no ouvido e registado como algo a ouvir outra vez em casa. Uma lufada de ar fresco que caiu bem para início do NOS Alive.


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The Wombats

Responsáveis por abrir o palco NOS nesta nona edição, foram um travo amargo, a desilusão. Não foram capazes de encher o olho, dado também o seu estilo não o permite. Os britânicos, que apresentaram o seu mais recente álbum, Glitterbug, lançado em Abril, mostraram-se mornos durante uma tarde que incentivava à festa, já que o palco já estava composto (verdade, estavam todos à espera dos Muse). Nem “Greek Tragedy” ou já perto do final “Let’s dance to Joy Division” foram capazes de puxar pelo público. Uma performance inofensiva que foi mais para “inglês ver”.


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James Bay

Num quase final de tarde, o singer song-writer britânico, James Bay, entra em palco (NOS) à hora certa. Traz mais 3 músicos consigo (teclas, bateria e guitarra eléctrica), e mais de 10 músicas do (único) álbum “Chaos and the Calm” e dos 3 EP´s. Temas a fazerem lembrar dias felizes e corações cheios de amor. Voz melódica num sorriso aberto tira os óculos escuros ao 2º tema, e fica maravilhado com o público, com o espaço e com Lisboa (foi a sua estreia em terras lusas). Com o público conquistado (ingleses à minha volta acompanham em uníssono), “If you even want be in love”, e “Need the sun to break”, fazem as delicias dos adolescentes apaixonados e levam à rouquidão as meninas embonecadas que ali marcaram a sua presença. Com um pôr-do-sol de cortar a respiração, “Hold back the river”, atinge o clímax do concerto e os sorrisos que temos na cara vão connosco, para Ben Harper!


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Young Fathers

Se houvesse uma possibilidade de entregas de prémios, Young Fathers tinham levado uma taça para casa. Três anos depois de terem actuado no Vodafone Mexefest (numa sala pequenina, no Hotel Florida), os britânicos cresceram e de que maneira. Já com um Mercury Prize e com um álbum explosivo “White Men Are Black Men Too” no bolso, varreram o palco Heineken com uma intensidade, transformando-o num local profano. Nada ficou de pé após 45 minutos de puro transe, a chegar um ponto em que o ruído era tão ensurdecedor que a única solução era dançar como não houvesse amanhã. O quarteto possuído também não esqueceu temas que os levaram para um patamar acima neste mundo de rap alternativo, electrónico, como o “The Queen Is Dead”. Que regressem, depressa.


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Ben Harper

Ben Harper and The Innocent Criminals sobem ao Palco NOS com a herança da magia feliz que James Bay deixou por ali. Eram 20h40m e os Innocent Criminals soltam os primeiros acordes de “Glory and Consequence”. Juntos desde 1997, os Innocent Criminals (Leon, Juan, Dean, Jason e Marc) são profissionais com muita experiência, prova disso são a sua confiança de palco (e aparência). Um dos concertos mais aguardados da noite (pelo menos para mim), e as expectativas prendiam-se com a memória de Vilar de Mouros 2001 (com “Live from Mars” em alta) e com um Ben Harper comunicativo e descontraído. Conhecido por um músico intervencionista, com preocupações ambientais e sociais, Ben Harper teve uma atitude pouco intervencionista com o público. Mais recatado e pouco expansivo, teve todas as condições para ter o público na mão, mas essa entrega não aconteceu e ficámos a meio de qualquer coisa que não se concretizou.

Capitão Fausto

Solução de recurso para substituir a Jessie Ware, que cancelou o concerto no próprio dia, por “razões de agenda”. A máquina até está bem oleada, com o afamado Pesar o Sol mas também a Gazela a representarem o rock psicadélico nacional, contudo já estão a pedir por material novo. Dois anos depois de terem actuado em Algés, regressaram com outra mentalidade, mais “laissez-passer”, a procurar mundos mais obscuros que nem nós percebemos. Maneiras Más ou Nunca Faço Nem Metade até podem ter servido para saltar nas primeiras filas, porque verdade seja dita, já estão no ouvido, mas não foram suficientes para esquecer a voz delicada de Jessie Ware ou para ficar até o final do concerto no palco Heineken.


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Metronomy

Se Young Fathers levou um troféu para casa, Metronomy merecia outro. Com o palco Heineken a rebentar pelas costuras, a fazer lembrar um metro japonês em hora de ponta, a banda britânica liderada por Joseph Mount regressou a Lisboa para apresentar o Love Letters, lançado ao ano passado. Love Letters e I’m Aquarius são dos temas que mais sobressaem deste álbum, que acaba por ser uma ruptura com o passado, mas o espírito de festa foi com os êxitos que os capultaram há cerca de 3 anos. Everything Goes My Way cantado pela belíssima Anna Prior mas também pelo público foi o tiro de partida para a pista de dança que se transformou o palco com os excelsos The Bay e The Look. Um espírito de comunhão entre banda e público que bem demonstra que as cartas de amor portuguesas são correspondidas.


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Alt-J

Um concerto que teve altos e baixos. À semelhança do que aconteceu ao ano passado com Interpol, que antecedeu os então esperados Arctic Monkeys, o público esteve a guardar-se e não se mostrou tão receptivo (era de extremos, ou estariam a sentir a música, ou então estavam a dormir em pé) a uma banda que tem mostrado um percurso em crescimento. Com This Is All Yours ainda fresquinho, foi com um início a despachar todos os êxitos anteriormente conhecidos que os Alt-J se apresentaram este ano em Algés. Com o Fitzpleasure, Something Good e a balada Matilda (que foi cantada, ainda que meio a murmurar) a abrir, deixaram a sensação que o melhor foi deixado para o início. Breezeblocks fechou a loja numa altura em que o relógio já apontava menos de uma hora para a chegada de Bellamy e companhia ao palco principal.


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Muse

O prato principal do Alive. O único dia que esgotou deveu-se em muito à vinda dos britânicos a Lisboa, para apresentar Drones, o único trabalho dos Muse. Se é verdade que andam sempre a procurar novas sonoridades e a quebrar barreiras, os mais saudosistas dirão que antes é que eles eram bons, com os álbuns Black Holes And Revelations e Absolution a surgirem como argumentos. Mas nem por isso deixou de ser um grande espectáculo.
Dotados de um enorme aparato cénico, Matthew Bellamy e companhia surgiram Psycho, transformando a legião de fãs em servidores do som. Se houve momentos que levaram à completa loucura, como Hysteria, Starlight ou Time Is Running Out, houve outros que revelaram que o público se transformou num “Coro Santo Alive de Oeiras”, como em Madness. Pelo meio, confetis e serpentinas e balões pretos voaram pelo palco, numa celebração do rock que terminou com o Knights of Cydonia (com um cheirinho a Ennio Morricone). Um final em cheio para um “gig” apoteótico.

Cavaliers of Fun

Enquanto os Alt-J tocavam no Palco NOS, os Cavaliers of Fun (vencedores da 2ª Edição do EDP Live Bands) ocupavam o Palco Heineken com os sons cósmicos de “Camp COF” (EP)! O projecto de Ricco Vitali (Ricardo Coelho dos Loto) trouxe outro registo à noite, onde a diversão foi o mote para uma hora de concerto. Com uma energia contagiante (as telas foram coladas ao suporte para não caírem segunda vez), Ricco Vitali e os restantes 3 músicos (guitarra, bateria e teclas) conseguiram transportar-nos para o Planeta Opus 19! Apesar de Alt-J ter segurado a maiora do público no Palco NOS, “Secret Galaxi”, “Vallery of Dreams” e “Anoorak, Pegase and Rac” puseram a assistência (e um grupo de fãns) a mexer as pernas e dar às ancas!


Galeria completa em https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-cavaliers-of-fun/

Django Django

O Palco Heineken continua num registo cósmico, e à 01h40m sobem ao palco o quarteto londrino Django Django. Com um álbum muito recente (Maio 2015) “Born Under Saturn”, e a crítica a seu favor praticamente desde a sua criação (ano 2009), estiveram com casa cheia. Tarefa difícil, a de tocar depois dos cabeça de cartaz e que por sinal deram um concertão. Mas os Django Django tiveram à altura e não desiludiram o público que os acolheu calorosamente, e partilharam ainda que “era muito bom estarem de volta à praia”! Com a imagem do álbum em rotação, intercalada com o eclipse do sol, “Shake and Tramble” (um toque muito discreto de The B-52’s), “First Light”, “Hail Bop” e mais um punhado de boas músicas mantiveram os fãs (muitos ingleses) com energia.


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Veja aqui as galerias de fotografia dos concertos:

DIA 9

– GALGO – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-galgo/
– LES CRAZY COCONUTS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-les-crazy-coconuts/
– SEÑORES- https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-senores/
– THE WOMBATS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-the-wombats/
– YOUNG FATHERS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-young-fathers/
– JAMES BAY – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-james-bay/
– METRONOMY – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-metronomy/
– ALT-J – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-alt-j/
– CAVALIERS OF FUN – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-cavaliers-of-fun/
– X-WIFE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-x-wife/
– DJANGO DJANGO – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-django-django/
– AMBIENTE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/14/nos-alive15-dia-9-ambiente/

DIA 10

– DANIEL KEMISH – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-daniel-kemish/
– BEAR’S DEN – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-bears-den/
– BLASTED MECHANISM – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-blasted-mechanism/
– COLD SPECKS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-cold-specks/
– MARMOZETS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-marmozets/
– BLEACHERS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-bleachers/
– SHEPPARD – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-sheppard/
– CAPICUA – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-capicua/
– KODALINE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-kodaline/
– LOS WAVES – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-los-waves/
– THE TING TINGS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-the-ting-tings/
– MUMFORD AND SONS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-tape-junk/
– FUTURE ISLANDS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-future-islands/
– THE PRODIGY – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-the-prodigy/
– JAMES BLAKE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-james-blake/
– MOULLINEX – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-moullinex/
– ROÍSÍN MURPHY – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-roisin-murphy/
– AMBIENTE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/16/nos-alive15-dia-10-ambiente/

DIA 11

– HMB – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-hmb/
– SLEAFORD MODS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-sleaford-mods/
– COUNTING CROWS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-counting-crows/
– DEAD COMBO – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-dead-combo/
– SAM SMITH – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-sam-smith/
– MOGWAI – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-mogwai/
– TRACY VANDAL – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-tracy-vandal/
– THE JESUS AND MARY CHAIN –https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-the-jesus-and-mary-chain/
– CHET FAKER – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-chet-faker/
– AZEALIA BANKS – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-azealia-banks/
– DISCLOSURE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-disclosure/
– AMBIENTE – https://www.musicaemdx.pt/2015/07/19/nos-alive15-dia-11-ambiente/

Texto – Carla Sancho e Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Luis Sousa | Hugo Macedo (Muse | Everything is New) | Arlindo Camacho (Ben Harper | Everything is New)